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Moradores de rua fora do anonimato

Por Camila Gino

Lançado em março de 2014, o projeto Kmuflados, voltado à criação de oportunidades e ao resgate da autoestima de moradores das ruas de Curitiba a partir da narração das histórias de suas vidas em documentários produzidos pelo grupo e divulgados na internet, entre outros canais,  já se prepara para lançar seu terceiro documentário. Será o primeiro do grupo sobre uma mulher, “Dona Chica”, de 64 anos. Idealizador do projeto, o administrador de empresas Eduardo França Xavier, de 26 anos, antecipa à TOP VIEW que este terceiro filme deve ser publicado até o final de fevereiro.

A ideia é que, ao dar publicidade à vida destes moradores de rua, tirando-os do anonimato, os habitantes da cidade se motivem a ajudá-los, com cursos, trabalho, abrigo, por exemplo, contribuindo para sua reintegração à sociedade. O projeto Kmuflados é tocado por Eduardo em seu tempo livre, junto com a namorada, a arquiteta Vanessa Guimarães de Miranda e um grupo de jovens da mesma faixa etária que a sua. São todos voluntários. Ele conta nesta entrevista mais sobre o projeto e como os resultados dessa reintegração já começam a aparecer.

Top View – Desde a criação do projeto, já foram quantos documentários?
Eduardo França- Desde março de 2014, quando lançamos o projeto, já fizemos dois documentários. No final do ano filmamos o terceiro.

TV – Quais os resultados do projeto até o momento?
EF – Um dos maiores benefícios do projeto é o aumento da autoestima dos moradores de rua atendidos. Eles se sentem valorizados e reconhecidos por meio dos vídeos. Além de buscarmos oportunidades para os moradores de rua atendidos pelo projeto, também sensibilizamos as pessoas que assistem aos vídeos. Muitos começam a querer ajudar no projeto ou mesmo a tomar uma atitude para fazer algo. Plantamos sementes e inspiramos as pessoas a ajudar.

TV – Por que o Kmuflados é voltado aos moradores de rua?
EF – No início de 2013 eu ia trabalhar de bicicleta no centro de Curitiba. No meu caminho, via muitos moradores de rua e ficava incomodado. Percebi que as pessoas os ignoravam, ou por medo ou para fugir da realidade. Também pensei que, se mais pessoas se unissem, seria possível ajudar a tirar vários deles da rua. Também pensei que cada pessoa que está ali tem uma história de vida que ninguém conhece. Geralmente, quando alguém ajuda é por meio da doação de refeições ou roupas. Porém, muitas vezes sem saber nada sobre a pessoa. Foi dessa união de fatores que veio a ideia do projeto. E pensei na divulgação através da internet pela facilidade com que se passa a informação.

TV – Como vem sendo a recepção por parte dos curitibanos?
EF – Vem sendo muito boa, muitos ficam surpresos com o projeto, entram em contato, com vontade de fazer algo para ajudar. Dizem também que mudaram sua percepção quanto aos moradores de rua e esse é um dos nossos grandes objetivos.

TV – Como vocês captam recursos?
EF – No momento os investimentos no projeto vêm de recursos próprios, feitos pela equipe do projeto. Pretendemos criar um projeto para financiamento coletivo a fim de investir no projeto.

TV – Quais são as próximas ações?
EF – Queremos aumentar o número de documentários por ano, criar o projeto de financiamento coletivo e começar parcerias com empresas e instituições para que possamos dar novas oportunidades aos moradores de rua atendidos pelo projeto.

Assista a outro depoimento, do morador de rua Ronaldo:

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