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Maratona Grease é montada em duas semanas

por Herivelto Oliveira

 

Montar um musical em menos de duas semanas parece prova de gincana, não é? Este é o desafio da maratona do Cena Hum, escola de teatro de Curitiba que completa 20 anos em 2015. A ideia começou no ano passado e reuniu alunos da escola para a montagem do musical Hair, que fez sucesso também como filme. A experiência deu tão certo que foi repetida neste ano, desta vez com uma turma formada por alunos, mas também por gente de fora da escola.

E assim se fez o grupo de 20 pessoas para cumprir a missão de, em menos de duas semanas, botar o musical Grease de pé: bailarinas, estudantes do ensino médio, universitários, alguns recém- formados das áreas mais diversas. A maioria se conheceu ali mesmo no teatro. Lalo W. Neto, por exemplo, funcionário de uma companhia aérea, nunca tinha pisado num palco antes.

Para fazer Grease acontecer, quatro profissionais se revezaram nas aulas: Rubens Rosa cuidou do canto; Hany Lissa  da preparação coreográfica;  Simone Hidalgo da direção de cena e George Sada da direção geral. George, que é o dono da escola, explica que a maratona acontece num momento em que os alunos estão de férias, e todos os espaços ficam disponíveis para a produção.

No primeiro dia cada integrante teve que cantar uma música. Valia de canção infantil a clássicos da Broadway. E surgiu o primeiro problema: quase ninguém cantava afinado, o que para um musical é quase uma sentença de morte. Rubens reuniu o grupo numa sala e com o teclado começou já no dia seguinte a fazer vocalizes, separação de vozes, exercícios. Foram quatro dias pra todo mundo aprender as canções, incluindo a dificílima We got together, que tem trava línguas do tipo: “rama lamma lamma ka dinga da dinga dong”.

Dias depois, texto na mão, cada um ficou sabendo o seu papel. Hora da leitura e de conhecer um pouco mais sobre os personagens, suas intenções, a interpretação de cada um.

A coreógrafa Hany se desdobrou para criar os movimentos com o grupo. Cada novo passo era comemorado por todos.

 

 

A Brodway ligou! E agora?
Nesse mundo de altas conexões cibernéticas, a história de que Grease iria ser encenado em Curitiba chegou à Broadway. Dois dias antes da estreia, um representante do detentor dos direitos do musical ligou para a escola. Imaginem o susto: “Achei que a gente ia ter que cancelar tudo”, conta George Sada. Depois de algumas horas de tensão e a explicação de que era um trabalho de escola, sem fins lucrativos, veio o OK dos americanos. Ufa!

Os alunos só ficaram sabendo disso quando a situação já tinha sido contornada, na hora em que começaram os ensaios gerais, já com os figurinos. E todos os furos apareceram de uma vez: música desafinada, texto esquecido, cena fora da luz, ator falando baixo, coreografia fora de sincronia.  Parecia que não ia dar certo. Nessas horas a conversa do diretor faz toda a diferença. George explica que é preciso buscar a cumplicidade do grupo. Cada um tem que perceber que faz parte do todo e só com o todo a cena acontece. E cada um tem que acreditar também muito em si próprio. Mas em momento algum o diretor fez críticas que pudessem abalar a confiança do elenco. Só brincava, soltando uma gargalhada: “O máximo que pode acontecer é ficar horrível”.

Não ficou. Na estreia faltaram cadeiras no teatro de 150 lugares. E no palco deu tudo certo. A história de Sandy e Danny, um romance que começa numa praia nas férias e termina na escola, vai sendo contada com música, dança, texto e muito alto astral. Boas piadas fazem a plateia se divertir e 40 minutos depois três beijos apaixonados encerram a apresentação.

Palmas para a Maratona Grease, que no dia seguinte teria mais uma apresentação e ainda uma sessão extra pra acomodar todos os interessados em ver a produção.

Para Marcos Gillio interpretar Danny, foi um desafio complicado: “Faço teatro no Cena Hum, mas a gente tem seis meses pra montar um espetáculo. A minha dificuldade, além de dançar,  foi conseguir dar destaque para o papel mesmo estando fora de cena. O Jorge me ajudou muito”.

Bia Marinho, a Sandy, é acostumada com palco, mas como bailarina da Companhia Jovem do Teatro Guaíra. Ela foi surpreendida com o papel e pra dar conta das músicas e das falas  mergulhou no musical: “Ficava até de madrugada treinando e acordava ouvindo as músicas e lendo o texto.”

E fica a promessa: ano que vem tem nova maratona em cena.

 

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