ESTILO

Nascidos na Era digital

A tecnologia é, sem dúvida, uma aliada. Mas, para crianças que já nasceram com o dedinho no touchscreen é preciso limites

Quando eu olho para trás e começo a relembrar o primeiro contato do meu filho com a tecnologia, deparo-me com uma realidade muito diferente da minha: ele “nasceu com a tecnologia em seus braços”. Eu, quando criança, tive acesso a diferentes tipos de tecnologias, como brinquedos eletrônicos, videogames, televisores e rádios, mas a Tecnologia da Informação só veio fazer parte do meu cotidiano na adolescência, por volta de 1995, com o acesso aos computadores na escola.

Hoje em dia, os computadores, notebooks, tablets, smartphones, entre outros, são imprescindíveis em nossos lares, pois são usados não só para a comunicação, mas, principalmente, para os estudos e o trabalho. O meu filho sempre teve acesso a essas diferentes tecnologias.

Lembro que, quando bebê, só de nos observar, no primeiro contato com o iPhone, fez o movimento lateral com o dedinho. Incrível como eles aprendem rápido. Desde os vídeos da Galinha Pintadinha, Pocoyo, Backyardigans, às atuais pesquisas no Google para a escola, acesso a aplicativos como Google Meeting e Hangouts, a evolução dele foi automática, sem nenhum constrangimento ou dificuldade.

Claro que todo cuidado é pouco com a segurança, não só pensando nos possíveis acessos a sites proibidos, nas informações constrangedoras, no assédio de pedófilos, etc., mas, também, pelo constante envio de malwares e ransomwares pelos hackers. Por ingenuidade, ele pode acabar acessando esses arquivos ou links indevidos e ter todos os nossos dados roubados. Ou, ainda, como em vários casos que já vimos nas redes sociais, com pessoas que se passam por outras e vão até o Facebook, Instagram ou WhatsApp e pedem dinheiro para a rede de contatos da vítima.

Ter todos os softwares de segurança, criptografia e autenticação de dois fatores passa a ser fundamental. E, na minha opinião, algumas restrições se fazem necessárias, de acordo com a idade. Por mais que nós sejamos da área de tecnologia, com 10 anos, meu filho ainda não tem celular pessoal e não usa notebook fora dos horários de aula – exceto para trabalhos escolares.

Ele tem um tablet, mas só o utiliza para a escola e para jogos, com restrições aos de armas ou violência. Ele ama ver filmes e séries e não assiste a nada que não esteja permitido pela classificação etária, muito por falarmos com ele e da educação que pregamos, mas também por sua própria decisão. 

Confira a entrevista que fiz com meu filho 

Qual é a importância da Tecnologia na sua vida?
Ela me conecta ao mundo, aos meus amigos e familiares. Quando estou sozinho, com minhas atividades da escola já finalizadas, eu posso assistir TV e jogar com meus amigos.

Como a Tecnologia te ajudou ao longo da Pandemia?
Ela me permitiu continuar as aulas on-line, não precisei faltar nenhuma aula, continuar vendo meus amigos e professores e, durante o período que tivemos Covid-19, pude fazer aula todos os dias. Após o Covid-19, pude voltar integralmente presencial. Eu fiquei mais conectado à tecnologia neste período.

Qual a importância da segurança no acesso a internet?
É muito importante para o acesso a jogos e pesquisas na internet. Sempre temos que observar se os jogos, aplicativos ou os sites têm os cadeados – que mostram se eles são seguros ou não, porque se o cadeado estiver aberto significa que este jogo, site ou aplicativo não é seguro, não devo acessar porque os hackers podem roubar nossas informações.

Você lembra quando teve o primeiro contato com dispositivos móveis: smartphone ou tablet?
Se eu não me engano, eu tinha 03 ou 04 anos, foi quando o papai trouxe um iPad de uma viagem e me deu para baixar joguinhos. Ficou gravado na minha memória. 

Foi incrível a evolução dele ao longo da pandemia, a facilidade em se acostumar com a aula online e em acessar as novas tecnologias constantemente. Na escola, onde ele estuda, sempre teve aula de Technology, então os aplicativos e acesso a internet já faziam parte do cotidiano. 

Estar presencialmente em tempo integral na escola, com várias atividades, é muito simples, mas entreter uma criança na frente do computador, prestando atenção e não se distraindo com o ambiente externo, foi um grande desafio. A escola dele foi muito rápida na mudança do presencial para o online e ele me surpreendeu pela maturidade. Ouvi-lo falando naturalmente sobre a meeting com a Miss, com os amigos, fazendo as apresentações diretamente no aplicativo, as provas, trabalhos e testes rápidos, me enchem de orgulho. Esse é meu dia a dia que trabalho com TI há mais de 20 anos, mas não era para ele que tem apenas 10 anos. Viva a Tecnologia!

*Coluna originalmente publicada na edição #251 da revista TOPVIEW.

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