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Paranaenses nas telas do Festival do Rio

por Bianca Borges, do Rio de Janeiro

 

Duas produções paranaenses participaram da 16ª edição do Festival do Rio – uma das mais importantes vitrines para os realizadores do país – que aconteceu entre os dias 24 de setembro e 08 de outubro. Conheça:

 

Andrea Tonacci
Exibido na mostra Premiére Brasil: Retrato

 

O curta traça a trajetória do autor de filmes seminais para o cinema nacional, como Bang Bang (1970) e Serras da Desordem (2008). Produzido entre 2010 e 2013 para a série “Retratos Brasileiros”, do Canal Brasil, o curta é fruto da parceria entre as produtoras de Londrina Kinopus, Kinoarte e Filmes do Leste. A direção é de Rodrigo Grota, autor dos filmes da Trilogia do Esquecimento (Satori Uso, Booker Pittman e Haruo Ohara).

Nascido na Itália, em plena Segunda Grande Guerra, Andrea veio para o Brasil nos anos 1950. Mesma época em que fez suas primeiras imagens com uma câmera 8mm.

Grota conta que o documentário acabou se tornando um pretexto, em uma perspectiva mais humana e não apenas profissional, para se aproximar de Tonacci. “Fiquei impressionado com sua visão de mundo, que vai além de modismos, movimentos, grupos ideológicos, tendências. Tonacci acredita no cinema como uma forma de autoconhecimento, de investigação contínua. Um exemplo raríssimo do nosso cinema de um homem que expressou sua visão do mundo a partir de filmes que extrapolam a sua personalidade. Sua obra é povoada de uma generosidade imensa em relação ao ‘outro’”.

 

O Rei
Exibido na mostra Première Brasil: Novos Rumos

 

Protagonizado pela atriz portuguesa Joana de Verona, o curta mescla documentário e ficção para contar a história de um rei português que desapareceu no deserto do Marrocos no século XVI, sem que seu corpo jamais fosse encontrado. Em pleno século XXI, Dom Sebastião revela os segredos do reino encantado que construiu durante todo este período, em uma longínqua ilha maranhense.

Dirigido por Larissa Figueiredo, da produtora curitibana Tu i Tam Filmes, o filme tem produção de Rafael Urban. Marido da cineasta, o documentarista assina os premiados curtas Ovos de Dinossauro na Sala de Estar e A Que Deve a Honra da Ilustre Visita este Simples Marquês?.

Antes da exibição de seu filme, que estreou no festival, a diretora agradeceu à organização por tê-lo inserido na mostra Novos rumos. “Embora no Paraná ainda não existam editais para atender a demanda, os realizadores de lá têm feito filmes que estão circulando, propondo um novo olhar sobre o cinema. É essa a ideia: inovar o cinema contemporâneo”.

 

Setor ainda esbarra na falta de incentivos
A produção local tem conquistado espaço nos últimos anos, notadamente no circuito de festivais de cinema, com curtas metragens que vêm rodando o mundo e ganhando prêmios importantes – a maioria, documentários.

Mas ainda faltam investimentos no setor. . “O fato é que ainda se produz muito pouco no estado. Os poucos casos de produção daqui são filmes feitos na garra e na amizade ou com verba federal”, ressalta o diretor e roteirista Aly Muritiba (de A Gente), um dos mais proeminentes nomes do cinema no Paraná.

“Há uma desaceleração progressiva da produção local em decorrência da falta de mecanismos de incentivo tanto no âmbito estadual quanto no municipal”, avalia o crítico de cinema Paulo Camargo, que aponta o surgimento do movimento Frente Aberta do Cinema e Audiovisual Paranaense (Faca) como reflexo desse descontentamento.

Mas nem tudo é drama no cinema paranaense. A criação do curso de Bacharelado de Cinema e Vídeo da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) é um reforço no mercado de produção audiovisual.

 

O Festival
A 16ª edição do Festival do Rio foi realizada no Cine Lagoon, localizado na Lagoa Rodrigo de Freitas. Foram exibidos 350 títulos, que atraíram um público estimado em 250 mil espectadores.

A sessão de abertura foi com O sal da Terra, de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, produção que recebeu o Prêmio Especial do Júri, no Festival de Cannes 2014. A exibição do documentário sobre o fotógrafo Sebastião Salgado, pai de Juliano, contou com a presença de ambos.

Entre os destaques da programação estavam os novos filmes de David Cronenberg (Mapa para as Estrelas), David Fincher (Garota Exemplar) e Richard Linklater (Boyhood: da infância à juventude), entre outros, além das mostras temáticas, como Midnight Música, com documentários sobre artistas como Björk, David Bowie, Nick Cave e Fela Kuti.

Uma mostra de filmes clássicos e também de jovens diretores mexicanos representou o país homenageado desta edição. Acompanhadas por piano, as sessões de cinema mudo exibiram cinco clássicos de Alfred Hitchcock, numa ode às origens da sétima arte.

Presidido pelo diretor brasileiro Karim Aïnouz, o júri do festival concedeu o troféu Redentor aos melhores filmes da mostra Première Brasil e Novos Rumos (veja abaixo os títulos premiados). Já a mostra gay foi extinta, para dar lugar ao Prêmio Félix, dedicado ao melhor filme de temática LGBT, dentro de toda a programação do festival.

 

NÚMEROS DO FESTIVAL DO RIO
350 filmes
35 salas de exibição
28 longas nacionais inéditos
69 produções* na Première Brasil
18 filmes do México (país homenageado)
5 clássicos mudos de Hitchcock
R$ 8,5 mi de orçamento
250 mil expectadores

* 41 longas e 28 curtas

 

FILMES PREMIADOS

Première Brasil

Júri oficial
Melhor Longa-Metragem de Ficção:
Sangue Azul, de Lírio Ferreira
Melhor Longa-Metragem de Documentário: À Queima Roupa, de Theresa Jessouroun
Melhor Curta-Metragem: Barqueiro, de José Menezes e Lucas Justiniano
Melhor Diretor de Ficção: Lírio Ferreira (Sangue Azul)
Melhor Diretor de Documentário: Theresa Jessouroun (À Queima Roupa)
Melhor Atriz: Bianca Joy Porte (Prometo Um Dia Deixar Essa Cidade)
Melhor Ator: Matheus Fagundes (Ausência)
Melhor Atriz Coadjuvante: Fernanda Rocha (O Último Cine Drive-In)
Melhor Ator Coadjuvante: Rômulo Braga (Sangue Azul)
Melhor Fotografia: André Brandão (Obra)
Melhor Montagem: Luisa Marques (A Vida Privada Dos Hipópotamos)
Melhor Roteiro: Murilo Salles (O Fim E Os Meios)
Prêmio Especial Do Júri: Ausência, De Chico Teixeira
Prêmio Pelo Conjunto Da Obra: Othon Bastos

Novos Rumos
Melhor Filme: Castanha, de Davi Pretto
Melhor Curta: Bom Comportamento, de Eva Randolph
Prêmio Especial Do Júri: Deusa Branca, de Alfeu França

Prêmio Fipresci
Obra, de Gregorio Graziosi

Júri voto popular
Melhor Longa Ficção: Casa Grande, de Fellipe Gamarano Barbosa
Melhor Longa Documentário: Favela Gay, de Rodrigo Felha
Melhor Curta: Max Uber, de Andre Amparo

Prêmio Felix
Melhor Documentário: De Gravata e Unha Vermelha, de Miriam Chnaiderman
Melhor Ficção: Xenia, de Panos H. Koutras
Prêmio Especial do Júri: Toda Terça-Feira, de Sophie Hyde

 

 

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