SELF SAúDE

“Eu tive câncer pele”: o relato de quem conviveu com uma das formas mais frequentes da doença

O câncer de pele corresponde a 33% dos tumores malignos diagnosticados no Brasil

Por Mellanie Anversa e Jaqueline Rossato

 

O sol é o astro mais poderoso e imponente que os seres humanos já conheceram. Ele é responsável por toda a vida no planeta Terra. Sem ele, não haveria nada, apenas escuridão.

Porém, o Sol, apesar de tão próspero, também pode ser maligno. Afinal, não é possível esquecer que o cosmo é, na verdade, uma estrela de fogo, que tem uma temperatura de, aproximadamente, 15 milhões de graus Celsius.

Obviamente, essa não é a temperatura que chega na Terra. Porém, mesmo em proporções muito mais baixas, os raios solares podem ser nocivos para a vida humana. Seu efeito é tão grande que é capaz de causar uma das doenças mais delicadas para as pessoas: o câncer.

O câncer que pode ser causado pela alta e irresponsável exposição ao Sol é o de pele. Ele é a forma mais incidente desse tipo de doença, correspondendo a 33% dos tumores malignos diagnosticados no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), do Ministério da Saúde.

Este dado é significativo. Tão significativo que muda vidas e famílias inteiras. Para mostrar o quanto este assunto, além de delicado, é
muito necessário, a TOPVIEW convidou a Jaqueline Rossato para relatar o seu tratamento de câncer de pele.

Jaqueline (de amarelo) com sua família. (Crédito: acervo pessoal)

“Meu nome é Jaqueline Rossato, tenho 58 anos e minha pele é muito branca. Sou diretora de colégio, tenho uma vida muito ativa e trabalho bastante. Em 2022, tive uma situação de saúde que tirou meu sossego pela preocupação e pelo estigma que tem a doença conhecida como câncer.

No primeiro momento, como tenho algumas verrugas na área do colo e pescoço, imaginei se tratar de uma lesão por machucado — por ser uma região de contato, uso de colares ou até manuseio inadequado de toalha ou roupa —. Mas, o machucado não melhorava e, após um mês ou dois resolvi ir à dermatologista. Juntas, resolvemos remover a lesão e enviar para biópsia. O resultado do exame indicou uma ceratose comum [mancha escamosa áspera na pele causada por anos de exposição ao sol].

Após a retirada, passaram-se alguns dias e a lesão dobrou de tamanho ao invés de melhorar. A médica dermatologista não gostou da aparência e me alertou. Foi quando enviamos novamente uma amostra da lesão para a biópsia e o resultado foi carcinoma [tipo de tumor maligno]. Fiquei muito apavorada. Conversando com a família, optamos pelo melhor procedimento no mercado — orientados pela Dra Amarilis Sand —, a cirurgia de MOHS, com um profissional com experiência indicado por ela. A cirurgia foi muito bem e a lesão foi toda retirada.

Após a necessidade deste procedimento, tenho mais certeza dos danos ocasionados pelo sol. Há 20 anos, aproximadamente, não tomo sol diretamente no rosto. Mas, o colo, que foi a região afetada, não recebia os mesmos cuidados. A partir de agora, tomar sol não faz parte mais da minha rotina, nem nas minhas férias.

Tenho consciência de que a coloração da minha pele não irá alterar me expondo ao sol. Portanto, não vale a pena o risco e, ainda, os danos ocasionados são irreversíveis.”

Veja como previnir a doença com a médica dermatologista Amarilis Sand, do medical Center

Amaralis Sand,(Crédito: acervo pessoal)

• Evitar se expor ao sol nos horários mais intensos da radiação ultravioleta, ou seja, entre o período de 09h da manhã e 15h da tarde;

• Na praia ou na piscina, usar barracas ou ombrelones feitas de algodão ou lona, que absorvem 50% da radiação ultravioleta. As barracas de nylon formam uma barreira pouco confiável: 95% dos raios UV ultrapassam o material.

• Existem ótimas opções de vestuário com tecidos que bloqueiam a passagem da radiação ultravioleta, os chamados UV protection. Sempre dê preferência a eles quando for comprar chapéus, bonés, roupas de banho e vestuário.

• Cubra as áreas expostas com roupas apropriadas, como uma camisa de manga comprida, calças e um chapéu de abas largas. Não esqueça de óculos de sol.

• As áreas que não conseguimos cobrir com roupas e acessórios, precisamos aplicar bons protetores solares. Utilize um produto que proteja contra radiação UVA e UVB e tenha um fator de proteção solar (FPS) 30, no mínimo. É preciso reaplicar o produto a cada duas horas ou menos nas atividades de lazer ao ar livre.

• Considerando que a radiação ultravioleta B agride o DNA das células e a radiação ultravioleta A agride os vasos e células da derme, ao utilizar protetor solar adequado, é possível bloquear essas radiações e, por consequência, você também evita o envelhecimento
cutâneo.

• Mesmo nos dias nublados, as nuvens não conseguem filtrar os raios e a chance de queimar a pele no mormaço é igual ou maior do que em um dia de sol. Por isso, lembre-se: os cuidados com a pele devem ser uma rotina, independentemente da época ou estação do ano.

• Procure um dermatologista. A avaliação de um médico com periodicidade é de fundamental importância para o diagnóstico do câncer de pele. Uma das principais armas do combate ao câncer, independentemente de qual seja, é o fator tempo. Quanto antes a doença for descoberta, maiores as chances de tratamento com bons resultados. E, com o câncer de pele, não é diferente. Tenha um médico dermatologista para chamar de seu, te avaliar e tirar suas dúvidas! Não espere para sentir na pele!

 

*Matéria originalmente publicada na edição #271 da revista TOPVIEW.

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