SELF SAúDE

A mudança no olhar da medicina

Se, antes, a medicina estava preocupada em apenas tratar doenças, hoje, ela é muito mais preventiva, a fim de evitar doenças antes mesmo delas acontecerem

Se tem algo que mudou, e muito, ao longo dos anos, foi a medicina. Os avanços em estudos e pesquisas contribuíram para tratar doenças que eram consideradas mortais. A diabetes é um exemplo disso. Antigamente, as pessoas com a doença faleciam meses depois de receber o diagnóstico. Só em 1921 a insulina foi descoberta e começou a reverter os quadros de diabetes.

Hoje, em 2022, é difícil imaginar um cenário como esse. A medicina evoluiu e doenças extremamente perigosas, hoje, possuem cura ou tratamento. A evolução, porém, não para. Ao contrário do que muito se fazia com a área, o olhar para a saúde tem tomado um caminho diferente: a mudança do olhar da medicina.

“Eu vejo que é a evolução da medicina, que olhava para a doença e passou a olhar para a prevenção, entendendo o indivíduo como algo mais amplo do que só um sintoma”, afirma a médica nutróloga, especialista em terapia nutricional, parenteral e enteral, Debora Froehner.

A especialista explica que essa mudança veio há alguns anos e que a ideia de prevenir, mesmo que pareça óbvia, vem sendo mais importante do que  só tratar. A nutrologia, nesse contexto, é uma especialidade médica que existe há 40 anos e tem assumido boa parte dessa prevenção. Com isso, os especialistas começaram uma tendência que, para prevenir, é preciso entender o paciente como um todo. “Ele é resultado de várias coisas que vêm acontecendo — não como algo isolado”, revela a nutróloga.

A prática integral, dentro da medicina, não é, porém, uma especialidade médica, mas, sim, uma abordagem. Com isso, médicos de diversas especialidades, como nutrólogos, ginecologistas, dermatologistas, cardiologistas e muitos outros, podem ter esse viés integral. “É preciso entender que a saúde do indivíduo é influenciada por questões psicológicas, espirituais, religiosas e muito mais — não é só físico. Entender todo esse contexto vai fazer com que a gente consiga direcionar, dentro da nossa expertise, qual é o melhor caminho para o paciente naquele momento”, diz Debora.

Os benefícios dessa nova abordagem é que o indivíduo irá envelhecer de uma forma saudável. Para isso, é preciso reavaliar, com um médico especialista com abordagem integral, a alimentação, a atividade física, o sono, o estresse, a saúde intestinal, a saúde hormonal e a saúde psicológica. “Isso é tão amplo que parece difícil ser saudável, mas não é. Afinal, ser saudável não é só a ausência da doença, é um estado onde o paciente está em equilíbrio com o seu corpo e com tudo que está acontecendo com você”, conclui a médica.

A ideia de prevenir e procurar um especialista mesmo que não haja nenhuma queixa de saúde é válida – e necessária. No entanto, há pacientes que procuram médicos especialistas após uma queixa e, além de melhorar o problema que iniciou o tratamento, também melhoram outras áreas da vida. Este é o caso da oficial de justiça Margarete de Cássia Dias, que procurou um nutrólogo com abordagem integral após se incomodar com sintomas da menopausa.

“Me investigaram desde meu fio de cabelo até a unha do pé. Para minhas queixas, foi indicada uma desintoxicação natural, afinal, o alimento é o primeiro remédio, né? E, logo no início, já notei a diferença. Tinha mais energia, conseguia fazer coisas sem sentir dores. Você se sente privilegiado de ter acesso a esse tipo de medicina, que te vê como um todo”, conta Dias.

Por fim, a oficial de justiça afirma que tudo se trata de uma mudança de atitude. “Há doenças e doenças, mas em algumas, se houver a prevenção, possível mudar muito a situação. Às vezes, é só uma mudança de atitude”, conclui.

Outras abordagens integrais 

Já pensou estar viajando, em um lugar paradisíaco e isolado, e passar mal? A quem você recorre nesses momentos? “Nós somos um suporte para o paciente”, afirma Joana Iarocrinski, médica que também trabalha com uma abordagem integral. Em seu consultório, a médica explica que seu trabalho envolve investigar a rotina do paciente e, conforme a queixa dele, remanejar o tratamento a outros especialistas médicos. “Normalmente, eu faço um questionário metabólico, peço exames e investigo o paciente. A ideia é concentrar para direcionar”, afirma.

Ela também presta atendimento ao paciente de maneira geral e, caso necessário, direciona-o para médicos especialistas. “O paciente vem fazer checkup e vai me contar o que o incomoda. Às vezes não há nada, mas, normalmente, tem. Então, a gente entra com um tratamento sempre pensando em melhorar agora e não ficar doente depois”, confirma a médica.

*Matéria originalmente publicada na edição #261 da revista TOPVIEW.

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