Os desafios do amor atual

Ah, o amor! Melhor do que escrever sobre ele é senti-lo. Ele sempre será motivo de conversas, estudos, livros, poesias e músicas, já que é universal, bíblico, histórico, humano, animal e polêmico.

Para os espiritualizados, esse sentimento é traduzido pelo sacrifício de Jesus na cruz. Para outros, é carnal, humano e romântico. Finito até que a morte o separe ou infinito enquanto dure. Ainda assim, o tema é delicado.

Escrever sobre o amor é tão difícil quanto vivê-lo em sua plenitude. Entendê-lo é tão complicado quanto prever a moda e a política – pois estes dependem da evolução humana. E, para senti-lo, basta querer.

Porém, francamente, não sei aonde vamos chegar. Não sei se estamos evoluindo ou regredindo nesse quesito, haja vista o que estamos vivenciando no mundo com a revolução tecnológica. Até onde já fomos transformados e até onde iremos?

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Ontem, vi um jovem casal jantando em um restaurante cujo lugar era paradisíaco, romântico. Fiquei curiosa pelo tanto que cada um ficou atento ao seu celular. Mas vamos ao cerne da questão: como tudo na vida, nada vem de graça, sem esforço, entrega, luta e vivência. E, no amor, não é diferente – falo aqui do amor e não da paixão.

A paixão, dizem os estudiosos, dura em média um ano e meio. E depois? O que acontece? A segunda fase é aquela em que a paixão transforma-se na descoberta do outro, na forma real, com suas qualidades e defeitos. A terceira fase é a de aceitação, aquilo que conhecemos no outro e que nos fez permanecer, que conseguimos entender e aceitar.

Todo esse processo demanda tempo, dedicação, vontade, paciência e persistência. Estes, ao longo de todo o processo de amar, sempre serão os pilares do amor.

Devemos, ainda, atentar para uma realidade gritante na qual estamos inseridos. A busca pelo prazer imediato, a qualquer custo, de forma fácil, é um dos fatores que podem colocar o amor em risco.

Outro fator importante é o desencontro ou a acomodação de novos tipos de relação: a mulher na conquista de mais espaço e o homem adaptando-se ao novo.

Toda transformação requer um processo e tempo de redisposição. É como vivenciar, perceber e aceitar o novo, mas o que sinto hoje são jovens com medo de amar.

Algumas mulheres – que não entenderam bem o que é ocupar mais espaços e direitos – o fazem de forma agressiva e até mesmo deturpada, perdendo o respeito por si mesmas. Os homens, sem entender ainda como agir, estão inseguros e assustados. Mas tudo isso é evolução – e o que tem que permanecer, sobretudo, é o amor.

Como disse Milton Nascimento: “Qualquer maneira de amor vale a pena, qualquer maneira de amor vale amar…”.

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*Matéria originalmente publicada na edição #276 da revista TOPVIEW.