SELF COMPORTAMENTO

Investimento valioso

Ensino sobre educação financeira nas escolas prepara os jovens e oferece mais segurança para o futuro

Quando pensamos no futuro, não temos como não relacioná-lo à preocupação com a segurança e a estabilidade. E isso está diretamente associado ao planejamento financeiro. Como educadora e adepta ao movimento de transformação na educação, entendo como urgente a temática da educação financeira dentro das salas de aula, desde a educação infantil até, principalmente, o ensino médio.

Aprofundar esse conhecimento junto à reforma do novo ensino médio nos traz um convite para olharmos para este novo momento em sociedade, o qual, diante de toda evolução da tecnologia e comunicação, exige que o indivíduo esteja cada vez mais preparado para conquistar o mercado de trabalho. Dessa forma, conseguiremos engajar os nossos alunos em disciplinas e conteúdos que tenham mais relevância para a vida pós-escola.

Inspirada nessa temática tão importante e pertinente, convidamos o especialista em educação financeira, Edson Urubatan, para um bate-papo enriquecedor. Leia a entrevista!

Qual é a realidade do comportamento financeiro do brasileiro?  

De acordo com a terceira edição da pesquisa Raio X do Investidor Brasileiro da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), 38% dos brasileiros pouparam algum dinheiro, em 2019. A pesquisa mostrou que os brasileiros se preocupam em ter uma reserva financeira. Entretanto, em abril de 2021, o número de brasileiros endividados bateu recorde, já que 46% dos entrevistados tiveram redução de renda, segundo pesquisas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O cenário piorou neste ano, uma vez que 62% dos brasileiros tiveram perda total ou parcial de renda. E 54% das pessoas precisaram de dinheiro para alguma emergência, conforme dados do último levantamento da ANBIMA, os quais mostram como a pandemia impactou diretamente no emprego e na renda dos brasileiros. 

Isso evidencia como uma crise econômica, vivida nesse período, enfatiza a importância do desenvolvimento da educação financeira na educação básica. 

Qual é a relação direta entre o futuro do país e a educação financeira nas escolas? 

A partir dos conhecimentos relacionados à educação financeira, é possível formar cidadãos que tenham conceitos básicos de orçamento, poupança, juros, dívida, investimentos, impostos, capacidade de fazer gerenciamento e planejamento financeiro, compreensão do sistema monetário contemporâneo nacional e mundial, entre outros. Esses conhecimentos permitem que os alunos construam bons hábitos e uso do dinheiro, evitando ou minimizando a ocorrência de equívocos na vida financeira.

De forma prática, como poderia ser aplicado? 

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), na unidade temática de Números em Matemática do Ensino Fundamental, devem ser explorados os conceitos básicos de economia e finanças, visando à educação financeira dos alunos. Nesta unidade temática, podem ser desenvolvidos conceitos sobre taxas de juros, inflação, aplicações financeiras e impostos a partir de um estudo interdisciplinar envolvendo as dimensões culturais, sociais, políticas e psicológicas, além da econômica sobre as questões do consumo, trabalho e dinheiro.

Ainda de acordo com a BNCC, os sistemas e redes de ensino, assim como às escolas, devem incorporar aos currículos e às propostas pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos que afetam a sociedade, preferencialmente de forma transversal e integradora. Um dos temas contemporâneos é a educação financeira. Esta, devido à sua importância, também pode ser implementada a partir de unidades eletivas, projetos e oficinas.

Qual é a mensagem que você deixaria para os pais com filhos em idade escolar? 

Nosso intuito como educadores, empreendedores, pais e, sobretudo, cidadãos, deve ser na formação de pessoas mais engajadas, preparadas e com uma visão crítica sobre o uso do dinheiro, contribuindo para uma transformação econômica positiva na sociedade e um futuro mais promissor para todos.

 

“O esforço é o único fator do qual temos pleno controle”.

Edson Urubatan

 

*Matéria originalmente publicada na edição #268 da revista TOPVIEW.

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