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Novo de novo: pesquisadores da Harvard encontram mecanismo para reverter envelhecimento

O processo de envelhecimento é natural e inevitável. Muito já foi feito para tentar parar ou reverter o envelhecimento humano, mas, apesar de os avanços médicos terem conseguido aumentar a expectativa de vida, ainda não conseguimos encontrar o segredo para a juventude eterna. Porém, agora, um time de pesquisadores da Universidade de Harvard parece ter descoberto uma maneira de reverter o processo de envelhecimento através de reparos no DNA de camundongos, segundo estudo publicado em janeiro no periódico científico Cell.

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“Por muito tempo, acreditou-se que as mudanças no DNA propriamente dito, chamadas de mutações, eram a principal causa do envelhecimento. Mas as descobertas do presente estudo apoiam uma outra hipótese: o processo de envelhecimento está relacionado às mudanças que afetam a expressão do DNA, chamadas de epigenética”, diz a Dra. Cintia Guedes, dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

“Quando falamos de epigenética, estamos falando de uma série de fatores ambientais que modificam a maneira como os genes se comportam sem necessariamente causar alterações na sequência de DNA. Esses fatores podem incluir, por exemplo, dieta, exposição a poluentes, tabagismo, obesidade, estresse e prática de atividade física”.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores criaram cortes temporários e de rápida regeneração no DNA de camundongos para simular o efeito que certos fatores ambientais e de estilo de vida possuem no padrão epigenético do DNA. Tais cortes causaram mudanças e, consequentemente, mau funcionamento no padrão epigenético dos camundongos, o que fez com que parecessem mais velhos, apresentando, inclusive, biomarcadores de envelhecimento aumentados.

Em seguida, os pesquisadores realizaram terapia genética nos animais para reverter as mudanças epigenéticas, redefinindo o padrão epigenético e, assim, revertendo o envelhecimento sofrido pelos camundongos.

“Os pesquisadores observaram que, ao ativar uma série de genes normalmente acionados durante a embriogênese, isto é, durante o desenvolvimento embrionário, é possível reverter com segurança o processo de envelhecimento em mais de 50%. Isso porque tais genes causam um processo que, apesar de ainda não ser bem compreendido, é capaz de retroceder a idade biológica e restaurar a função de tecidos, o que permitiria, por exemplo, reverter a deterioração da visão, a diminuição da capacidade de atenção e o enfraquecimento do tecido cutâneo”, destaca a dermatologista.

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Apesar de essa não ser a primeira vez em que trabalhos usam a epigenética para estudar o envelhecimento, os pesquisadores acreditam que esse é o primeiro estudo a apontar a mudança epigenética como fator primário do envelhecimento em mamíferos.

“Por exemplo, pesquisas anteriores mostraram que a epigenética é capaz de demonstrar a idade biológica de uma pessoa, isto é, a real idade do nosso organismo e a velocidade em que envelhecemos, ao contrário da idade cronológica, aquela que contamos pelo calendário”, afirma a médica. Vale ressaltar ainda que o presente estudo possui suas limitações, como o fato de ter sido feito com camundongos, sendo necessário então que mais pesquisas sejam realizadas para testar os resultados em mamíferos maiores ou mesmo em humanos.

“No entanto, a pesquisa mostra-se de grande relevância por transformar a maneira como enxergamos o processo de envelhecimento e como abordarmos o tratamento dos sinais que surgem com o passar dos anos. Afinal, é o primeiro estudo a demonstrar que podemos ter um controle preciso da idade biológica de um animal complexo, podendo aumentá-la ou diminui-la conforme necessário”.

Mas não é preciso aguardar até que mais pesquisas sejam realizadas para começarmos a agir sobre a velocidade em que envelhecemos. Existe uma extensa literatura científica mostrando medidas que podem ser adotadas para retardar o envelhecimento. E é mais simples do que aparenta.

“Quando se trata de reverter nossa idade biológica, pequenas mudanças no estilo de vida já conseguem causar grande impacto. Por exemplo, procure adotar uma dieta rica em alimentos nutritivos, incluindo grande quantidade de verduras, vegetais, ervas e temperos, como beterrabas, açafrão e chá verde, que possuem a capacidade de rejuvenescer nossa expressão genética. Além disso, procure exercitar-se regularmente, reduzir seus níveis de estresse e dormir bem”, destaca a Dra Cintia Guedes.

Falando especificamente da pele, a maneira mais eficaz de retardar o envelhecimento é investir no protetor solar. “O protetor solar é, sem dúvidas, o melhor creme antirrugas que existe. Independentemente do tipo de pele, quando pensamos em prevenção de câncer de pele e envelhecimento precoce, qualquer protetor FPS maior ou igual a 30, aplicado de maneira adequada, cumprirá bem seu papel”, aconselha a médica.

Com relação aos cosméticos, é possível também apostar em produtos formulados com ativos que atuam diretamente no interior das células para proteger os telômeros.

“Os telômeros têm como principal função proteger o material genético transportado pelos cromossomos. No entanto, conforme as células se multiplicam para promover a regeneração dos tecidos do organismo, o comprimento dos telômeros é reduzido. Com o passar do tempo, os telômeros ficam tão curtos que não são mais capazes de proteger o material genético, o que faz com as células parem de se reproduzir e atinjam um estado de senescência, isto é, de envelhecimento, que é sentido em todo o organismo”, explica a farmacêutica Maria Eugenia Ayres, Gestora Técnica da Biotec Dermocosméticos.

Um ótimo exemplo desses ingredientes protetores dos telômeros é o Telodormin, ativo de uso tópico capaz de preservar o comprimento dos telômeros de forma a prevenir o envelhecimento das células e, consequentemente, da pele.

“O Telodormin é capaz de modular a proliferação dos fibroblastos, que são estruturas que conferem sustentação aos tecidos do organismo, para preservar o comprimento dos telômeros, assim impedindo que as células entrem em estado de senescência e preservando a saúde e a jovialidade da pele”, destaca a farmacêutica.

Além disso, é possível investir na realização preventiva de procedimentos que estimulem a produção de colágeno para construir uma poupança dessas fibras, o que é uma excelente maneira de retardar o surgimento dos sinais de envelhecimento.

“Conforme envelhecemos, há uma diminuição da qualidade e quantidade das fibras de colágeno, responsáveis pela sustentação e elasticidade da pele, levando ao surgimento de flacidez e rugas”, explica a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. O estímulo dessas fibras pode ser feito através da procedimentos como os bioestimuladores injetáveis.

“A hidroxiapatita de cálcio e o ácido polilático são substâncias que, quando injetadas sob a derme, causam uma inflamação que estimula a produção de colágeno”, diz a cirurgiã plástica.

Outro procedimento com excelente ação preventiva é a aplicação de toxina botulínica. “O conceito da aplicação antecipada da toxina botulínica é o de tratar os músculos faciais que você usa com mais frequência, a fim de evitar a formação e demarcação de rugas”, explica a dermatologista Dra. Lilian Brasileiro, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

A Toxina Botulínica Tipo A é um neuromodulador que funciona como um “relaxante muscular seletivo” para reduzir as rugas dinâmicas do movimento. “Essa proteína paralisa temporariamente os músculos. A prevenção do aparecimento das rugas, com o uso da toxina botulínica, é mais indicada quando a paciente possui pele clara, fina, expressões faciais muito fortes e faz ‘careta’ involuntária o tempo inteiro, por exemplo”, destaca a Dra. Lilian.

Já quem deseja manter-se longe das agulhas pode realizar o estímulo de colágeno com procedimentos 100% não invasivos, como o ultrassom microfocado Atria. “Com menor nível de dor e máxima eficácia, o ultrassom Atria tem ação em camadas mais profundas, atuando até mesmo no SMAS (Sistema Músculo Aponeurótico Superficial), o qual é a camada muscular mais profunda responsável por sustentar a face.

Os pontos de coagulação causam uma contração no músculo, com efeito lifting. Podemos utilizar também profundidades mais superficiais para a produção do colágeno. Além disso, a tecnologia Atria Pen, uma caneta ultrassônica, promove zonas de coagulação verticais, que se somam à atuação do aplicador em scanner para promover um duplo efeito térmico de estimulação”, completa o dermatologista Dr. Abdo Salomão Jr, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

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