SELF COMPORTAMENTO

Drag queens: A busca pela perfeição

A definição de perfeição é diferente para cada um. No entanto, é indiscutível o detalhismo e a dedicação das drag queens

“O que é a perfeição que cada um procura?” Essa é a resposta de Vinicius Lavezzo, um dos criadores das Deendjers, uma dupla de drag queens brasileira, quando perguntado sobre a busca pela perfeição das drags.

É indiscutível, independentemente do conceito de perfeição de cada um, o detalhismo e a dedicação que existe nas Deendjers. “Nascidas” em 2004, após o relacionamento entre o cabeleireiro Thiago Vilas Boas e o maquiador Vinicius Lavezzo completar um ano, a história do casal e das Deendjers se misturam ao longo de dezoito anos.

Essa história começou quando Thi e Vi — como gostam de serem chamados — se conheceram na “falecida Cats”, segundo eles mesmos. Sem nunca terem “se montado” antes, eles frequentavam a casa noturna diariamente e, como ficavam no local até as luzes acenderem, ficaram amigos das drag que trabalhavam lá. “Elas ficaram sabendo que o Vinicius fazia maquiagem e perguntavam por que a gente também não se montava. Um dia, o Vi maquiou um amigo nosso para um concurso e ele ganhou. Aquilo nos animou e, em junho de 2004, a gente se montou pela primeira vez”, conta Thi.

Inspiradas na Era de Ouro de Hollywood — e nas famosas divas da época —, as drag queens seguem o estilo visual das décadas de 1930, 1940 e 1950 e início de 1960. Inspirações há de monte: Marilyn Monroe, Carmen Miranda, Diana Dors, Jane Russell, Elizabeth Taylor, entre outras. Apesar das inspirações serem da mesma época, eles explicam: um gosta de vestir loiras e, o outro, morenas — às vezes, ruivas também.

As drag queens levam, em média, cinco horas para se arrumar. (Foto: Mel Gabardo)

No entanto, apenas se inspirar nas divas não bastava para as Deendjers. Sempre em busca da beleza — já que, segundo eles mesmos, é isso que vendem com o próprio trabalho —, desde o início, eles faziam um trabalho artístico digno de pódios em concursos. Com apenas seis meses enquanto Deendjers, Thi e Vi ganharam um concurso de drag queens. “A gente ganhou o maior concurso de drag que tinha em Curitiba. Se chamava “Duelo das Divas”, um duelo que existia há mais de 20 anos. Só as veteranas e pessoas que estavam na noite há muito tempo participavam. Nós éramos novatas, seis meses que tínhamos começado. Então, ganhamos — e aquilo deu uma levantada na nossa carreira”, revela Vi.

A costura e os bordado das roupas são feitos pelas próprias artistas. (Foto: Mel Gabardo)

Isso deu ainda mais confiança ao casal, que foi, ao longo dos anos, trazendo novas artimanhas e truques para que a montagem chegasse cada vez mais próxima da perfeição. Esses truques, inclusive, são tão especiais que se tornam um segredo: “by Deendjers, vamos patentear”, brinca Thi, ao falar dos preenchimentos usados. E são esses diferenciais que fizeram a dupla chegar tão longe e ganhar reconhecimento nacional. Com as roupas costuradas à mão — Vi costura as roupas e Thi as borda — as Deendjers apresentam números artísticos com muita música, dança e perfeição. Entre maquiagem, cabelo e roupas, as artistas levam, em média, de três a cinco horas para se arrumar. “Quanto mais tempo a gente tem, mais a gente demora”, explica Vi, aos risos.

(Foto: Mel Gabardo)

Quando perguntados sobre a importância das Deendjers em suas vidas, eles dizem que não é uma questão de importância, é uma extensão de quem eles são. “Eu acho que as Deendjers são um reflexo do Vinicius e do Thiago — o que muda mesmo é o visual. Antes, eu queria separar um pouco isso, mas eu vi que eu sou aquilo mesmo. Não é um personagem, é um reflexo do que a gente gosta”, reflete Vi.

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*Matéria originalmente publicada na edição #261 da revista TOPVIEW.

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