SELF COMPORTAMENTO

A fonte da juventude

30 e poucos anos é velho, ultrapassado? É assim que algumas pessoas têm se sentindo com a abordagem jovial de marcas tradicionais

A fonte da juventude: onde encontrar? Todos querem saber. Essa fase da vida, entre tantas que cada pessoa tende a viver, é caracterizada pela vitalidade elevada. Quantas pessoas já não reproduziram a seguinte frase: “ah, se eu tivesse essa cabeça com aquela idade?”

“Você não teria essa cabeça com 17 anos, é impossível, não seria possível viver bem dessa forma. Tudo tem uma fase, nosso sistema é perfeito, e o humano precisa respeitar isso”, afirma a psicóloga Andreza Wurzba.

Mas, afinal, o humano respeita mesmo isso? A influencer Isabella Rabello explica o quanto uma vitrine de uma marca de luxo famosa a deixou intrigada. “Eu estava no Shopping Iguatemi, em São Paulo, e passei pela vitrine de uma maison tradicional, que tem raízes tradicionais, e vi peças feitas para uma menina de 20 anos”, conta a influencer. Ao destacar isso, Isabella revela que não vê problemas em uma mulher de mais idade usar roupas mais joviais. No entanto, ela esclarece que não se identificou e pontuou o quanto isso se torna estranho quando esse direcionamento na comunicação vem de uma marca tradicional, com um público consumidor mais adulto.

“É visível que houve uma alteração no estilo para agradar a um público que eu duvido que sustente a marca. Eu sinto que meu tempo já foi. Com apenas 34 anos, eu me sinto parte do passado”, revela a influencer. A moda jovem, apesar de não ser novidade no mercado – já que é reforçada em filmes, músicas e outras formas de entretenimento –, foi abafada pelo momento pandêmico em que as pessoas estavam e se sentiam mais reclusas. Esse momento já passou e isso pode ser observado nos desfiles das últimas semanas de moda. Marcas como Miu Miu, Hermés, Louis Vuitton e até a Chanel, marca tradicional, trouxeram a jovialidade representada de alguma forma nas passarelas.

No entanto, esse recorte não é apenas sobre moda, é um retrato da sociedade. Ligada aos melhores momentos da vida, a juventude é comparada, facilmente, com a perfeição e sua busca incansável. A psicóloga explica que o conceito de perfeição é diferente para cada um. No entanto, segundo ela, os humanos são seres imagéticos — e essa imagem de perfeição já é predefinida, de alguma forma, para todos. “Quando você fala sobre essa questão de imagem, refere-se também ao pertencimento — e é isso que move o ser humano. Ou seja, há um ‘protótipo’ de como existir para pertencer”, concretiza a profissional.

No entanto, ela ainda aponta que essa busca, obviamente sem sucesso — já que a perfeição não existe —, traz frustração em um nível intolerável que pode levar a quadros depressivos. Isso está, inclusive, relacionado com a idade. “Se eu não viver o presente, vou me deprimir. Vou me deprimir porque estou presa ao passado e posso ficar com quadros ansiosos, sempre olhando para o futuro como ameaçador”, revela Andreza.

E, para que isso não aconteça, a especialista reforça o fato de que é preciso respeitar as fases e os momentos da vida. “O perigo é não olhar para o presente e para a realidade”, finaliza.

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*Matéria originalmente publicada na edição #261 da revista TOPVIEW.

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