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Campanha feita por estudantes encoraja mulheres a denunciarem casos de violência doméstica

A iniciativa foi tomada pela dupla Paola Nogaroli e Artur Cintra, que perceberam o aumento no número de denúncias de casos de agressão

Em tempos de coronavírus, o isolamento social – que consiste em ficar em casa e só sair quando houver extrema necessidade – é uma das maneiras mais eficazes de evitar a contaminação pela doença. Todavia, para algumas pessoas, seguir essa orientação é sinônimo de pesadelo, principalmente para algumas mulheres.

Segundo dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMDH), a quantidade de denúncias de violência contra a mulher recebidas no número 180, em junho, cresceu quase 40% em relação ao mesmo mês de 2019. Os casos de feminicídio também aumentaram na quarentena, com crescimento de 22,2% entre março e abril deste ano, segundo o documento intitulado Violência Doméstica durante a Pandemia de Covid-19 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). A razão disso é que, com homens e mulheres isolados em casa, a vítima fica em contato direto com o agressor e é impedida de realizar boletim de ocorrência na delegacia.

Observando esse contexto de violência, dois estudantes de Curitiba se sensibilizaram e criaram uma campanha que busca encorajar mulheres a denunciar casos de agressão. Com um cartaz, os jovens Paola Nogaroli, 17 anos, e Artur Cintra, 16 anos, têm como intuito conscientizar a sociedade para que as pessoas entendam a gravidade do assunto e a importância da denúncia. 

Ilustração por Mariana Taques (Foto: divulgação)

Incentivados por um projeto de sala do Colégio Positivo Internacional, onde os jovens estudam, Paola e Artur escolheram esse tema por ser atual e presente na vida de diversas mulheres. “Inicialmente, planejamos apenas fazer o cartaz — que já está exposto em vários prédios de Curitiba —, mas com o tempo tivemos a ideia de uma landing page que apresenta diversas informações a respeito do assunto, incluindo uma entrevista com a psicóloga Claudia Cobalchini”, conta Paola. A dupla planeja, também, disponibilizar vídeos de defesa pessoal através da landing page.

Com a campanha divulgada nas redes sociais, majoritariamente no Instagram, Paola Nogaroli e Artur Cintra tiveram um retorno muito positivo: vários compartilhamentos através dos stories e muitas pessoas falando sobre o assunto. Para Paola, a divulgação desse projeto é muito importante, principalmente após ela e Cintra se depararem com o depoimento de uma vítima feito através do site. “Após esse acontecimento, percebemos ainda mais a importância da nossa causa e isso nos mostrou como há vitimas em todos os lugares e, muitas vezes, as pessoas ao redor nem se dão conta”, relata ela.

Defesa de causas nobres

Apesar de jovens, Paola e Artur se empenharam para defender as mulheres em situações de violência e, no futuro, ambos pretendem fazer outros projetos. Paola, que já defende outras causas, pretende apoiar áreas como sustentabilidade, diversidade e direitos humanos. Já Cintra conta que é contra o racismo e pretende trabalhar em outros projetos futuramente.

Paola Nogaroli e Artur Cintra (Foto: divulgação)

Quando questionados sobre a defesa de causas nobres mesmo sendo tão jovens, Paola afirma que não há idade certa para debater esses assuntos. “Na minha opinião, é necessário discutir temas como esse em qualquer idade, pois as crianças de hoje farão a diferença amanhã. A violência doméstica, especificamente, é um assunto que impacta não só a mulher, mas também as crianças da casa. Se o assunto fosse mais discutido, talvez essas crianças sentissem liberdade de denunciar a agressão. O que muitos não se dão conta é que jovens são, sim, capazes de discutir assuntos como esse e tentar fazer a diferença”, conclui.

Para acessar a landing page, clique aqui.

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