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Galeria 31 estreia no residencial ÍCARO com uma “explosão de arte”

Alfredo Gulin Neto, Andressa Gulin e Malu Meyer falam sobre a Galeria 31, que inova ao levar obras de arte para dentro de um empreendimento imobiliário

Quem passa pelo número 70 da rua Vereador García Rodrigues Velho, no Cabral, mal imagina a dimensão do novo empreendimento que ali está prestes a ser inaugurado. Trata-se do ÍCARO, novo residencial da incorporadora AG7, que oferece apartamentos aos moldes de casas suspensas e avança nos conceitos de morar. Dentro dessa nova proposta está a Galeria 31: o projeto de vanguarda repensa o consumo de arte ao reunir diversos artistas e designers em uma das casas suspensas do empreendimento imobiliário, saindo dos tradicionais espaços de museus e galerias de arte. Trata-se, segundo Malu Meyer, idealizadora da Galeria 31, de um passo importante de formação de público – em especial, no sentido de criar novos colecionadores.

A galeria era uma ideia antiga de Alfredo Gulin Neto, CEO da AG7, e de sua irmã Andressa Gulin, diretora de marketing da incorporadora. Assim que surgiu a oportunidade, chamaram Malu, parceira de outros projetos, e deram início ao desenvolvimento da Galeria 31. O objetivo é que os visitantes consigam ver como é possível decorar uma casa inteira apenas com… arte! Aliás, com arte contemporânea, o perfil do espaço.

A partir do dia 25 de abril, o público já pode conferir, gratuitamente, as obras que compõem a exposição Onde termina o sol e começa o céu. Prepare-se para o encanto de Rodrigo Ohtake, Rodolpho Parigi, Willian Santos e Ronald Sasson, além de peças exclusivas produzidas por Marcelo Stefanovicz. A galeria ainda oferece outras experiências, como peixes na banheira, projeções de pessoas cozinhando e frases na cozinha, entre outras.

No bate-papo a seguir, feito poucos dias antes da abertura da Galeria 31 com Alfredo, Andressa e Malu, no residencial ÍCARO, o trio falou sobre a cena artística atual, sobre como a galeria revoluciona os moldes tradicionais de consumo de arte e outras experiências promovidas pelo ÍCARO. Spoiler: elas nos passaram quatro artistas incríveis para você ficar de olho neste ano!

TOPVIEW: De onde veio a ideia de levar uma galeria de arte e design para dentro de um empreendimento imobiliário?
Andressa: O mercado em si está se transformando e, por isso, precisamos trazer novidades e experiências novas para o consumidor. A ideia surgiu de maneira um pouco informal, junto com a Malu Meyer, [com o intuito] de trazer a arte para dentro do ÍCARO, uma vez que todo o processo da AG7 com o lançamento desse empreendimento sempre incentivou muito os movimentos ligados à arte: tivemos a Galeria AG7, a AG7 é patrona do MON [Museu Oscar Niemeyer] e vários eventos de incentivo. [A Galeria 31] é uma maneira de formalizar o legado da arte, em que a Malu traz mais conceitos de arte para perto do consumidor (…), vários artistas contemporâneos, com questões da arte, do design e da arquitetura que se permeiam, para que as pessoas possam conhecer mais sobre a arte, a arquitetura, o empreendimento e a galeria – isso tudo no mesmo lugar.
Alfredo: Já fizemos outros projetos com a Malu e queríamos criar esse novo projeto juntos para tirar a arte das galerias e museus para colocar nesse empreendimento, que é uma explosão de arte.

Como foi o processo?
Andressa: Foi muito legal, porque todo mundo sentou na mesa e disse: “vamos fazer!”. Isso foi criado por muitas mãos, temos uma equipe de mais de 15 pessoas que dedicaram tempo e esforço, sem saber muito o que ia ganhar com isso.
Malu: Não deu tempo nem de fazer protótipo das obras do Marcelo [Stefanovicz]. É importante frisar a confiança dos artistas também, que compraram a ideia.

A obra preferida da Malu Meyer, de autoria de Willian Santos, na Galeria 31. Foto: Eduardo Macarios/divulgação.

A AG7 já tinha feito uma experiência similar?
Alfredo: Com esse porte e com essa envergadura e riqueza, ainda não. Mas já fizemos muita coisa relacionada à arte: fizemos uma galeria pop-up no Pátio Batel, patrocinamos leilões de arte, somos patronos institucionais do MON. Fizemos três eventos relacionados à arte enquanto este prédio estava em construção. A AG7, a arte e o design têm uma relação inseparável. Um dos motivos de estarmos aqui, criando essa galeria, é estar ainda mais estar inserido no mundo da arte, promovendo mais arte e educando mais. E, no fim, a gente se acha meio artista também. Os lugares em que colocamos a mão para trabalhar, com muitos profissionais envolvidos, acabam se tornando lugares de contemplação, de mudança visual e estética na microrregião envolvida – trazem uma cultura arquitetônica um pouco mais sofisticada e profunda do que as pessoas estão acostumadas. Então, gera uma transformação que faz parte do que a gente está se propondo a fazer, de questionar e trazer o que achamos de mais interessante e edificar isso. Não só fazer o ordinário por fazer e para ganhar dinheiro. Tem um propósito maior. Estamos sempre nesse caminho e esperamos fazer essa galeria durar muito tempo – saindo daqui e ir para outros lugares. É uma vontade que estamos semeando e construindo há anos, mas sabemos que só a longo prazo construímos um legado de arte.

“O mercado está se transformando e precisamos trazer novidades e experiências novas para o consumidor.” – Andressa Gulin

Qual a relevância do projeto?
Malu: É educar as pessoas para apreciar e consumir arte. Os arquitetos em Curitiba têm o hábito de colocar mármore, madeira, papel de parede, espelho – não tem obra de arte [nos projetos]. [A Galeria 31] é uma forma de apresentar para as pessoas e para os arquitetos que eles podem colocar obras ao invés de outras coisas.
Andressa: Uma das frases do manifesto da galeria é [sobre] criar e questionar. A arte questiona o comportamento: por que estamos fazendo sempre da mesma forma. O questionamento da arte traz, também, o questionamento de como você mora, como você vive, como você se expressa. Aqui, temos um projeto diferente por sua concepção: deixa de ser um apartamento, são casas suspensas. Traz uma nova reflexão não apenas de como se expressar, mas de como vivemos, como moramos. [A arte] amplia os horizontes, [mostra] que existe uma forma diferente de fazer – e esse empreendimento simboliza isso: a AG7 constrói diferente porque a gente acredita em um mundo diferente. Se fizermos sempre a mesma coisa, o mundo fica igual, é mais do mesmo. Esse espaço te permite questionar e refletir como você quer viver, o que é importante para você, te tira da zona de conforto. E que legal é sair da zona de conforto! Te mostra outras possibilidades, muito além daquelas que você conhecia.

“Queríamos criar esse novo projeto juntos para tirar a arte das galerias e museus para colocar nesse empreendimento, que é uma explosão de arte.” – Alfredo Gulin Neto

Andressa, qual é a sua relação com a arte?
Andressa: Eu sou uma super entusiasta da arte. A arte traz efetivamente o que estamos perdendo nos últimos tempos: se permitir sentir, se conectar com o sentimento e a expressão de uma forma diferente do que é estar conectado hoje, o dia inteiro. [A arte] traz uma reflexão, um aprimoramento e uma evolução pessoal muito grande.

“[O propósito da Galeria 31] é educar as pessoas para apreciar e consumir arte.” – Malu Meyer

E quem são os artistas da cena atual para se ficar de olho?
Malu: Os artistas que estão aqui e foram destacados pela Veja São Paulo como novos talentos brasileiros são o João GG (@joaogg) e o Mano Penalva (@manopenalva). O Flávio Cerqueira (@flavinhocerqueira) é um artista super em ascensão. Tem muitos talentos novos.

Andressa: O William Santos também (@williansantos_studio).

Galeria 31
Mesa criada pelo designer Marcelo Stefanovicz. Foto: Eduardo Macarios/divulgação.

O projeto parece se relacionar com a ideia de levar sempre algo a mais para o público – levar experiência. Que outros diferenciais, além da galeria, o ÍCARO apresenta nesse sentido?
Malu: O espaço em si se torna um hub de conhecimentos e experiências. A primeira coisa é que o espaço vai estar aberto para os moradores, para convidarem amigos para jantar aqui. Assim as pessoas conseguem receber [convidados] sem o apartamento estar pronto efetivamente. A gente planeja trazer vários eventos que conversam com a arte – o espaço, inclusive, está aberto para empresas que queiram utilizar e atingir seu próprio público com experiências diferentes. Mais do que informação, o que a gente precisa é transformar o conhecimento, e [o ÍCARO] se torna um espaço para isso.
Alfredo: O prédio, por si só, tem muita personalidade. A hora que você olha para ele, você se apaixona ou não gosta. Mas alguma opinião você tem. E existe todo um ambiente relacionado ao design e à arquitetura. Mais até do que as questões de luz e sustentabilidade – que são super importantes –, aqui a pessoa vai crescer com a família em um ambiente em que vai ver design, conteúdo, exclusividade e sofisticação em cada detalhe. As pessoas que compram aqui são famílias que consomem arte. Têm uma relação de consumo muito mais robusta, no sentido de consumir porque acredita nisso.

“Os lugares em que colocamos a mão para trabalhar, com muitos profissionais envolvidos, acabam se tornando lugares de contemplação, de mudança visual e estética na microrregião envolvida – trazem uma cultura arquitetônica um pouco mais sofisticada e profunda do que as pessoas estão acostumadas.” – Alfredo Gulin Neto

Esse projeto vai além do cubo branco, da experiência tradicional de museu. O que isso representa para a cena artística atual?
Malu: Tem uma diferença de você apresentar a arte no museu, na galeria ou em um empreendimento. Tem esse preconceito da venda no mercado da arte que nós precisamos quebrar. Assim, a gente demonstra como é ter uma casa cheia de arte. A minha casa é assim, a casa da Guita Soifer é assim – são cinco casas assim na cidade [risos].

“Ainda é preciso educar os consumidores, porque todo mundo olha e acha lindo, mas os artistas não vivem de beleza.” – Malu Meyer. Foto: Eduardo Macarios/divulgação.

“Esse espaço te permite questionar e refletir como você quer viver, o que é importante para você, o que te tira da zona de conforto.” – Andressa Gulin

Malu, você tem uma relação muito forte com a cena artística da cidade, seja como galerista ou promovendo eventos inovadores como este e como os leilões às cegas. Como vê o desenvolvimento dessa cena – incluindo por parte dos colecionadores – nos últimos anos?
Malu: Acho que está aumentando e isso é bem importante. Várias galerias abriram – eu mesma tenho a SOMA Galeria há um ano e meio, é super jovem. Acho que tem uma efervescência, mas ainda é preciso educar os consumidores, porque todo mundo olha e acha lindo, mas os artistas não vivem de beleza.

SERVIÇO:
Galeria 31_R. Ver. García Rodrigues Velho, 70, Cabral
Quintas e sextas-feiras, das 17h às 20h, com visita guiada às 18h; sábados, das 14h às 17h, com visita guiada às 15h.
As visitas devem ser agendadas pelo link.
Entrada gratuita.

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