Saiba quais lições o mundo da moda tem aprendido
As semanas de moda são destaque nas grandes capitais pelo mundo. Então, como sempre, todos os olhares se voltam para os desfiles de luxuosas grifes e para as lições que elas podem nos passar.
Mas, hoje eles não só vêm recheados de tendências – ou “reciclagens”, como propõe Laura Kubrusly nesta edição –, mas também de causas positivas e de polêmicas.
Afinal, o mundo da moda precisou se adaptar. Pois as passarelas já não são mais somente um lugar para desfilar looks, belezas padronizadas e ditar tendências.
Mais que isso, muitas empresas têm aprendido que é preciso ter uma ideia para transmitir. Muito estimuladas por um público mais consciente, as marcas buscam uma causa com o fim de apoiá-la e ter seu lugar no mundo fashion.
O contrário também é certo: pedidos públicos de desculpas já não são o suficiente. Constantemente são estimulados boicotes contra marcas que caminham desse modo: na contramão da diversidade e de uma sociedade mais justa.
Listamos, a seguir, as lições mais marcantes aprendidas no curso dessa transformação.
Diversity wins
O Conselho de Estilistas de Moda dos Estados Unidos (CFDA) acrescentou, ainda que pela primeira vez, uma estilista transgênero à programação da New York Fashion Week.
Pierre Davis é diretora criativa da marca No Sesso, que desfilou sua coleção outono/inverno. O desfile foi repleto de reinterpretações de peças que, de acordo com a história, caracterizaram os gêneros.
Na edição de 2018, a NYFW já havia recebido o desfile da grife Marco Marco, que, pela primeira vez, levou à passarela um casting com 34 modelos transgênero.
Para todos os corpos
Também na NYFW, a ditadura dos corpos magros, jovens e altos está com os dias contados.
As marcas aprenderam as lições e as levaram às passarelas. Além das modelos plus size de Christian Siriano, modelos mais velhas, foram vistas nos desfiles da Chromat e da Deveaux. Ericka Hart, modelo negra e transsexual, desfilou com os seios à mostra pela Gypsy Sport, mostrando as cicatrizes da mastectomia que fez após descobrir um câncer em 2014.
Em Paris, a Tommy Hilfiger também mostrou que ficou de olho nas lições e está disposta a quebrar padrões com modelos plus size e um casting 100% negro
Moda eco – o futuro?
Em Londres, o uso de pele animal foi banido desde a temporada primavera/verão, assim também se confirma a tendência já vista em marcas como Versace, Burberry e Gucci.
Mas neste ano, Emmanuelle Rienda foi ainda mais longe. Foram reunidos 54 representantes de marcas de moda conscientes como resultado da primeira Semana de Moda Vegana, em Los Angeles. Nos desfiles 100% veganos, foram vistos vestidos de noiva e tecidos feitos com fibras de abacaxi e laranja.
No Brasil, já existe uma proposta parecida, a Brasil Eco Fashion Week. Com oficinas, palestras e desfiles a semana é, por fim, voltada a fomentar a moda ecofriendly.
Ativismo é tendência
Em Paris, Stella McCartney usou tatuagens a fim de transmitir mensagens. Frases como “there’s no planet B”, “vegan”, “green is the new black”, e “all is love” estamparam o corpo das modelos.
Embora inicialmente muito questionado, o estilo eco de Stella hoje representa uma marca de 250 milhões de euros ao ano.
Também conhecida por desfiles que se transformam em verdadeiros manifestos, Vivienne Westwood exibiu vídeos, bandeiras e frases abordando temas políticos, sociais e ambientais . Aliás, ela já foi considerada a Coco Chanel dos dias de hoje.
*Matéria originalmente publicada na edição 223 da revista TOPVIEW.
Leia mais:
Reciclagem na moda? Confira o que vai bombar na próxima estação