FASHION

A moda em cocriação com a natureza

Nossa íntima relação com a roupa por meio de composições naturais

Na Índia, a cortina de algodão que balança de manhã, no primeiro sol, é a protagonista da passagem da boa energia, pela janela. Na França, andava uma mulher pela calçada, trocando seu ar com o próprio ar do ambiente, com o vestido de linho amassado, sem a menor intenção de passar. Foi em 2019, porque agora quase não se anda mais.

Andamos dentro, investigando gavetas do corpo e da casa e com uma vontade do natural que muito se deve ao fato de este ser a força da natureza, que não se pode mudar e sim fluir com ela. Portanto, o natural pede passagem para a moda, para fluir livre e nem por isso desconectado da tecnologia, dos novos tempos. O campo, local que nosso olhar retorna em tempos de crise, está modernizado e em crescimento. Fato que se reflete na moda, traduzido em composições naturais, como se a roupa, ao cair no corpo não tivesse planos assim como nós em 2021. Falamos mais do têxtil do que a própria forma dele, e eu acho isso de deixar a matéria-prima ser cocriadora, um ato nobre.

(Foto: divulgação | Projeto Zero Um)

A roupa chega confortando no abraço do caimento do tecido e revelando uma natureza estética do Brasil que não está no adorno nem na cor, mas debaixo da terra. Algodão, linho, fibras naturais, caramelos, cores gastas, cores da natureza tomam conta dos corpos, na tentativa de nutri-los. Um sonho econômico de viver do que temos, se você trouxer mais disso para o seu guarda-roupa.

Há uma fusão ritualística entre modelagem e têxtil por parte dos criadores contemporâneos de moda mais sensíveis, que evidenciam origens e inspirações de lugares que nos fazem sentir segurança, conforme a vida desenha o 2021. assim, a roupa, como diria membros de uma corte no século XVI, parece simples.

Por ser de algodão, mas hoje sabemos que é um luxo cedido pelo campo que, gentilmente nos dá, se plantar. o campo que chega até nossas roupas fala muito mais de sensação do que da contemplação dos detalhes. Talvez assim, a moda vai se virando, no sentido de ser livre, 360 graus, na liberdade que nosso formato “corpo do sofá” precisa.

*Coluna originalmente publicada na edição #248 da revista TOPVIEW.

Deixe um comentário