PLANEJAMENTO URBANO: A (re)construção das cidades
Uso racional dos recursos renováveis e não-renováveis, criação de sistemas de mobilidade alternativos, infraestrutura urbana e saneamento básico são alguns dos assuntos que ocupam a agenda dos especialistas em planejamento urbano e dos gestores públicos. Essas questões desafiam os profissionais a criar soluções viáveis e que possam ser implementadas em um futuro bastante próximo nas grandes cidades do mundo. A convite da TOPVIEW, quatro escritórios de arquitetura e urbanismo de Curitiba elencaram pautas que devem ser priorizadas pelas metrópoles em todo o mundo nos próximos anos para que o planejamento urbano seja eficaz.
Planejamento urbano
Urbanização acelerada por Numa Arquitetos
O crescimento populacional acelerado e a ocupação desorganizada dos espaços territoriais – principalmente dos urbanos –, assim como os impactos sociais e econômicos que esse cenário traz, estão entre as preocupações do trabalho desenvolvido pela equipe do numa arquitetos, estúdio curitibano comandado pelos arquitetos e urbanistas Alexandre Kenji Okabaiasse e Vitor Takahashi. Para Takahashi, alguns dos reflexos dessa taxa de urbanização acelerada são percebidos na questão da mobilidade. O aumento da frota de veículos exige a criação de sistemas de mobilidade alternativos. O arquiteto ressalta que as novas tecnologias, aliadas a políticas públicas mais amplas, precisam ser encaradas como ferramentas essenciais para democratizar o acesso às cidades e permitir a criação de espaços sustentáveis.
Saneamento básico por Saboia – Ruiz Arquitetos
Um relatório realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em parceria com a Unicef mostra que aproximadamente 2,2 bilhões de pessoas não têm acesso à água potável e 4,2 bilhões não contam com serviços de saneamento básico. Para o arquiteto e urbanista Alexandre Ruiz, do Saboia + Ruiz Arquitetos, esse é o principal desafio urbanístico das cidades, aliado ao acesso à moradia e a serviços. Segundo ele, as cidades agora devem buscar a sua correta consolidação e densificação para interromper o processo de expansão urbana sem qualidade. “No Brasil, ainda temos mais da metade do esgoto sem tratamento e despejado diretamente na natureza”, pontua.
Mobilidade, habitação e uso do espaço público por Grifo Arquitetura
Mobilidade, habitação e uso do espaço público são os principais desafios que as cidades precisam enfrentar desde já, segundo o arquiteto e urbanista Igor Spanger, um dos nomes à frente da Grifo Arquitetura. O arquiteto destaca que existe uma grande demanda por habitação nas áreas urbanas. E, na opinião dele, os novos empreendimentos precisam focar no aproveitamento de terrenos ociosos próximos às regiões centrais das grandes cidades antes de expandir a malha urbana. Nessas localidades, Spanger aposta nos projetos de uso misto, que mesclam moradia e espaços comerciais e de escritório, com infraestrutura para lazer e cultura integrada ou próxima. “Isso diminui a necessidade de grandes deslocamentos”, explica.
Cidadão como protagonista por Solo Arquitetos
Devolver a cidade à população e colocar o pedestre como protagonista do espaço urbano, nas ruas, calçadas, praças e parques: além de ser considerado o maior desafio dos próximos anos pela equipe da SOLO Arquitetos, esse é o foco do trabalho do escritório, de acordo com os arquitetos Gabriel Zem Schneider e Lucas Aguillera e Shinyashiki. De acordo com os profissionais, o automóvel conquistou o espaço que antes era dos cidadãos e modificou o conceito do espaço público, que deixou de ser um ambiente de encontro para se transformar em um local de passagem. Schneider e Shinyashiki enfatizam que projetos e ações que valorizam o pedestre têm impacto em áreas como economia, segurança e saúde, além de estimular uma sociedade mais inclusiva, participativa e empática.
*Matéria originalmente escrita por Danielle Blaskievicz e publicada na edição 228 da revista TOPVIEW.