Pacific Jazz: conheça o trio que encanta com seu “natural feeling”
Hermeto Pascoal, o mestre da música brasileira, diz que o músico é meio mágico, só que sem truques e sem esconder nada. Ver uma apresentação da Pacific Jazz é comprovar essa teoria e ainda se encantar com os sons e os arranjos que surgem em tempo real, sem regras nem ensaios prévios. “Queremos expressar sentimento e o que o presente está nos dando por meio de sons. A música é muito louca porque ela te toca sem te tocar”, conta Paulo Henrique S. Soares, baterista do trio.
Da mesma escola de improvisação do grande mago, o trio curitibano composto pelo Paulo, Pedro Afara (baixista) e Eduardo Azevedo (pianista) cria novas obras a cada show. A base é o jazz funk e o jazz fusion, mas não há limites nas criações – cada um transforma em notas musicais o que está sentindo naquele momento. É o natural feeling.
“A música não pertence à gente, ela só passa por nós” — Paulo Henrique S. Soares, baterista do trio
“A música não pertence à gente, ela só passa por nós. A gente chega [para o show], se desarma e sabe que tudo vai acontecer”, diz Paulo. A banda existe oficialmente há oito meses e, agora, seus membros viram a necessidade de documentar suas obras. Estão gravando seis álbuns – todos na mesma proposta: deixar a música nascer naturalmente. Cada um terá um convidado para adicionar um instrumento à mistura: o primeiro será com Elipse e seu teremim, um dos primeiros puramente eletrônicos; o segundo apresenta o flautista Lucas Lobo.
Jazz way of life
Jazz não é apenas um estilo musical, mas uma forma de encarar o mundo, afirma o crítico Roberto Muggiati. Esse trio que o diga. Com críticas sociais e retratos do cotidiano brasileiro, já aproveitaram as ruas para levar a mensagem para mais gente. “A pessoa nos dá o que tem de melhor: o tempo. A música tem esse poder de juntar as pessoas e a gente faz isso no meio do caos, que é a cidade”, analisa Paulo. “Tudo é instrumento para uma ação: a gente escolhe como e qual ferramenta vai usar. Escolhemos usar a música.”
“Não sou músico, sou um otimista sonoro. Nas nossas músicas, não existe o erro, é tudo uma experimentação” — Paulo Henrique S. Soares, baterista
Mesmo após a época de ouro do jazz em Curitiba, lá entre as décadas de 1940 e 1970, hoje a banda aproveita a proliferação de bares e espaços dedicados ao gênero. Toca semanalmente no Raposa Clube Recreativo e no Lagundri. Quer tocar em festivais, mas não almeja rádios ou o caminho comercial típico dos artistas, entendendo que qualquer palco é válido – o que importa é deixar a música fluir.
Pacific Jazz indica
Os álbuns e estilos que compõem o universo da banda
JAZZ FUNK_ Herbie Hancock. Man-Child (1975)
FREE JAZZ_ Miles Davis. Bitches Brew (1970)
JAZZ FUSION_ Weather Report. Heavy Weather (1977)
BRAZILIAN JAZZ_ Quarteto Novo. Quarteto Novo (1967)
JAZZ RAP_ Guru. Guru’s Jazzmatazz Vol.1 ( 1993)
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Contato: (41) 9 9936-8957 (Paulo)
*Matéria publicada originalmente na edição 226 especial Gastronomia.