ESTILO ARQUITETURA & DECORAçãO

Móveis brasileiros ganham status de arte em Curitiba

Bossa inaugura sábado (18) com mobiliário histórico de Oscar Niemeyer e Jorge Zalszupin; evento também tem exposições de arte contemporânea

Nos vernissages da galeria Simões de Assis, dois grandes bancos acomodam os espectadores que repousam o interesse pelas obras de arte. Nem todos sabem, porém, estar sentados sobre peças de Sergio Rodrigues e de Jorge Zalszupin. Aí entra a Bossa, empreendimento do grupo à frente das galerias SIM e Simões de Assis que confere ao mobiliário brasileiro moderno o status de obra de arte.

Em mostras que se assemelham a exposições, o espaço vai apresentar peças dos anos 1950 aos 1980, garimpadas nos últimos nove meses, de nomes como Oscar Niemeyer, Giuseppe Scapinelli e Geraldo de Barros. “Tratamos as peças de mobiliário como peças escultóricas”, compara o diretor da Bossa e sócio da SIM, Guilherme Simões de Assis. Tal formato, que vai além da comercialização dos móveis, pretende dar acesso ao público a informações e raridades do design brasileiro.

A primeira “exposição” é dedicada a Niemeyer e ao polonês naturalizado brasileiro Jorge Zalszupin e apresenta peças icônicas dos arquitetos, bem como seis desenhos do criador do “Olho” do MON. A abertura da Bossa é sábado (18), das 11h às 15h, com entrada franca.

 Mesa
 Andorinha em 
jacarandá, projetada 
por Jorge Zalszupin nos anos 1960, expressa as linhas 
elegantes do arquiteto e designer. Zalszupin começou a desenhar móveis na falta de mobiliário no mercado para acompanhar as casas modernas que fazia.
Mesa
 Andorinha em 
jacarandá, projetada 
por Jorge Zalszupin nos anos 1960, expressa as linhas 
elegantes do arquiteto e designer.

Para Guilherme, a importância desse período no design brasileiro está relacionado à “efervescência” de diferentes universos e marcos, como a industrialização, Brasília e a Bossa Nova. “Foi uma quebra de paradigma”, explica, em referência ao estilo colonial então predominante na mobília. “Dos anos 1940 em diante, vem a questão de buscar o novo, e a abertura a referências de países europeus, dos EUA. Isso fortaleceu o design de mobiliário.”

Zalszupin começou a desenhar móveis na falta de mobiliário no mercado para acompanhar as casas modernas que fazia.
Zalszupin começou a desenhar móveis na falta de mobiliário no mercado para acompanhar as casas modernas que fazia.

O garimpo de reedições e originais percorre o país e passa pela certificação de autenticidade e possível restauração. Pode ser um nicho embrionário em Curitiba, mas a criação da Bossa está relacionada à recente projeção internacional desse recorte. Guilherme cita o acervo do MoMA e um leilão recente em Paris, onde a cadeira Três Pés, de Joaquim Terneiro, foi vendida por mais de 168 mil euros. “É um momento de redescoberta internacional do mobiliário brasileiro, como aconteceu com a arte”, avalia.

 

Galerias SIM e Simões de Assis abrem duas exposições no sábado (18)

Obra do curitibano radicado em São Paulo André Azevedo, que expõe pela primeira vez na SIM Galeria.
Obra do curitibano radicado em São Paulo André Azevedo, que expõe pela primeira vez na SIM.


Além da abertura da Bossa, as galerias SIM e Simões de Assis (que ficam no mesmo terreno) realizam uma ação em conjunto, lançando duas mostras inéditas de arte contemporânea, também das 11h às 15h.

A SIM Galeria reúne obras do artista curitibano André Azevedo, que expõe pela primeira vez no espaço, e do norte-americano James English Leary, que atualmente está em residência artística em São Paulo (SP) produzindo as obras para a exposição, que será sua primeira no Brasil.

Obra do norte-americano James English Leary, que é também cineasta e educador. Seu trabalho foi incluído no Whitney Biennial, exposição no MoMA PS1 e no Sundance Film Festival.
Obra de James English Leary, que é também cineasta e educador. Seu trabalho foi incluído no Whitney Biennial, exposição no MoMA PS1 e no festival Sundance.

Nesta mostra, os artistas extrapolam os limites convencionais de telas com formatos estritamente geométricos, assim como enriquecem seu suporte com mídias que transitam entre o bidimensional expográfico e o tridimensional próprio de seus objetos-tema: o tecido que veste e o corpo que se transveste.

Simões de Assis Galeria de Arte inaugura mostra individual do mineiro Marcos Coelho Benjamim.
Simões de Assis Galeria de Arte inaugura mostra individual do mineiro Marcos Coelho Benjamim.

Já a Simões de Assis Galeria de Arte abre a mostra individual do mineiro Marcos Coelho Benjamim: Benjamim – Tudo está aqui. Sua produção é caraterizada pela repetição de ritmos, utilização de materiais usados, na fronteira entre escultura e pintura. Benjamim expôs individualmente em diversas capitais brasileiras, bem como países como Alemanha, Holanda e Estados Unidos.

Serviço
As galerias SIM e Simões de Assis Galeria de Arte e a Bossa – Mobiliário Moderno Brasileiro ficam na Al. Presidente Taunay, 130, no Batel.
O evento será realizado das 11h às 15h, com entrada gratuita.
Mais informações pelo telefone (41) 3222-9879.

Bossa – Mobiliário 
Moderno Brasileiro
(41) 3222-9879
Al. Pres. Taunay, 130-B, Batel.
De terça a sexta-feira, das 10h às 19h; 
sábado, das 10h às 15h.
Abertura: sábado (18), das 11h às 15h.

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