Móveis brasileiros ganham status de arte em Curitiba
Nos vernissages da galeria Simões de Assis, dois grandes bancos acomodam os espectadores que repousam o interesse pelas obras de arte. Nem todos sabem, porém, estar sentados sobre peças de Sergio Rodrigues e de Jorge Zalszupin. Aí entra a Bossa, empreendimento do grupo à frente das galerias SIM e Simões de Assis que confere ao mobiliário brasileiro moderno o status de obra de arte.
Em mostras que se assemelham a exposições, o espaço vai apresentar peças dos anos 1950 aos 1980, garimpadas nos últimos nove meses, de nomes como Oscar Niemeyer, Giuseppe Scapinelli e Geraldo de Barros. “Tratamos as peças de mobiliário como peças escultóricas”, compara o diretor da Bossa e sócio da SIM, Guilherme Simões de Assis. Tal formato, que vai além da comercialização dos móveis, pretende dar acesso ao público a informações e raridades do design brasileiro.
A primeira “exposição” é dedicada a Niemeyer e ao polonês naturalizado brasileiro Jorge Zalszupin e apresenta peças icônicas dos arquitetos, bem como seis desenhos do criador do “Olho” do MON. A abertura da Bossa é sábado (18), das 11h às 15h, com entrada franca.
Para Guilherme, a importância desse período no design brasileiro está relacionado à “efervescência” de diferentes universos e marcos, como a industrialização, Brasília e a Bossa Nova. “Foi uma quebra de paradigma”, explica, em referência ao estilo colonial então predominante na mobília. “Dos anos 1940 em diante, vem a questão de buscar o novo, e a abertura a referências de países europeus, dos EUA. Isso fortaleceu o design de mobiliário.”
O garimpo de reedições e originais percorre o país e passa pela certificação de autenticidade e possível restauração. Pode ser um nicho embrionário em Curitiba, mas a criação da Bossa está relacionada à recente projeção internacional desse recorte. Guilherme cita o acervo do MoMA e um leilão recente em Paris, onde a cadeira Três Pés, de Joaquim Terneiro, foi vendida por mais de 168 mil euros. “É um momento de redescoberta internacional do mobiliário brasileiro, como aconteceu com a arte”, avalia.
Galerias SIM e Simões de Assis abrem duas exposições no sábado (18)
Além da abertura da Bossa, as galerias SIM e Simões de Assis (que ficam no mesmo terreno) realizam uma ação em conjunto, lançando duas mostras inéditas de arte contemporânea, também das 11h às 15h.
A SIM Galeria reúne obras do artista curitibano André Azevedo, que expõe pela primeira vez no espaço, e do norte-americano James English Leary, que atualmente está em residência artística em São Paulo (SP) produzindo as obras para a exposição, que será sua primeira no Brasil.
Nesta mostra, os artistas extrapolam os limites convencionais de telas com formatos estritamente geométricos, assim como enriquecem seu suporte com mídias que transitam entre o bidimensional expográfico e o tridimensional próprio de seus objetos-tema: o tecido que veste e o corpo que se transveste.
Já a Simões de Assis Galeria de Arte abre a mostra individual do mineiro Marcos Coelho Benjamim: Benjamim – Tudo está aqui. Sua produção é caraterizada pela repetição de ritmos, utilização de materiais usados, na fronteira entre escultura e pintura. Benjamim expôs individualmente em diversas capitais brasileiras, bem como países como Alemanha, Holanda e Estados Unidos.
Serviço
As galerias SIM e Simões de Assis Galeria de Arte e a Bossa – Mobiliário Moderno Brasileiro ficam na Al. Presidente Taunay, 130, no Batel.
O evento será realizado das 11h às 15h, com entrada gratuita.
Mais informações pelo telefone (41) 3222-9879.
Bossa – Mobiliário
Moderno Brasileiro
(41) 3222-9879
Al. Pres. Taunay, 130-B, Batel.
De terça a sexta-feira, das 10h às 19h;
sábado, das 10h às 15h.
Abertura: sábado (18), das 11h às 15h.