6 indicações de leitura para as férias
A Queda do Céu: Palavras de um Xamã Yanomami
Davi Kopenawa e Bruce Albert
Trad.: Beatriz Perrone-Moisés
Companhia das Letras
por Josely Vianna Baptista, poeta, tradutora (de autores como Jorge Luis Borges e Alberto Manguel) e escritora
“Resultado de um ‘pacto etnográfico’ entre o xamã yanomami e o antropólogo francês, esse é um livro de leitura indispensável. Está mais do que na hora de revermos em profundidade nosso ‘cânone literário’. A riqueza da epistemologia xamânica yanomami se baseia, segundo a antropóloga Mônica Lepri, em resenha da primeira edição, francesa, de 2014, ‘na experiência de ser muitos outros em si mesmo e de ser outro para tantos outros si-mesmos, em um regime de alteridade inclusiva da multiplicidade e de suas singularidades’. Palavras que estão em perfeita consonância com o que postulo em meu Roça Barroca (sobre a etnopoética dos Mbyá ): nenhum gesto sem passado, nenhum rosto sem o outro.”
Lincoln no Limbo
George Saunders
Trad.: Jorio Dauster
Companhia das Letras (lançamento em 2018)
por Caetano Gallindo, professor de Linguística Histórica na Universidade Federal do Paraná e doutor em Linguística pela Universidade de São Paulo
“Foi um ano de belas leituras. Ali Smith, Graham Swift, o último do Joca Reiners Terron (que eu li atrasado). Mas é incontornável. Nada me causou a impressão deixada por Lincoln in the Bardo (que vai sair aqui como Lincoln no Limbo, em tradução de Jorio Dauster) de George Saunders. É um livro formalmente único (mistura de teatro beckettiano e colagem de registros reais); é um romance que tensiona como poucos os limites da forma (entre história e estória, digamos); acima de tudo, é uma obra de um impacto humano único. Poucas coisas na vida, já numa primeira leitura, me deixaram impressão tão marcante.”
O Tribunal da Quinta-Feira
Michel Laub
Companhia das Letras
por Cezar Tridapalli, professor, organizador de festas literárias e escritor dos romances Pequena Biografia de Desejos (7Letras) e O Beijo de Schiller (Arte & Letra)
“Falar mal dos outros, julgando-os, é arte das mais antigas, forjada pelo homem primitivo, quando viu que a caverna do vizinho parecia mais bonita. Se é a sexualidade alheia que vem a público, dentes caninos se afiam, saliva cai do canto da boca. O Tribunal da Quinta-feira narra uma traição conjugal amplificada pela mania contemporânea de fazer das redes sociais um imenso e caótico júri popular. Ao ter a vida íntima arremessada ao escrutínio coletivo, o protagonista-narrador verá do que são capazes os juízes sempre prontos para cacarejar suas certezas indiscutíveis.”
Editores Artesanais Brasileiros
Gisela Creni
Autêntica
por Marcelo Del’Anhol, sócio e editor das Edições Olho de Vidro
“Um dos livros mais interessantes que pude ler neste ano é Editores Artesanais Brasileiros, publicado em 2013. O livro conta a história de pequenas editoras que estiveram em atividade ao longo do século 20 e se dedicaram à produção artesanal de livros de literatura. Entre as editoras apresentadas, estão O Livro Inconsútil, criada por João Cabral de Melo Neto quando residiu na Espanha pela primeira vez, Edições Hipocampo, dos escritores Geir Campos e Thiago de Mello, e O Gráfico Amador, idealizada por Gastão de Holanda no Recife.”
Prateleira TOPVIEW
Os lançamentos que amamos em 2017 e você tem que ler nos feriados de fim de ano.
Anos de Formação – Os Diários de Emilio Renzi
Ricardo Piglia
Trad.: Sérgio Molina
Todavia
Nunca Houve Tanto Fim Como Agora
Evandro Affonso
Ferreira
Record
Anjo Noturno
Sérgio Sant’Anna
Companhia das Letras
Uma História do Samba
Lira Neto
Companhia das Letras
Baiacu
Edição: Laerte e Angeli
Todavia
*Matéria publicada originalmente na edição 206 da revista TOPVIEW.