ESTILO

Inhotim, o maior museu a céu aberto do Brasil

Completando dez anos, o espaço traz grandes nomes nacionais e internacionais da arte contemporânea em uma grande experiência sensorial

Um bom par de tênis nos pés e os sentidos bem aguçados. É só o que você precisa para conhecer o Instituto Inhotim, instalado em Brumadinho, cidadezinha mineira com pouco mais de 30 mil habitantes que fica a 60 quilômetros de Belo Horizonte (MG).

Diferente dos museus de arte convencionais, o Instituto que celebra neste ano uma década da abertura para visitação é interativo e inova na forma de expor seu acervo: no lugar de salas estéreis, galerias ricas na arquitetura e no design e grandes jardins botânicos com lagos e mata preservada.

Em 2014, ele esteve na lista dos melhores museus brasileiros do prêmio Travellers’ Choice, idealizado pelo site de viagens TripAdvisor, e visitá-lo é lembrar que somos capazes de enxergar além dos olhos.

Medo, espanto, nojo, encanto, afeto, tristeza e alegria são algumas das sensações – e sentimentos – que se vivem ao percorrer os 140 hectares de extensão do museu – um Parque Barigüi inteiro de obras incríveis!

Entre pinturas, esculturas, desenhos, fotografias, vídeos e instalações, 560 trabalhos de mais de 100 renomados artistas contemporâneos brasileiros e estrangeiros podem ser vistos hoje em exposições ao ar livre ou exibidos em uma das 23 galerias do Instituto.

Além das obras de arte, há pequenas lanchonetes e dois restaurantes: o Oiticica, um bufê a quilo simples e com referências mineiras, e o Tamboril, com culinária internacional e extensa carta de vinhos.

Até novembro do ano passado, mais de dois milhões de pessoas passaram pelo museu. Em um domingo movimentado fui uma delas e adianto que um dia é muito pouco para conhecer tudo com calma. Fiz o passeio a pé, porém, como são mais de um milhão de metros quadrados de extensão, o parque oferece carrinhos elétricos para quem não gosta de peregrinação.

Idealizado pelo empresário mineiro Bernardo Paz, o Inhotim tem seu acervo renovado de tempo em tempo. Dos permanentes,  destaco a seguir as obras e galerias que precisam entrar no seu cronograma – principalmente se, assim como eu, você decidir visitá-lo apenas por um dia.

Galeria Cosmococa

Foi criada pelo pintor, escultor, artista plástico e performático Hélio Oiticica (considerado por muitos um dos maiores artistas da história da arte) e o cineasta Neville d’Almeida em 1973. Dentro dela, é possível passear (e se perder) em um labirinto de telas, grades e cacos de vidro; nadar em uma piscina coberta, climatizada, iluminada e de água esverdeada; ou deitar em uma rede e relaxar ao som de Jimi Hendrix. 

Magic Square # 5 (1977)

De longe (literalmente) é a obra que mais lembra o Inhotim. As edificações do talentoso Hélio Oiticica foram executadas após a sua morte, mas seguindo todas as instruções que deixou. Ao andar pela instalação, você pode perceber a relação entre arte e vida, arquitetura e natureza que o artista propõe (também é o tipo de obra que rende boas fotos para o Instagram!).

Galeria Adriana Varejão

Logo na entrada, uma parede de azulejos brancos quebrada revela, no interior, algo como órgãos e pedaços crus de carne. A obra visceral é Linda do Rosário (2004), uma pintura a óleo sobre alumínio e poliuretano da carioca Adriana Varejão.

No segundo andar da galeria que traz o nome (e os trabalhos) da artista plástica que recebeu o prêmio Mário Pedrosa da Associação Brasileira de Críticos de Arte e a medalha Chevalier des Arts et Lettres do governo francês, Celacanto Provoca Maremoto (2004-2008), outra pintura a óleo e gesso sobre tela, encanta pelos detalhes.

Sonic Pavilion (2009)

No pavilhão de vidro e aço revestido de película plástica é possível – acredite! – ouvir o som do interior da Terra. Criado pelo artista plástico norte-americano Doug Aitken – que tem destaque em instituições como o Whitney Museum, MoMa e Serpentine Gallery de Londres – a obra traz microfones e equipamentos de amplificação sonora instalados a 200 metros de profundidade.

O som que ouvimos é transmitido em tempo real, por um sistema de equalização e amplificação, e chega a ser tão forte que, se você deitar na rampa de madeira que fica dentro do pavilhão, é possível sentir o corpo todo vibrar com as ondas sonoras da Terra.

Forty Part Motet (2001)

Outra instalação sonora que arrepia e emociona, mesmo para quem não é muito ligado à arte, é a da canadense Janet Cardiff na Galeria Praça. Quarenta alto-falantes circundam a sala. No centro, dois bancos.

A proposta da artista plástica – que já expôs no MoMa e é famosa por seus trabalhos baseados em instalação de áudio – é que o visitante se sente e ouça o resultado da soma de todas as vozes que saem das caixas: o coral da catedral inglesa de Salisbury. Os mais interessados podem ainda dar a volta na sala e ouvir cada som individualmente.

SERVIÇO

Inhotim – (31) 3571-9700
Rua B, 20, Brumadinho, MG. De terça a sexta, das 9h30 às 16h30. Sábado, domingo e feriado até as 17h30. 
A entrada custa entre R$ 25 e R$ 40 (depende do dia).

Onde ficar

Estrada Real Palace Hotel – (31) 3571-3521

Rodovia Municipal Augusto Diniz Murta, km 0, Brumadinho, MG – 4 km do Inhotim. Suítes Master, com cama king size 
e banheira de hidromassagem a partir de R$ 340 a diária.

Hotel Fazenda Igarapés – (31) 3522-1918

Av. Acácia Gomes, 1.000, Nova Igarapé, MG – 13 km 
de Inhotim. Suítes de madeira de frente para o lago 
a partir de R$ 700 a diária.

Pousada Estalagem do Mirante – (31) 3575-5061

Av. Nair Martins Drumond, 1.000, Bairro Retiro do Chalé, Brumadinho, MG  – 35 km do Inhotim. Suítes Top Master, 
com 90 m², lareira e adega a partir de R$ 760 a diária.

Deixe um comentário