ESTILO GASTRONOMIA

Nutrindo tradições e sentimentos

Alimento é nutrir. Sem alimento, não há corpo. Sem gastronomia, não há vida

“Toda substância digerível que sirva para alimentar ou nutrir. O que mantém, sustenta.” Essas são as definições de “alimento”. Nada nem ninguém existiria no mundo sem ele – sejam carnívoros, onívoros ou herbívoros. Até mesmo as plantas, que se alimentam por meio de fotossíntese, não fariam parte de um ecossistema se ele não existisse.

A alimentação faz parte de uma necessidade básica humana. Sem comida, não há corpo vivo ou nutrido. Não há corpo. Por isso, a gastronomia é um segmento valorizado em diversas partes do mundo e de várias maneiras, em múltiplas culturas e sociedades.

“Há uma forte relação entre a cultura e a alimentação. Um alimento nunca é apenas o que se come, porque o que se come se relaciona com o resto. É o que nossa cultura diz que é comestível”, explica a doutora em Sociologia e professora da Escola de Direito e Ciências Sociais da Universidade Positivo (UP) Violeta Caldeira.

No entanto, além de necessária – e justamente por isso –, a gastronomia se tornou um ritual social. “Eventos e afins… tudo passa pela alimentação. Quase todas as celebrações têm alimentos no meio”, explica a especialista.

Apesar de não haver um registro exato de quando esse vínculo entre a gastronomia e a celebração começou, Violeta explica que, onde há registro humano, há traços de festividades envolvendo a alimentação. “É algo que sempre existiu. Conseguimos encontrar registros em que culturas se organizavam em função dos alimentos, ou seja, eles organizavam festividades em função de rituais em torno do alimento”, relata a socióloga.

Violeta ainda descreve que essa relação era muito forte na época em que as pessoas organizavam uma festividade após a colheita. “Havia uma organização social para ajudar na plantação e na colheita, um trabalho muito intenso”, analisa. Por isso, quando chegava a hora da colheita, toda a população festejava o momento, por conta da comida.

O TIPO DE ALIMENTO E DE CELEBRAÇÃO

Apesar de o alimento e a celebração estarem interligados, nem toda celebração possui o mesmo alimento e, segundo a especialista, isso se explica por conta da cultura de cada região, que tem seus costumes. Por isso, as comidas escolhidas para serem usadas nas celebrações sofrem influência dessa cultura.

Porém, os hábitos alimentares em festividades podem ser importados de outros países, como o costume de brasileiros comerem nozes no Natal, conforme elucida a professora. “A noz é um alimento que dá no inverno. No Brasil, faz muito calor na época do Natal e, mesmo assim, come-se a comida de inverno, porque foi importada essa cultura”, contextualiza.

Catering preparado pela Petit Pop
Catering preparado pela Petit Pop

Isso ocorre porque as tradições entram em contato umas com as outras e, ao final, tudo acaba se misturando um pouco. “Por exemplo, os chineses inventaram o macarrão, mas hoje ele é superpopular na Itália”, exemplifica.

Essa mistura de conhecimentos é uma das inspirações da advogada Flávia Simões de Assis para receber amigos e familiares em casa para celebrações. “A convivência com artistas, visitas aos ateliês, exposições, viagens e a descoberta de outras culturas contribuíram para incrementar o meu conhecimento e reunir os amigos em torno da mesa”, diz.

Como “receber é uma arte” para Flávia, ela cria mesas com louças, talheres, toalhas, guardanapos e flores para cada um dos momentos especiais. Por ter uma relação de muito carinho com as celebrações, a advogada se inspira em livros sobre gastronomia para tornar as festividades ainda mais especiais.

“Gosto de livros sobre gastronomia inspirados nas receitas de grandes artistas, como À Mesa com Monet, À Mesa com Proust, À Mesa com Rodin, entre outros. Eles me encantam e me transportam para uma viagem imaginária pelo ambiente de seus ateliês e de suas receitas prediletas, em uma conexão entre arte e gastronomia”, explica. A empresária diz fazer isso para poder celebrar a vida, unindo a comemoração e a gastronomia.

A obra de Giuseppe Arcimboldo, Vertumnus, é um retrato alegórico do monarca Rudolfo II para representar a vida com a natureza
A obra de Giuseppe Arcimboldo, Vertumnus, é um retrato alegórico do monarca Rudolfo II para representar a vida com a natureza

PAPO SÉRIO

A importância da gastronomia na vida das pessoas é imensurável. Além de promover vida, saúde, bem-estar e momentos de descontração com a família e os amigos, a combinação entre gastronomia e celebração é, ainda, motivo de trabalho duro.

Criada em 2012 pela empresária e chef pâtisserie Priscila Bertholdo Petruzziello, a Petit Pop oferecia apenas doces para eventos. Atualmente, a empresa também conta com catering em suas opções. A novidade, segundo a dona, foi incorporada ao negócio porque houve a necessidade de os clientes realizarem suas celebrações apenas com um fornecedor.

E a junção dessas duas coisas tem um significado especial para Priscila: “É muito legal trabalhar com isso. Nós lidamos com pessoas felizes em momentos bons. Por isso, nosso dia a dia é muito alegre, já que estamos sempre comemorando algo. Afinal, não existe festa sem comida”, finaliza.

GASTRONOMIA PARA CELEBRAR A VIDA

NUVEM DE COCO

@nuvemdecoco

CELSO FREIRE GASTRONOMIA

@celsofreiregastronomia

KIKA MARDER GASTRONOMIA

@kikamardergastronomia 

*Matéria publicada na edição #266 da TOPVIEW

(Fotos: Renata Sedmakova | Shutterstock, Divulgação e Patrícia Amancio)

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