ESTILO

Chico Buarque e Caetano Veloso homenageiam Elza Soares com textos inéditos em publicação da União Brasileira de Compositores

A edição contará também com entrevista exclusiva com Elza, que aos 90 anos de idade afirma que "O que me dá força é o futuro"

A aguardada edição nº 47 da revista da União Brasileira de Compositores (UBC) contará com textos inéditos de Chico Buarque e Caetano Veloso em homenagem a vida e obra de Elza Soares, artista que estampará a capa da publicação trimestral gratuita, que será lançada em edição virtual dia 1º de fevereiro, no site da entidade.

Além dos textos inéditos, a edição contará com reportagem entrevista exclusiva com Elza, que aos 90 anos de idade afirma que “O que me dá força é o futuro”. Em 23 de junho do ano passado, Elza Soares celebrou, entre carinhos e homenagens, suas nove décadas de vida. No dia seguinte, já estava com a cabeça no centenário – e além. Viver do passado não é com ela. Uma das mais longevas e admiradas artistas da música brasileira, a cantora e compositora que lançou mais de 80 discos, emprestou sua voz a todos os gêneros e ritmos, viveu exilada durante a ditadura, foi casada com um mítico jogador de futebol, perdeu filhos, passou fome, caiu e se reinventou uma e outra vez parece ter assumido uma missão: ser a voz dos excluídos.

Chico Buarque beija Elza Soares em show no Garden Hall, em outubro de 2000 (Foto: Wania Pedroso/07-10-2000)

“Ao longo da minha vida, senti o racismo de todas as maneiras. Fui julgada, tentaram me diminuir, mas não parei para pensar nisso, só fui em frente. Eu não saberia dizer o que seria a Elza Soares se fosse branca. Mas sei o que eu sou: gosto de ir à luta, detesto ficar sentada esperando, eu faço acontecer”, diz a artista, que vem dando um mergulho cada vez mais profundo na denúncia do racismo e do machismo institucionais. Em suas letras, em seus discos, em sua postura pública, o empoderamento do negro e da mulher parecem ter se tornado o grande legado que ela vai construindo. “Se eu não lutar por essas coisas, que são minhas, que falam dos meus sacrifícios, das minhas perdas, quem vai lutar?”

Marcelo Castello Branco, diretor executivo da UBC, também celebra o talento da artista escolhida para estampar a primeira capa da publicação em 2021. “Elza é uma força transgressora da natureza. Sua voz abriu corredores de esperança para muitas mulheres, artistas ou não . Chegou antes e para sempre. É uma intérprete visceralmente autoral, de qualidade e repercussão internacional. Uma voz que inspira e respira o amanhã. Uma provocação irresistível de futuro melhor’, finaliza.

Deixe um comentário