ESTILO ARQUITETURA & DECORAçãO

Adriane Savi e a sustentabilidade prática

Ela promove o uso consciente dos recursos naturais e forma a nova geração de profissionais

Adriane Savi, 30 anos, é o tipo de pessoa que revela rapidamente, em suas atitudes e decisões, não ter medo algum da concorrência. Cheia de ideias e de energia para colocá-las em prática, ela vê nos acadêmicos de Arquitetura e Urbanismo futuros colegas de trabalho que quer ajudar a formar, com a consciência de que os processos no setor precisam ser revistos para garantir a sustentabilidade das futuras gerações. Coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da FAE e diretora da Tellus Arquitetura Sustentável – escritório que conduz com parceria do marido, o também arquiteto Ormy Hütner Júnior –, ela impõe na universidade as necessidades que percebeu durante a vida acadêmica: o distanciamento da realidade da profissão e a falta de conhecimento sobre novos processos com foco em inovação e sustentabilidade.

O centro da Fiat Chrysler serve de “mostruário” de técnicas sustentáveis: telhado verde, energia solar, tijolo ecológico, etc.

Especialista em Construções Sustentáveis e mestre em Engenharia Civil na linha de pesquisa sobre telhados verdes pela UFPR, Adriane é curiosa, inquieta e firme em suas opiniões. Ela demonstra que, apesar do ritmo acelerado por causa dos compromissos profissionais, está profundamente conectada à natureza. A Tellus, sua empresa, divide terreno com a casa da família, uma chácara localizada em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba. Com apenas cinco anos no mercado, seu escritório já é referência em arquitetura sustentável e atrai um público cada vez maior. A grande preocupação em seus projetos não é com a combinação de cores ou a distribuição dos espaços para agradar o visual, mas sim para que respeitem o ser humano e o meio ambiente.

Projeto residencial inserido em um bosque nativo. A premissa foi fazer a menor ocupação do terreno: a área preservada foi superior à exigência legal, podendo ser transformada em uma Reserva Particular de Patrimônio Natural.

Os termos são bastante novos para o padrão comercial: arquitetura passiva e bioclimática, isolamento das paredes, telhados verdes, entre outras soluções naturais para melhorar as condições de edificação. Hoje, o “jeito prático” do curso que coordena, e que está na sua primeira turma, é também resultado das vivências de Adriane no início de sua carreira. “É um pouco dos desafios que eu tive nas empresas em que trabalhei, respaldada pelas orientações e dicas das entidades de classe”, afirma.

“Trouxe o que eu acreditava para a faculdade.”

O projeto usa materiais naturais e que geram menor toxicidade, como pedras e tinta à base de terra e cal.

Ela destaca a necessidade de as escolas de Arquitetura prepararem melhor os estudantes durante a formação acadêmica. “Trouxe o que eu acreditava para a faculdade e as minhas ideias foram compatíveis com o que a direção estava buscando”, pontua, citando o lado de empreendedorismo e de gestão no curso. “A maioria das pessoas vai abrir o seu próprio negócio ou trabalhar gerindo projetos e pessoas. Eu, na minha formação, não vi nada disso.”

*Matéria publicada originalmente por Danielle Blaskievicz na edição 204 da revista TOPVIEW.
 

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