CULTURA ARTES

A vida simples do campo é a arte da vida

Nas artes visuais, o interior é representado muitas vezes como um mundo idealizado, em que impera a simplicidade e o convívio com a nateruza

Não há uma única pessoa nascida no Brasil atualmente que não tenha tido contato com o campo em algum momento da vida, seja porque gosta do sentimento bucólico que ele traz ou pelas histórias que seus familiares contam do passado. E, ainda, se formos regionalizar a vida simples do campo, a cada espaço brasileiro, encontramos expressões bem características.

Eu, por exemplo, venho de uma expressão bucólica mineira, especialmente do sul de Minas Gerais, no pé da Serra da Mantiqueira, onde as lembranças de infância me remetem ao fogão à lenha, queijos e doces típicos, festas de padroeiros, histórias contadas ao redor de fogueiras.

Paisagem da Bahia, por Di Cavalcanti. (Foto: reprodução)

É o que muito se imprime em artistas – contemporâneos e já consagrados pelo tempo – que, de suas telas, representam a vida simples do campo. Afinal, se hoje temos conexões com a vida simples, há tempos sabemos que são esses mesmos sentimentos que entrelaçam nossa curiosidade e nosso desejo pelo frescor que o campo representa.

Di Cavalcanti, em suas expressões modernistas, Tarsila do Amaral, em sua genialidade, e Candido Portinari, no seu realismo, são exemplos brasileiros reconhecidos e valorizados mundo afora que imprimiram do campo sinais de brasilidade em suas telas. “Continuo cheio de saudades de todos de nossa casa. Isso aqui é muito bom, muito gostoso, mas quem nasceu aí, não pode viver muito tempo fora. O Brasil é muito bom, muito mais”, disse uma vez Portinari, em sua vivência na Europa.

Casas Ribeirinhas é uma das obras de Tarsila do Amaral que retratam aspectos da vida fora da cidade. (Foto: reprodução)

A vida simples do campo, talvez hoje rodeada de muita tecnologia, que a facilita, é a saudade transformada em realidade para muitos que se retratam em uma verdadeira arte. A arte simples de viver. E, se ela inspira até hoje muitos, como não considerar o campo como forte de inspiração no dia a dia? Continue prestando atenção nos movimentos: muitos deles são trazidos do campo.

*Matéria originalmente publicada na edição #260 da revista TOPVIEW.

Deixe um comentário