Uma mãe em construção, por Luise Takashina

Tenho uma filha de quase três anos e, em plena produção desta edição, tive a reunião semestral em sua escola. Da professora, escutei que tenho uma menininha extremamente maternal e inteligente, que adora dividir os papéis nas brincadeiras – quem é a mãe, quem é a filha, quem é a médica –, às vezes tentando se impor um pouco aos amigos. Fora isso, segue estritamente o que a professora pede e faz questão de “dedurar” os amigos que não cumprem o combinado. Tudo numa boa, tudo normal para a idade.

De qualquer forma, saí de lá um pouco incomodada e fiz um exercício mental de entender da onde vinha esse padrão de comportamento. Não demorei a perceber que, no caso, era de mim mesma. Em busca de criar uma rotina e de “educar”, dou muitos comandos quando estamos juntas e sempre pontuo quando ela não fez algo que eu pedi – como escovar os dentes ou calçar os sapatos. Não teria como minha filha ser diferente, né?

Esse foi um dos muitos aprendizados que tive como mãe. Sei que ainda virão muitos. Assim como os erros. A conclusão a que chego é que, quanto mais desafios, mais informação é necessária, aos filhos e aos pais: para entender como é a família de hoje, como falar de política ou de gênero, avaliar se uma plástica vale a pena. E de informação – e de fotos lindas – esta edição está repleta.

Ela foi magistralmente conduzida por Yasmin Taketani, que faz sua estreia como editora do impresso e encarou justamente a edição em que mudamos todo o projeto gráfico. Xico e Mitie, a filha é de vocês, mas vou pedir licença e dizer que me sinto muito orgulhosa dela. O exemplo dos dois é inspirador.

[texto publicado originalmente na edição impressa número 201, julho de 2017]