ESTILO CULTURA

Conheça os destaques do Festival de Curitiba 2017

Maior evento cultural de Curitiba terá mais de 350 atrações, incluindo estreias nacionais; ingressos estão à venda a partir de 3ª feira (21)

Se em 2016 o Festival de Curitiba parece ter focado na linguagem do teatro, a presente curadoria de Guilherme Weber e Marcio Abreu para a 26ª edição, de 28 de março a 9 de abril, dá indícios de privilegiar o debate sobre o Brasil — sua história sem floreios e os presentes confrontos políticos e sociais — e a relação com o outro — em meio ao clima de polarização política e redes sociais (sem que um tenha que excluir o outro). Um olhar agudo sobre o país de hoje. “Só não me interessa o que não é meu”, diz a dupla, citando o Manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade.

Os números são similares ao ano anterior, e essa edição terá mais de 350 atrações, dentre as quais 38 na Mostra. Ingressos e a programação completa estarão disponíveis a partir de terça-feira (21/2).

Segundo os curadores, em seu segundo ano à frente da mostra principal — seção que costuma agrupar estreias nacionais, atores pops, companhias de renome e apresentações que se destacaram recentemente por todo o país –, a busca foi por um conjunto que “atravessa linguagens, busca diálogos transversais, fricciona questões fundamentais do nosso tempo e toma a cidade como palco de invenção, manifestação de diferenças, pensamento e memória”.

 

Fernanda Torres volta à cidade com o discurso erótico-libertário da baiana criada por João Ubaldo Ribeiro em “A Casa dos Budas Ditosos". (Foto: Luciana Prezia/Divulgação)
Fernanda Torres apresenta o discurso erótico-libertário da baiana criada por João Ubaldo Ribeiro em “A Casa dos Budas Ditosos”. (Foto: Luciana Prezia/Divulgação)

 

Debates urgentes têm espaço nessa seleção, que pelas sinopses vai oferecer uma alternativa à narrativa dominante. Uma das principais, ao menos pelo número de espetáculos e na sugestão da organização, deve ser a do matriarcado: Fernanda Montenegro lendo Nelson Rodrigues, Fernanda Torres em “A Casa dos Budas Ditosos”, a atuação de Juliana Galdino no excelente “Leite derramado” de Roberto Alvim (a partir do romance homônimo de Chico Buarque), Denise Stoklos revisitando seu Teatro Essencial, Lia Rodrigues e a experiência de formação e criação na Favela da Maré, entre outras.

Em meio a mais uma crise econômica e de valores que ousa opor cultura e saúde, Weber e Abreu reafirmam “a legitimidade e o espaço para a arte em todas as suas formas como instância fundamental na vida de todas as pessoas”, e pedem encontros, convivência e escuta. “Que tudo reverbere e construa memória. Que o outro, em toda a sua singularidade, seja parâmetro”, escrevem.

 

Confira abaixo alguns dos destaques da programação:

Teatro e rap: Jé Oliveira une essas duas linguagens para narrar a experiência de ser homem negro na periferia paulistana.

Internacional: a peça “Blank”, do dramaturgo iraniano Nassim Soleimanpour, que se articula ao redor da censura e opressão a artistas e traz um ator diferente a cada apresentação, estreia no Brasil com Camila Pitanga, Caio Blat, Débora Bloch, Eduardo Moscovis, Gregório Duvivier e Julia Lemertz.

Coletivos: participam o consolidado Grupo Galpão, com um espetáculo político a partir da convivência em grupo; a Companhia do Latão,que  sob o título de mais sólido projeto de teatro de reflexão política do país, traz como foco irradiador a histórica greve dos metalúrgicos de 1979 no ABC paulista; a Cia Hiato e a construção de uma dramaturgia baseada em depoimentos autorais; a Cia 11, com uma reflexão sobre o tempo e o envelhecimento do grupo, que completa 20 anos.

Curitiba Mostra: reúne diversos artistas locais em espetáculos e performances inéditas e gratuitas, articulados pelos atores e diretores Nena Inoue e Gabriel Machado.

Espaço público: três coletivos vão interferir na cidade: a tradição e invenção de Amir Haddad e seu grupo Tá na Rua, do Rio de Janeiro, que já completa 36 anos; o jovem coletivo Toda Deseo, de Belo Horizonte, e seus atos estético-políticos que convocam a rua para a convivência das diferenças; e o espaço de ação coletiva de CAMPO, do Piauí.

Encontros: debates e conversas entre artistas e público. Entre os convidados está o diretor José Celso Martinez Corrêa, no dia 4 de abril.

Artistas residentes: os curadores acompanharam os artistas Wagner Schwartz, André Masseno e Marcelo Evelin, que tratam a arte “em profunda relação com os movimentos de transformação do mundo, das pessoas e dos comportamentos”.

Performance, linguagem física multidisciplinar e uma performance-manifesto a partir de texto do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro estão na programação.

Mostra portuguesa no Fringe: entre as 11 mostras especiais do Fringe (parte do festival sem curadoria), uma delas reúne cinco espetáculos portugueses.

Serviço
26º Festival de Curitiba
De 28 de março a 9 de abril
Ingressos à venda a partir de terça-feira (21 de fevereiro), na bilheteria oficial no ParkShoppingBarigüi, pelo site do Festival e pelo aplicativo “Festival de Curitiba 2017”.

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