Questão de gênero

QUEM?
Andreia Black (vocais e pandeiro), Edi do Cavaco (vocais e cavaquinho), Erica Silva (violão), Karin Oliveira (vocais e percussão), Luana Godin (vocais e percussão) e Maristela Avila (teclados)

QUANDO?
Curitiba, 2005

COMO?
Tudo começou quando quatro amigas que cursavam a faculdade de Musicoterapia em Curitiba se depararam com uma exigência acadêmica: a prática em grupo. Então, decidiram unir o gosto em comum à experiência de vida de uma das fundadoras, nascida e criada no Rio de Janeiro. A veia do samba falou mais alto e este foi o gênero musical adotado. Esta primeira fase está assinalada no único registro fonográfico lançado por elas até agora, o álbum epônimo de 2009. Desde então vieram algumas mudanças na formação, com a saída de duas integrantes originais e a entrada de quatro novas musicistas.

POR QUÊ?
Temas da sociedade e do cotidiano estão sempre presentes nas letras das músicas compostas e executadas pelo Samba de Saia. “Falamos muito sobre questões da raça negra e o papel da mulher em nossa sociedade contemporânea”, explica uma das criadoras remanescentes do grupo, Maristela Avila. “Por ser um grupo formado por mulheres temos isso muito forte. Uma de nossas músicas mais recentes, chamada ‘Nossa Identidade’ fala, por exemplo, da mulher que vai à luta dentro e fora de casa. Ela tem de dar conta do trabalho, da família e ainda dela mesma, cuidando de sua saúde e beleza.” O nome dessa canção, por sinal, foi escolhido como novo álbum, aprovado há dois na lei municipal do mecenato e previsto para ser lançado neste ano.

HEIN?
A história do samba começa na cidade do Rio de Janeiro do início do século 20, quando o gênero musical era muito malvisto, ligado a pessoas excluídas (voluntariamente ou não) da sociedade carioca e até mesmo legalmente proibido. Por isso, apesar de todas as mudanças, conquistas e evoluções, o gênero ainda é, um século depois, um território de predominância masculina. “Hoje o preconceito é bem menor e velado, mas ainda existe. Sentimos que há gente com aquela pontinha de dúvida quando se depara com seis mulheres que não só cantam, mas também tocam os seus instrumentos”, revela Maristela. E para quem ainda faz parte da turma que mantém a ideia errônea de que Curitiba não dá samba, a tecladista dá o seu aviso. “A cidade esteve em transformação nas últimas décadas. Veio muita gente e muita empresa de fora. Então o samba por aqui também está em transformação. Sempre foi algo muito forte no passado. Agora esta tradição está sendo resgatada com tudo.”

ONDE?
sambadesaia.com

 

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