Old but gold
por Daniel Batistella fotos Jeferson Milão
Colecionadores de carros antigos se reuniram no Phoenix Studio para o primeiro Encontro Nacional de Antigomobilismo, realizado no dia 13 de setembro. O evento marcou o Dia Estadual do Antigomobilista, comemorado no dia 9 do mesmo mês. Idealizado por Glenys Bessler, Marcos Rebuli e Sandro Stremel, o evento reuniu cerca de 100 automóveis de mais de t30 clubes, além de colecionadores que não pertencem a clubes. A bancária Mirian Buso, uma das criadoras do Elas (leia mais no box) – um clube de adoradoras de carros antigos, levou ao encontro seu Ford Coupé 1940, comprado em Florianópolis em 2002. O carro passou por uma adaptação mecânica – tem motor de Maverick – e por restaurações na lataria, pintura e estofamento em um processo que durou um ano e meio.
Mesmo depois de restaurado, o carro precisa de constante manutenção, seja troca de água e óleo e calibragem dos pneus. Além disso, Mirian faz uso dele tanto dentro da cidade, para idas ao supermercado, por exemplo, quanto na estrada. “Vou para Antonina, Paranaguá, Lapa, Ponta Grossa, o carro não pode ficar parado”, conta.
Durante o Encontro Nacional de Antigomobilismo também aconteceu o Garage Sale, uma espécie de bazar que colocou à venda peças e itens relacionados ao mundo automotivo, como miniaturas, camisetas, placas decorativas e acessórios vintage. Segundo o organizador do bazar, Sandro Stremel – restaurador de veículos antigos e customizador de miniaturas de automóveis –, a receptividade ao Garage Sale, uma novidade no Brasil, mas tradicional nos Estados Unidos, foi muito boa. E isso se deveu muito ao fato de que o tema faz com que as pessoas se lembrem da infância, do carro da família, de passeios e viagens de outrora. “É sempre gratificante proporcionar esse tipo de sentimento em quem comparece a esses eventos”, diz.
Stremel acredita que o antigomobilismo tende a crescer, pois o culto ao carro antigo é cada vez mais forte. “Preservar um veículo antigo é preservar a história”, diz. E que para os amantes do automóvel, sempre existe um elo que une o homem à máquina. “Como se um fosse a extensão do outro”, finaliza.
PENÉLOPES CHARMOSAS
Ela era a única mulher que participava das reuniões de carros da qual o marido fazia parte. E era chato. Então, em 2003, Glenys Bessler, junto da amiga Mirian Buso, criou o Elas Clube, com o intuito de reunir mulheres que gostam de carros. No começo, Glenys precisou ser aceita em um universo onde elas não tinham a chance de estar. “Tinham diversas opiniões sobre mim, pois era difícil uma mulher conversar com homens sobre carros, marcas, modelos e detalhes que outras mulheres nem sabiam que existiam”, conta. O respeito foi adquirido com os eventos organizados pelo clube. “Sempre tenho critério no que faço. Coloco carros antigos de verdade, não alguma coisa sem padrão algum para chamar de carro antigo”, conta. Hoje, 11 anos depois da criação do Elas Clube, muitas vezes ela é convidada para opinar e ajudar em eventos de outros clubes, o que considera gratificante. Além de existir como um clube de fãs, o Elas tem função social: suas 60 associadas realizam ações para a arrecadação de alimentos, roupas, material de higiene pessoal para carentes e emprestam cadeiras de rodas, andadores e muletas para pessoas idosas. Se no começo os homens olhavam com desconfiança para mulheres no universo dos carros antigos, hoje, segundo Glenys, elas são bem-vindas. “Quem participa dos eventos curte muito, pois, além dos carros, elas acabam fazendo bons amigos”, finaliza.