O bem-estar que o vinho proporciona
por Tháys Ferrão
Desde a antiguidade, o vinho apresenta-se intimamente ligado à medicina. Os primeiros praticantes da arte da cura, na maioria das vezes curandeiros ou religiosos, já empregavam a bebida como remédio. Papiros do Egito Antigo e tábuas dos Sumérios (de cerca de 2200 a.C.) já traziam receitas baseadas em vinho, o que o torna a mais antiga prescrição médica documentada.
O tempo passou e muitas revoluções na área medicinal aconteceram, mas os médicos continuam afirmando que ao se ingerir uma taça diária de vinho – a recomendação é de duas taças para os homens (250 ml) e uma taça para as mulheres (150 ml) – seu coração estará protegido. A bebida tem um efeito antioxidante que age sobre as paredes das artérias, diminuindo assim os riscos de doenças coronarianas (infartos), além de prevenir tromboses e derrames. O resveratrol, os flavonoides e as vitaminas A, C, E, K e D são encontrados especialmente nas uvas vermelhas e trazem benefícios reais à saúde, como a redução do colesterol ruim (o LDL) e a ação contra o câncer. A uva verde também é uma poderosa arma contra vírus e bactérias. Recentemente, foi descoberto pela Universidade de Harvard que a fruta tem o composto polifenol, que ajuda a manter a pele jovem e saudável.
Além de servirem para a elaboração de sucos e vinhos, as uvas podem ser consumidas in natura e usadas na preparação de pratos, molhos e doces. É uma das frutas mais cultivadas do mundo – a produção é de quase 70 milhões de toneladas por ano –, perdendo apenas para o cultivo de banana.
Entre todas as bebidas alcoólicas, o vinho é a que tem menos calorias. Além disso, é a bebida que menos se transforma em gorduras localizadas, ou seja, não dá aquela famosa “barriguinha de chope”. O teor alcoólico do vinho – nem tão baixo quanto o de uma cerveja, não tão alto quanto o dos destilados – encoraja o corpo a queimar as calorias ingeridas em até 90 minutos.
No Brasil, temos o privilégio de encontrar vinhos do mundo inteiro. Os rótulos nacionais estão em ascensão, principalmente os espumantes, e ainda há os argentinos e os chilenos com boa relação custo-benefício. Na Europa, os países mais tradicionais na produção dos vinhos são: França, Itália, Espanha e Portugal, todos encontrados aqui. Há, portanto, possibilidade de escolhermos bons vinhos em todas as faixas de preço.
Pensando em harmonização com alimentos, simplificamos da seguinte maneira: os espumantes brut combinam com saladas e entradas; os vinhos brancos, com peixes, frutos do mar e massas com molhos mais leves; os vinhos rosés, com entradas e até mesmo carnes brancas; e os vinhos tintos, com carnes grelhadas, de caça, ou ainda massas com molhos mais ricos. No caso das sobremesas, os vinhos de colheita tardia acompanham muito bem opções mais leves como frutas e cremes. O clássico vinho do porto vai bem com chocolates.
Tháys Ferrão é sommelière e uma das proprietárias do restaurante 4 Sí Brasserie.