Setembro Amarelo: bons hábitos alimentares podem ajudar na prevenção ao suicídio
A frase “você é o que você come” pode parecer irreal para alguns, clichê para outros. Mas ela é verdadeira, inclusive com relação à saúde mental. Nossos hábitos alimentares podem contribuir para na prevenção ou no desenvolvimento de quadros de depressão, doença que é responsável por muitos casos de suicídio ao redor do planeta. Andrezza Botelho, nutricionista e especializada em Transtornos Alimentares, alerta para abordar o assunto especialmente neste mês de Setembro, quando se fala em prevenção ao suicídio.
“A nutrição tem um papel tão importante no andamento da saúde mental que já existe uma área de estudo chamada Psiquiatria Nutricional, ainda pouco explorada no Brasil. Ela busca explicar as relações – já evidenciadas em estudos – entre alimentação e saúde mental. A certeza é uma só: o que comemos de fato atua diretamente na saúde do nosso cérebro e é por isso que os nutricionistas devem se atentar ao quadro geral do paciente”, explica Andrezza.
O primeiro passo para uma nutrição que seja aliada à boa saúde mental é diminuir (se não abdicar totalmente) os alimentos industrializados. “Descascar mais e desembalar menos”, como dizem os estudiosos. O número de conservantes e outras substâncias químicas presentes em determinados alimentos contribuem para o aumento da inflamação no organismo, o que pode levar ao agravamento de um quadro depressivo. “Investir no consumo de verduras, legumes – sempre que possível crus – ajudam a manter em dia os índices de vitaminas e sais minerais que são fundamentais para a saúde da mente. Além disso, alimentos ricos em triptofano, ajudam na produção da serotonina, o hormônio que atua regulando o sono, o humor. Cereais, peixes (salmão, sardinha e tilápia), além do arroz integral são alguns dos alimentos que podem ser inseridos na dieta de quem quer cuidar da mente”, diz Andrezza.
É preciso se atentar também aos pacientes que apresentam quadros de anorexia ou bulimia pois estes são portas de entrada para outros transtornos psiquiátricos que, quando não cuidados, podem evoluir para o suicídio. “Nutricionistas não só podem como DEVEM aconselhar seus pacientes a buscarem tratamento com profissionais da saúde mental – sejam eles psiquiatras ou psicólogos – quando percebem que eles precisam de ajuda. Muitos ainda carregam certo preconceito e consideram uma ‘fraqueza’ pedir ajuda quando na verdade é o contrário: é preciso ser muito forte para admitir o problema e procurar um profissional. E não há nada de errado nisso, pelo contrário: é sinal de amor não só a si, mas a quem está ao redor do paciente”, completa Andrezza, que atende em São Paulo e faz parte de equipes multidisciplinares no cuidado de pacientes que evoluem para quadros depressivos.
A profissional destaca que aqueles que sentem vergonha de pedir ajuda podem ligar anonimamente para buscar o CVV, Centro de Valorização à Vida, serviço especializado no atendimento de pacientes que precisam de cuidado com a saúde mental.