SELF SAúDE

Algoritmo da vida! Robô Laura é uma plataforma de IA para saúde

Jacson Fressatto enxergou na perda da filha uma oportunidade para salvar outras vidas

Uma tecnologia que já foi capaz de salvar mais de 60 mil vidas e está prestes a ser integrada às instituições de saúde de todo o Brasil. O Robô Laura surgiu a partir de uma história difícil de ser contada, mas se transformou em uma missão de vida e no propósito de criar um legado no qual a vida é o bem mais valioso. 

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Jac Fressatto já implantou o Robô Laura em mais de 150 cidades e até junho serão mais de 500 no Brasil. (Foto: divulgação)

Da dor à motivação

O nome “Laura” foi escolhido, inicialmente, para a filha de Jacson Fressatto, que nasceu em um quadro de prematuridade extrema com apenas 440 g. Felizmente, o esforço de uma equipe competente e habilitada possibilitou o encontro entre o pai e a criança. Duas semanas depois, no entanto, a dedicação prestada à melhora foi interrompida pela SEPSE, uma infecção potencialmente grave desencadeada por uma inflamação que se espalha rapidamente pelo organismo diante de uma infecção. 

“Na dinâmica da UTI, passei a observar os profissionais de saúde em seus processos e senti o esforço diário deles”, conta Fressatto. A dor de perder a filha, junto com a vontade de evitar que outras famílias enfrentassem essa situação, motivou o arquiteto de sistemas a encontrar uma solução para a redução de casos de infecções iguais ou semelhantes à que Laura contraiu.

Tecnologia em ação

Jacson Fressatto lançou mão de seus recursos e conhecimentos para desenvolver um software capaz de processar dados de pacientes, identificar casos de SEPSE e criar padrões de atendimento a partir disso. A ideia por trás dessa lógica era colaborar com o trabalho de médicos e enfermeiros. Conectado aos sistemas de dados do hospital, o diagnóstico da infecção seria adiantado, assim como o tratamento e, consequentemente, mais óbitos podem ser evitados. 

O Robô Laura é um software desenvolvido para interoperabilidade com os sistemas de hospitais, prefeituras e estados. (Foto: divulgação)

Isso é possível a partir do uso de tecnologia cognitiva (algoritimos de inteligência artificial, chamados machine learning). Essa solução única permite a plataforma alertar as operações clientes (hospitais e prefeituras) com antecedência, tornando-as mais eficientes.

Depois de escrever e testar incansavelmente os primeiros algoritmos, o que era um projeto ganhou o porte de empresa com a criação da Startup Laura. O objetivo de Fressatto passou a ser captar recursos para viabilizar e aprimorar a tecnologia. “A proposta sempre foi e continua a mesma desde o primeiro dia: um modelo de negócio baseado em qualidade e impacto”, explica o arquiteto de sistemas. 

Com apoio da Federação das Santas Casas de Misericórdias, Hospitais e Entidades Beneficentes (FEMIPA), o Robô Laura passou a integrar a rotina do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, em fevereiro de 2016. Um mês depois, a primeira vida foi salva a partir de um alerta e levou a uma mudança de conduta pela equipe. Em setembro do mesmo ano, o sistema já estava instalado em toda a instituição, o que resultou no salvamento de 60 mil pessoas. 

Plataforma ampliada 

A partir de 2020, o Robô Laura passou de um produto para uma plataforma para suporte ao atendimento clínico. Além da inteligência clínica, que indica padrões de risco dentro das instalações hospitalares, a Laura Care oferece um acompanhamento da jornada integral do paciente. 

Com a solução de pronto atendimento digital, os pacientes têm seu atendimento iniciado virtualmente pelo Whatsapp. Os dados coletados, as análises de risco e o potencial de gravidade são direcionados aos profissionais de saúde, de forma que todo o processo se torna mais ágil. Já com o ambulatório virtual, é possível agendar previamente datas de consultas e exames.

Dessa maneira, a tecnologia que só estava presente em hospitais passou a fazer parte do dia a dia dos pacientes. Até hoje, já foram mais de 1,5 milhões de pacientes e uma economia média mensal de 2 milhões. Durante a pandemia, os softwares foram instrumentos importantes no monitoramento de casos de Covid-19, em conjunto com as instituições de saúde e o poder público. O profissional conta: “Sem  apoio nenhum, consegui construir essa nova parte de comunicação. Quando a pandemia chegou, o robô já estava pronto para interagir de acordo com o protocolo de covid.”

Software Robô Laura (Foto: divulgação)

Função social

“O que me faz dormir feliz todo dia são duas promessas que eu tenho para cumprir: ajudar as pessoas a ter um serviço de saúde com qualidade e o nome da Laura seja conhecido em grande escala”, afirma Fressatto. 

A tecnologia desenvolvida para o Robô Laura já tem reconhecimento internacional,  como o 1º lugar no III Prêmio Empreenda Saúde e como Campeã Brasileira da Challenge Cup, a maior competição de startups de impacto social do mundo. Mais do  que a expansão da marca e da empresa, o sucesso do Instituto Laura Fressatto é medido por pessoas: o objetivo é que 1 bilhão de vidas sejam impactadas positivamente com as tecnologias.

 

*Matéria originalmente publicada na edição #286 da TOPVIEW.

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