SELF SAúDE

A beleza e a ciência de dados

A informática médica é o campo que estuda recursos que podem ser aplicados no gerenciamento de informação e dados na Medicina

As últimas décadas foram marcadas por avanços técnicos e filosóficos na rinoplastia. De fato, o médico deve ter tato, humildade e empatia. Mas, hoje, a necessidade de entender a tecnologia e os dados é maior do que nunca. Parece estranho que uma área essencialmente tecnológica, pertencente ao ramo das ciências exatas e que não envolve contato direto com pacientes, seja considerada uma especialidade médica. Mas isso é tendência mundial.

O nariz é influenciado pela hereditariedade e pelo meio social, cultural e étnico. Só que, apesar das diferenças, existe uma tendência de globalização  dos narizes – no Irã, a plástica nasal virou moda e símbolo de status nos últimos anos. Muito embora o objetivo da rinoplastia não tenha sofrido alterações, as técnicas e metodologias evoluíram de forma significativa. O que também está em constante mudança é o desejo dos pacientes e a expectativa do resultado estético.

As crescentes inovações e a necessidade de gerar mecanismos de coleta, armazenamento e manipulação de dados foram responsáveis por criar a área que chamamos de “Informática Médica”. Segundo o professor e doutor Enrico Coiera, essa área é o estudo de como nos organizamos na criação e no funcionamento diário das organização de prestação de cuidados de saúde – o que ajuda a obter resultados mais previsíveis e duradouros e avanços na cirurgia sem o comprometimento da função.

Na área da estética e da rinoplastia, os protocolos eletrônicos se tornam uma ferramenta para a coleta de dados, permitindo a inclusão de informações de forma sistematizada e que, depois, podem ser manipuladas para auxiliar na questão do diagnóstico e na formação de algoritmos preditivos de evolução de cada caso.

Aplicando isso na prática, em minha tese de doutorado, foi possível classificar, por meio do cruzamento de dados, os narizes da região de Curitiba para estudar o comportamento das manobras operatórias.  Não acredito que a tecnologia possa superar o caráter e a habilidade humana, mas os dados contribuirão, sim – e cada vez mais – para uma qualidade melhor dos resultados cirúrgico.

*Matéria originalmente publicada na edição #259 da revista TOPVIEW.

Deixe um comentário