7 passos para praticar a educação com afeto
Mudar um sistema que consiste apenas no aprendizado racional e direto em que um protagonista fala e os demais escutam é o desafio de muitos docentes. Lev Vigotski (1896-1934), Jean Piaget (1896-1980) e Henri Wallon (1879-1962) formam a tríade de pensadores que já se debruçavam sobre a educação com afeto desde 1900.
Os três levantaram questões importantes sobre a construção do conhecimento e como essa não é limitada apenas a via da racionalidade.
Para transformar a rotina na sala de aula, seja infantil e/ou universitária, Augusto Jimenez, psicólogo educacional da Minds Idiomas, lista algumas dicas.
7 dicas para construir a educação com afeto
1) Busque autoconhecimento
Desmistificar que o ensino consiste em apenas transmitir conhecimento é o primeiro passo. O professor deve agir como mediador auxiliando os estudantes a serem protagonistas de sua rotina, incluindo limites, e amor na relação. E para isso, o autoconhecimento é o mais importante. Procurar compreender quais são as suas limitações, fazer terapia, buscar se entender antes de auxiliar o outro, ou neste caso auxiliar o aluno é o mais importante neste processo. Ser gentil consigo mesmo. Muitas vezes o método de ouvir e entender uma turma não irá funcionar com outra turma. Aceitar isso, aceitar que nem sempre o estabelecimento dos laços será possível, é um importante amadurecimento na educação afetiva. A frustração faz parte de qualquer tipo de relação humana.
2) Se atente aos pequenos detalhes
Assim como a Tia Cacau se atentou que quando entramos em um ambiente, a forma como somos recepcionados é muito importante, outras ações podem ser de grande valia. Como: fazer a chamada pelos nomes e não por números, sempre iniciar as aulas afirmando que os alunos podem falar com você após o período das classes sobre qualquer dificuldade, e principalmente observar o comportamento dos estudantes dentro e fora da sala de aula. Muitas vezes os alunos estão passando por situações que não imaginamos. Na era atual em que muitas relações se tornaram apenas digitais e os pais têm que se manter mais em seus trabalhos, com altas cargas de horários e trabalho, a escola se torna o único ambiente de interação das crianças e jovens.
3) Educação afetiva fora da sala de aula
A preocupação em ouvir o outro, ter empatia, e estabelecer a sinergia entre razão emoção não deve se limitar apenas dentro da sala de aula. Todos os colaboradores do ambiente escolar e gestores devem promover e estabelecer relações dessa forma. Lembre-se que a escola é feita por todos os departamentos que a compõe e para se ter uma educação com afeto na condução das aulas, o ambiente educacional como um todo deve contribuir para esse fim.
4) O aluno não é um quadro em branco
Ao escutar as expectativas e conceitos de vida dos estudantes abre-se ideias e formas de transmitir o conhecimento. O docente é capaz de unir o conteúdo que precisa passar com o interesse desses estudantes. Isso traz o aluno para próximo do docente, do conteúdo, e da disciplina estudada. As experiências que esses estudantes já possuem ajudam na construção da base dos novos conhecimentos que eles estarão recebendo do docente.
5) Aceite, acolha e compreenda as críticas dos estudantes
O ser humano não é programado para aceitar as críticas que recebe. E isso envolve os professores também. Muitos alunos podem não aceitarem ou gostarem da forma como você se coloca, ensina, e estabelece as relações. Até mesmo se você optou pela educação com afeto e não pragmática. Neste momento, escute-os e tente entender como respeitar o limite deles. Não significa se anular ou deixar de acreditar no que você estava fazendo. Significa olhar para o que está sendo dito. É usar realmente os outros sentido além de escutar. Prestar atenção nesses alunos e adaptar caso seja possível o que tenha escutado não é perder a autoridade, e sim respeitar os limites deles e incluir os seus.
6) Lembre sempre aos seus estudantes: a condição de aluno nunca desaparece
Essa dica é muito importante independente desse aluno ter o desejo de ser professor no futuro e/ou outro profissional. Quando lembramos que já fomos alunos, recordamos do nosso processo de aprendizado e mais do que isso conseguimos “traduzir” o que é complexo de uma forma mais simples para as outras pessoas. Seja um médico que precisa simplificar o diagnóstico para a família do paciente ou um odontólogo que necessita explicar para uma mãe a saúde bucal do filho. É sempre ter em mente que fomos alunos para aprender, e aprendemos para simplificar para os demais pessoas.
7) Valorize a interação com o aluno
Autorizar ou não o uso de celulares entra nesse tópico. Alguns docentes proíbem o uso do smartphone dentro da sala de aula, outros liberam para uso escolar. A questão nesse tópico é o uso que fazemos. A tecnologia não é ruim, mas como toda ferramenta precisa ter cautela no uso. A interação humana é ainda a melhor para desenvolver os laços afetivos e conteúdos complexos, porém a tecnologia pode auxiliar nesse processo. Analise a sua turma, cheque se seria bom incluir algum aparato tecnológico, mas lembre-se de visar sempre a melhoria da relação com os estudantes seja ela por meio da tecnologia ou de outras formas.