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Três jovens notáveis do Paraná e suas ideias para o futuro

Conheça Marcos, Sayuri e Ana Júlia: três jovens que expõem suas ideias e aspirações para o futuro próprio e coletivo

Todos os cliques foram feitos pelos próprios personagens com o Moto Z e o Moto Snap. A pedido da TOPVIEW, os aparelhos foram cedidos temporariamente pela Motorola

Marcos Mateus Garrido de Mello, 14 anos

Marcos Mateus Garrido de Mello, 14, foi finalista global de um projeto da Nasa, desenvolvendo tecnologia para prevenção de incêndios florestais.

Não foi como astronauta, mas como cientista mirim que Mateus quase chegou à Nasa. O aluno da Escola Municipal Albert Schweitzer, na Cidade Industrial de Curitiba, desenvolveu neste ano, junto a seus colegas, o projeto Juno Radio para o desafio mundial de tecnologia da agência norte-americana. Desde cedo interessado no assunto, Mateus desenvolveu um hardware que alerta sobre incêndios florestais em regiões sem sinal de internet – e confia nos estudos para construir seu futuro. Um episódio de infância pode ser exemplar de seu perfil: conta a mãe, Giovana Garrido, que ao mostrar ao filho, então bem pequeno e que não queria comer, a famosa foto do urubu rondando uma criança subnutrida, ele questionou por que o menino não atacava o animal e saciava a fome: “Para sobreviver, tem que lutar”, Mateus afirmou então.

Quais os principais desafios de ser adolescente na nossa época? A falta de confiança dos adultos.

Quais são as suas maiores preocupações em relação ao seu futuro? Falta de emprego, salário não compatível com a função e incerteza da aposentadoria.

E quais as questões no mundo de hoje que mais te preocupam? A poluição, a camada de ozônio e a situação da desigualdade na África.

Uma expectativa que colocam sobre sua geração e que considera exagerada?Que nós poderemos salvar o mundo…

Em que aspectos sua geração é diferente daquela dos seus pais? Eu tenho quatorze anos e só penso em brincar. Não posso trabalhar ainda, mas meu pai e minha mãe, com a mesma idade, já trabalhavam com carteira assinada. Meu pai não teve oportunidade de estudar…

Considera importante ter carro, casa própria e formar sua família no futuro? Sim, é claro, tirando uma família.

Quais são as características que mais valoriza? A humildade.

Seu maior sonho no momento? Conhecer um resort com piscina.

E o que contribuiu para o seu interesse em ciência? Vontade de fazer algo para mudar alguma coisa no mundo, tipo Einstein…

O que significa ter sido classificado para esse desafio? Oportunidade para conseguir estudar.

O que mais deseja para o seu futuro? Desejo ter uma vida tranquila, sem necessidades, e penso que estudando bastante eu chego lá.

 

Sayuri Magnabosco, 18 anos

Aos 16 anos, Sayuri Magnabosco desenvolveu uma alternativa biodegradável de embalagens de isopor e agora se prepara para fazer o Ensino Superior nos Estados Unidos.

O excesso de embalagens de isopor e seu impacto ambiental foi o gatilho para Sayuri: no segundo ano do Ensino Médio, ela desenvolveu uma alternativa biodegradável à base de cana-de-açúcar para substituir as bandejas de isopor. O projeto a levou a eventos de ciência e empreendedorismo em lugares como EUA e Portugal e foi, segundo Sayuri, fundamental para seu sonho de estudar numa universidade norte-americana. Entre as oportunidades de bolsas de estudo que teve, escolheu o Dartmouth College, membro da Ivy League. E já planeja seu futuro profissional na área de biotecnologia.

Quais os principais desafios de ser adolescente na nossa época? Hoje a família coloca muita pressão no adolescente para que ele tenha planos sólidos para o futuro. Para alguém que mal saiu do berço e com uma visão de mundo ainda em formação e meio restrita, é muito difícil. Os pais tendem a influenciar o adolescente a seguir uma carreira com estabilidade financeira e sem muitos riscos, mesmo que não tenha perfil para determinada profissão. Ao mesmo tempo em que se busca o melhor para o adolescente, muitas vezes não é perguntado o que esse adolescente quer. O principal desafio é que os pais são muito controladores e superprotetores. Adultos inseguros e infelizes são frutos desse tipo de relação.

Quais as questões no mundo de hoje que mais te preocupam? É a falta de alteridade. A dificuldade de nos colocarmos no lugar do outro faz com que não entendamos e respeitemos seus medos, crenças e problemas. Isso cria pessoas egoístas e individualistas, restringindo a coletividade e estimulando a intolerância – que é a raiz dos conflitos mundiais.

“[Uma expectativa exagerada] é achar que a nova geração é a solução para todos os erros da geração anterior.”

Considera importante ter carro, casa própria e formar sua família no futuro?Considero muito importante formar minha família, mas ter carro e casa próprios, nem tanto. Ambos obviamente são bens materiais importantes e que garantem conforto, mas acredito que não sejam essenciais para uma vida feliz. É possível alugar imóveis e, em um mundo tão dinâmico, mudar de cidade e até mesmo país é recorrente, então a casa não precisa ser fixa. Já a família é o que te dá suporte em qualquer momento da vida; é o que faz você se sentir parte de uma comunidade que quer o seu bem e você, o bem deles. Minha família fez esforços enormes para me ajudar a chegar onde estou, e me oferece um amor incondicional tão bonito e único que me faz querer ter esse tipo de sentimento por alguém um dia.

Seu maior sonho? Quero me tornar uma pesquisadora de referência mundial em biotecnologia e carregar o nome do Brasil no cenário internacional. Espero também poder colocar em prática meus aprendizados dentro do Ministério da Ciência e Tecnologia, para potencializar a ciência brasileira e tornar nosso país referência em desenvolvimento científico.

O que a ciência pode trazer para você e o mundo? Por meio das minhas invenções e descobertas poderei contribuir para a melhora de vida das pessoas, lançando novas tecnologias, achando curas para doenças, desenvolvendo medicamentos menos agressivos, fabricando órgãos em impressoras 3D, dentre outras coisas.

“[Uma expectativa exagerada] é achar que a nova geração é a solução para todos os erros da geração anterior.”

 

Ana Júlia Ribeiro, 17 anos

“Nos colocam como responsáveis pelo futuro, só que a nossa função é mudar o agora.”

Seu discurso na Assembleia Legislativa do Paraná repercutiu para muito além do local e das redes sociais, onde viralizou. Falando sobre o congelamento de gastos públicos, a reforma do Ensino Médio e a ocupação das escolas em Curitiba, Ana Júlia atraiu a atenção para o que não somente ela, mas muitos jovens queriam e querem dizer. E para o entendimento de que política extrapola partidos e sistemas, mas repercute na vida da sociedade, em sociedade.

Quais os desafios de ser adolescente hoje? As preocupações em relação às diversas formas de violência, seja sexual, de gênero ou raça. Não é exclusividade nossa, mas é um fato a ser considerado.

Quais são as suas maiores preocupações em relação ao futuro? Para mim, não existe “meu” futuro. Existe “nosso” futuro e por ser nosso é que dou valor às lutas e preocupações coletivas.

Ana Júlia Ribeiro ficou conhecida pelo discurso na Assembleia Legislativa do Paraná contra o congelamento dos gastos públicos e a reforma do Ensino Médio, em 2016.

Uma visão equivocada sobre adolescentes? Subestimar suas críticas. Adolescentes são vistos como objeto, como quem não possui ou emite opinião, quando na verdade são importantes atores sociais e sujeitos de sua própria história.

Uma expectativa sobre sua geração que considera exagerada? Criam a expectativa de que a nossa geração é o futuro, quando na verdade ela é o presente. Nos colocam como responsáveis pelo futuro, só que a nossa função é mudar o agora.

Em que aspectos sua geração é diferente da geração dos seus pais? Em recursos, acessibilidade e tecnologia somos diferentes, porém nos encontramos nas lutas que travamos. Ainda são as mesmas pautas, as mesmas revoltas e indignações.

Quando se tornou politicamente engajada? Atuante de fato depois das “ocupas”, porém antes eu já debatia sobre [política]. Não teve um marco, foi uma construção.

O que motivou esse interesse? Saber que [a política] está envolvida em tudo e com todos, independentemente do fato de a negarem.

E como te transformou enquanto pessoa? Me proporcionou uma visão maior do Brasil e, mais do que isso, trouxe a oportunidade de me moldar a partir das pessoas que estou conhecendo e dos eventos de que estou participando.

Considera importante ter carro, casa própria e formar sua família no futuro? Seria hipócrita se não considerasse, até porque essas questões materiais garantem melhor qualidade de vida, que todos merecem.

Seu maior sonho no momento? Revogar todas as “reformas” que estão sendo impostas, que não tiveram o aval do voto popular e não passaram pelo processo democrático.

Pretende se dedicar profissionalmente à política? Não sei. Muito cedo para dizer.

Um aprendizado com o movimento das ocupações? Aprendemos a valorizar o companheirismo e o trabalho coletivo, como também o fato de que não há como pensar em uma sociedade desenvolvida sem educação pública de qualidade e universal.

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