SELF COMPORTAMENTO

A transformação que vem com os intercâmbios escolares

Complemento na formação de valores, o intercâmbio é mais do que uma viagem para aprender idiomas. Saiba como aproveitar a oportunidade

Enviar os filhos para intercâmbios escolares, onde eles podem aprender um idioma, estudar e viver outra cultura, continua sendo sonho de consumo de muitos pais. Mais além, esse tipo de viagem tornou-se forte complemento na formação de valores. Destinos tradicionais continuam na lista dos mais procurados, mas países antes pouco visados disputam a preferência por oferecerem choques culturais, experiências de vida e oportunidades de superação. Desponta ainda o intercâmbio social, em que se vive a experiência de trabalho voluntário.

Fazer o bem

Há um ano o Brasil ganhou uma agência especializada nessa espécie de jornada enriquecedora. A Exchange do Bem envia pessoas como voluntárias em ações sociais na África, Ásia e Américas. Nasceu com o gaúcho Eduardo Mariano, que, formado em Administração pela UFRGS, teve trajetória profissional meteórica e bem sucedida no mundo corporativo, mas mudou tudo após fazer um intercâmbio na Califórnia (para aprender inglês), depois na França (para francês) e, finalmente, no Nepal, onde viveu a experiência fundamental: cuidar de crianças num orfanato e ensinar inglês na escola de um vilarejo. “Vi o quanto alguém pode mudar a vida de outras pessoas e que crianças têm o potencial de progredirem muito mais se receberem afeto e educação”, diz Mariano.

No site da empresa é possível escolher projetos por país ou então por tipo de programa: proteção aos animais, empoderamento feminino, proteção à infância, esportes, saúde, comunidade e educação, entre outros. Eles têm duração de duas semanas a três meses, e alguns conciliam o voluntariado com cursos de inglês. Qualquer pessoa maior de 18 anos que tenha inglês ou espanhol fluente (dependendo do país) e com vontade e responsabilidade com o trabalho voluntário pode participar. Já menores de 18 anos vão acompanhados de um responsável.

Neste mês, a Exchange envia à África do Sul um jovem de 16 anos e seu pai para, juntos, serem tutores de crianças de 7 a 14 anos numa escola de futebol localizada em uma área carente da Cidade do Cabo. O projeto tem o objetivo de, por meio do esporte, melhorar a vida das comunidades em risco. A África do Sul tem uma das maiores economias do seu continente e enorme biodiversidade, além de diferentes culturas, idiomas e crenças religiosas. Isso permite que os intercambistas “mergulhem” em realidades variadas e também aproveitem os esportes e as belas praias africanas. Tudo isso praticando inglês.

A guru dos intercâmbios escolares

Ela foi intercambista 11 vezes, desde 1996, quando os viajantes ainda se comunicavam por carta e levavam o endereço de onde iam se hospedar no papel.

A recifense Marina Motta, 36, tornou-se autora do livro e do blog Intercâmbio de A a Z, da obra Intercâmbio na Era Digital e ajuda pais e filhos a encararem essa jornada.

O que acha dos intercâmbios que promovem trabalho voluntário em causas sociais? Fantástico. Um intercâmbio que te coloca em culturas e realidades diferentes permite desenvolver capacidade de adaptação, jogo de cintura, acaba com pré-julgamentos… Abre portas porque o mercado valoriza quem tem experiência de vida. Mas um intercâmbio “comum” já humaniza.

Você acabou de se tornar mãe. Com que idade mandaria seu filho? Já estou planejando os intercâmbios dele. Mas claro que ele vai crescer e vou perceber seu momento certo. No entanto, é possível enviar crianças até de oito anos para Summer Camps, na Suíça, por exemplo. O brasileiro não se arrisca muito porque é da nossa cultura segurar a cria, mas muitas nacionalidades enviam.

Dificuldades são comuns em viagens ao exterior. O que tem a dizer aos pais? É como na vida: você tem que mudar a ótica e perceber que sempre vai ter coisas boas e perrengues. A família é antipática, mas vai que a comida da casa é boa? A casa não é tão legal, mas vai que é perto da escola onde você estudar?

APPS para viajantes

Triposo – Disponibiliza dezenas de guias de viagem gratuitos e interativos, inclusive offline.

Livemocha – aprendizado online de idiomas com 6 milhões de membros em todo o mundo. Oferece cursos gratuitos e pagos em mais de 35 línguas.

Around Me – Localizador de farmácias, supermercados, restaurantes, lavanderias e outros serviços nas redondezas do lar temporário.

Citymapper – Mostra o percurso em ônibus, metrô, bicicleta, táxi ou a pé em metrópoles.

Word Lens – Traduz com a câmera do celular ou do tablet palavras impressas em placas.

Entrain – Fornece horários de iluminação comprovados por pesquisadores da Universidade de Michigan, ajudando a ajustar o corpo a novos fusos.

Os destinos mais procurados em intercâmbios escolares

  1. Canadá
  2. Estados Unidos
  3. Austrália
  4. Irlanda
  5. Reino Unido
  6. Nova Zelândia
  7. Malta
  8. África do Sul
  9. França
  10. Espanha

*Fonte: Belta (Associação das Agências de Intercâmbio)

Como, onde e quando fazer?

A especialista em intercâmbios Marina Motta aconselha:

1. Defina o objetivo do viajante. Só estudo? Estudo + trabalho ou estágio? Idioma + aulas de interesse específico, como arte ou gastronomia? Há programas que combinam tudo isso, cursos de idiomas até de pós-graduação, além de trabalho remunerado ou voluntário.

2. Procure um especialista. Ele identificará os interesses e montará o pacote certo. A Belta é o órgão regulamentador das empresas de intercâmbio no Brasil: belta.org.br.

3. Defina destino e acomodação, considerando estilo de vida e interesse imediato. Cidades mais frias maiores ou menores? Casa de família ou residência estudantil?

4. Compare preços e custo de vida em cada local: pacotes nos EUA ou Inglaterra podem ter preços parecidos, porém o custo de vida no segundo costuma ser mais caro. No entanto, na Europa é possível viajar por vários países do continente a preços competitivos. Canadá, Austrália e Irlanda são excelentes lugares para trabalhar meio período enquanto estiver estudando.

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