Artigo: audiência e a pandemia do coronavírus
Um estudo da MindMiners, realizado a pedido da agência Leo Burnett, aponta que, em meio a pandemia do novo coronavírus, 82% dos entrevistados buscam notícias pelo menos uma vez ao dia. Outros 53% revelam ter aumentado consideravelmente a frequência do consumo de informação. Sites de notícias (77%), TV aberta (76%) e redes sociais (64%) são as principais fontes.
O aumento da audiência trouxe, na esteira, uma corrente de atitudes dos principais jornais e canais do mundo. Após o New York Times iniciar o processo nos Estados Unidos, no Brasil foi a vez da Folha de S.Paulo, Estadão e O Globo derrubarem seus paywalls para matérias sobre o tema COVID-19. Na TV por assinatura, canais como GloboNews, BandNews, Globoplay, Disney e CNN passaram a ser acessíveis mesmo para não- assinantes de pacotes especiais, apoiadas pelas operadoras Claro, Sky, Vivo e Oi TV.
As ações surtiram efeito e, diariamente, vemos notícias de aumento de audiência em diversos veículos. As pessoas em casa passaram a consumir mais conteúdo. E, não só isso: bom conteúdo. É tempo de se reconectar com uma audiência que parecia perdida.
Criatividade e autenticidade
Para que a conexão com a audiência aconteça, e para que eles sigam consumidores de conteúdo mesmo no período pós quarentena, é necessário estratégia. Só surfar a onda dos números em alta, ou copiar ideias que funcionaram não é – na verdade nunca foi – suficiente. É tempo de conhecer o público, entender em quais canais ele quer conversar, quais seus anseios. É tempo, também, de definir posicionamento da marca, com criatividade e autenticidade. Essas são as palavras mais importantes para a crise atual.
Empresas dispostas a trabalhar sua comunicação nesses pilares estão com a faca e o queijo na mão. E como isso acontece na prática? Reunindo times para entender como a relação acontecerá em tempos de coronavírus. É perigoso paralisar a comunicação nesse momento. Os clientes, parceiros e colaboradores querem saber quem você é exatamente em um momento crítico. Quais seus valores? Qual sua capacidade de se reinventar? Qual a agilidade para explorar novos canais e novas maneiras de mostrar o que pensa e como vai agir a partir de agora? Esse é o momento certo. São inúmeras possibilidades de comunicação:
– Produção de vídeos
– Podcasts com opiniões
– Assessoria de imprensa – colocar sua empresa como fonte de informação
– Lives nas redes sociais da sua empresa
Boas práticas de comunicação e marketing
Com a crise, diversas marcas no Brasil e no mundo se movimentaram e estabeleceram ações que geram empatia e conexão. Muitas delas não demandam rios de dinheiro e servem como inspiração para aqueles que possuem pequenos negócios e estão preocupados sobre o que fazer. Veja alguns exemplos:
Lush – mundialmente conhecida pelos sabonetes, entre outros artigos de higiene pessoal focada no mercado de luxo, a Lush colocou cartazes em frente a algumas lojas no Reino Unido com dicas sobre como lavar as mãos de maneira segura e efetiva. Além disso, os cartazes convidavam o público a entrar nas lojas e lavá-las gratuitamente, usando os produtos da marca e garantindo a higienização.
LVMH e Ambev – a controladora de algumas das principais marcas de luxo do mundo, como Louis Vuitton, Dior, Bvlgari, Tiffany e Chandon, a LVMH anunciou vai parar as linhas de produção de perfumes e cosméticos para produzir produtos de higiene para as mãos, como álcool gel. A produção será doada ao governo e órgãos de saúda da França. No Brasil, a Ambev anunciou medida semelhante, iniciando a produção de 500 mil unidades de garrafas PET com álcool gel que serão doadas para hospitais de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
KFC e Hershey’s – tirou do ar o comercial em que os consumidores apareciam lambendo os dedos após degustar os frangos da rede, ao som de “Nocturne”, de Chopin. Já a Hershey’s pausou a campanha que mostra pessoas se abraçando e trocando barras de chocolate, colocando no lugar comerciais focados em produto e sem interação humana. Esses exemplos mostram com clareza a inteligência da comunicação a serviço das marcas. Mesmo sem qualquer ligação com o assunto, esses comerciais poderiam parecer inconvenientes e até ofensivos às pessoas.
*Texto originalmente escrito por Renata Rosa.