SELF

A quebra da quarta parede: abandonando a projeção para viver um amor de verdade!

Educar e construir um relacionamento à dois é uma tarefa difícil, e deve ser encarada com compromisso e empatia

Você já ouviu falar sobre a quebra da quarta parede? No cinema, esse é aquele momento em que o ator deixa de se comunicar apenas com os personagens do filme e passa a interagir com o público. Ele olha para a câmera e fala diretamente com o espectador, como se estivesse contando um segredo para a plateia. Esse movimento no cinema torna o público menos alienado e mais crítico. Provocando as pessoas a se sentirem mais participativas e a pensarem junto com o ator.

Quando quebramos a quarta parede de um relacionamento, fazemos um movimento similar, abrimos o campo de visão para a vida a dois. Rasgamos a tela das nossas projeções e os conceitos rasos sobre afeto. Abandonamos a ficção para explorar a realidade, a nossa, a do outro e a do amor.

Arrisco a dizer que um número imenso de casamentos estão fechados no palco da encenação, encarcerados na inverdade, sufocados pela falta de intimidade emocional e aprisionados por toda essa inércia afetiva, que cria o espetáculo entre dois estranhos que não ousam em se conhecer. 

O resultado disso é uma dura realidade, muitos casais se divorciam mesmo desejando muito que a história tivesse dado certo. Finalizam o enredo precocemente. Perdem a respiração, quando ainda havia fôlego. A incapacidade de administrar as próprias emoções e a inabilidade de compreender o outro, resultam nesse desfecho. Por isso, eu defendo que o amor precisa ser educado e construído.

Sempre que nos dispomos a quebrar a quarta parede abandonamos os personagens, as idealizações, rasgamos as projeções e adentramos na vida de fato. Certamente corremos o risco de nos decepcionarmos, com nós mesmos e com o outro, diversas vezes.

Tirar a roupa do corpo é muito mais fácil do que desnudar a alma.

Mas será que existe algum outro caminho para chegarmos na pedra angular que edifica os relacionamentos verdadeiros, aqueles que não vivem de aparência, mas sim, de essência? Penso que não.

*Coluna originalmente publicada na edição #248 da revista TOPVIEW. 

Deixe um comentário