PODER

Uma vida em 200 m2

A necessidade de viver bem em um espaço limitado – e sem ter o mundo para explorar – nos fez entender a importância de pequenos detalhes

A terra tem a extensão de mais ou menos seis bilhões de km², número que sequer conseguimos dimensionar, mas que nos faz pensar em algo ligeiramente grande. Com as restrições impostas pelos acontecimentos dos últimos meses, a vida lá fora precisou ser ajustada e tivemos que aprender a viver em apartamentos que, em
média, ocupam cerca de 200 m2. A pergunta que fica é: como é possível viver melhor nessa limitação de espaço?

Para a turma do marketing, descobrir essa resposta tem sido uma jornada e tanto. Então, antes de escrever esta coluna, fiz uma pesquisa qualitativa para ouvir um pouco as prioridades que as pessoas consideram essenciais
em suas rotinas dentro de seus novos limites de espaço. Algumas repetições nas respostas me chamaram a atenção, como a importância dada a exercícios físicos e meditação – hábitos que, até pouco tempo atrás, eram
menos praticados do que atualmente.

O espaço adaptado por muitos para ambas as atividades foi a famosa “sala de visitas”, que já está velha até no nome. Surge, portanto, a oportunidade para que novos apartamentos substituam esse ambiente (ao qual ninguém nunca ia mesmo) por um espaço de wellness, um lugar para equilibrar a mente e o corpo antes de encarar as maratonas no Zoom ao longo do dia. Por falar nisso, volta agora a necessidade da antiga biblioteca para se ter silêncio e privacidade. Janelas à prova de som ganham enorme importância – ou tem alguém aí que está imune à irritação causada pelos roncos de moto que passam pela rua bem no meio daquele áudio do WhatsApp para o seu cliente?

Chega a hora do almoço e já temos mais um desafio: descer para pegar o delivery na portaria. E se, em vez disso, existissem pequenos elevadores exclusivos para entregas? Certamente não seria algo supérfluo, não é
mesmo? Na parte da tarde, quando bate aquele sol na janela, nós também precisamos de luz. E, por conta
dessa necessidade biológica, mais do que nunca, valorizaremos os apartamentos bem iluminados.

Na falta de liberação para ir aos parques, as áreas comuns serão nosso novo convívio com a natureza. Atenção dobrada para um bom paisagismo, um ambiente para as crianças e para os pets, hortas e – por que não? – serviços de conveniência no modelo take and go, ofertados por vending machines com pagamento por app. São só algumas poucas ideias para nossos novos desejos em nossas novas rotinas. As incorporadoras
e construtoras que cuidarem dos detalhes, serão bem-sucedidas.

*Coluna originalmente publicada na edição #238 da revista TOPVIEW.

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