A sororidade high tech de Vanessa Romankiv
Aos 13 anos, Vanessa Romankiv queria entrar em uma escolinha de futebol. Ao invés disso, o pai decidiu inscrevê-la em um curso de informática. Foi o primeiro passo de sua carreira na área de tecnologia, como desenvolvedora de softwares – um setor que ela classifica como altamente masculinizado e que abre pouco espaço para mulheres.
Um exemplo que lhe revelou o ambiente hostil foi a disparidade de salários. Vanessa diz que só não recebia menos que os colegas homens porque tinha “cara de pau” para cobrar, mas sofria boicotes. “Conheci uma mulher que se formou no Massachusetts Institute of Technology (MIT), trabalhava em uma multinacional e ganhava 30% a menos que homens no mesmo cargo”, diz.
Foi assim que começou a propor iniciativas para mulheres aprenderem a programar e a se inserirem na área. Primeiro, fundou o Pyladies Curitiba (voltado à programação em linguagem Python) e, depois, o TechLadies. O crescimento foi exponencial. No começo, eram 10 mulheres. Hoje, são 1,6 mil no grupo do Facebook (só de Curitiba). Nos próximos meses, a rede se ramificará para São Paulo, Florianópolis e Ponta Grossa.
Além de eventos e oficinas, o TechLadies também fomenta uma rede de cumplicidade entre mulheres, que podem se unir para fazer amizades, negócios ou até desabafar sobre casos de assédio. “Quando meu pai faleceu, as meninas assumiram o controle de um evento por mim. Foi bonito”, diz, sobre a união que o grupo estimula.
Para fazer parte da rede, não é preciso ter conhecimento prévio e nem ser da área. “Meu objetivo é mostrar que qualquer pessoa pode fazer tecnologia”, afirma Vanessa, que pretende, em um futuro próximo, abrir uma empresa de tecnologia só de mulheres.
*Matéria escrita por Amanda Audi e publicada originalmente na edição 206 da revista TOPVIEW.