BATEU SAUDADES! Sócios da Liqüe relembram bons momentos da história
O que era para ser um restaurante na casa de Paulo Freitas Santos, se tornou uma das baladas de maior sucesso de Curitiba. Com sete anos de – intensa – existência (de 2006 a 2013) e mais de 700 festas realizadas com êxito, a Liqüe deixou saudades. Talvez seja por isso que o clima do clube voltou a deixar os curitibanos em ebulição.
Dia 26 de outubro, a matéria retoma seu estado líquido e, pelo terceiro ano, acontece a Liqüe Annual Party. A festa, que vai ser realizada no Ópera Concept Hall, promete relembrar os velhos – e bons – tempos trazendo os famosos aquários com bolhas de ar e a pioneira automação de leds que vibrava conforme a música acontecia na pista.
Conversamos com Edo Krause, Paulo Freitas Santos, Leandro Jabur e Fred Galioto, em uma das difíceis ocasiões em que os quatro conseguiram conciliar as agendas e se reunir para relembrar os tempos de Liqüe.
O quarteto, que segue super entrosado, relembrou festas, perrengues e situações que marcaram os sete anos de clube. Confira como foi o bate-papo e se prepare para reviver essas histórias em outubro.
TOPVIEW + LIQÜE
TOPVIEW: Como tudo começou?
FRED GALIOTTO: a Liqüe começou na verdade em uma conversa nossa no DOT.
LEANDRO JABUR: foi lá que a gente viu a necessidade [de abrir uma balada]. Fazia dois anos que Curitiba não tinha uma boate. A gente juntou tudo que a gente tinha de melhor e foi cada um contribuindo.
EDO KRAUSE: começou mesmo porque o Leandro já trabalhava com isso. Ele já tinha um bar que era bombado. E a gente já fazia umas festas.
PAULO FREITAS SANTOS: a Liqüe começou como restaurante. Tinha até o chef Laurent Suaudeau. Mas talvez a nossa vocação fosse realmente [fazer] festa.
EDO KRAUSE: O projeto era ser na casa do Paulão e menos balada. E aí, coincidentemente, apareceu a oportunidade (o terreno, que atualmente abriga o +55, é da família do Edo e, por três anos, foi alugado para ser um bingo antes de ficar disponível para se tornar a Liqüe) e a gente mudou o projeto.
FRED GALIOTTO: E foi realmente melhor essa escolha.
EDO KRAUSE: A Liqüe foi um pouco antes da hora. A gente queria fazer um restaurante que evoluísse para balada, era para ser super legal, super chique com pratos excelentes e depois ia virando balada. Só que a turma não entendia muito isso e era difícil coincidir restaurante e balada. A gente foi se atropelando, criando uma marca e ela foi evoluindo. Acho que dificilmente vai ter outra boate que tenha tido tantas atrações e investimento tamanho.
PAULO FREITAS SANTOS: o investimento em atração surgiu por uma dificuldade de comprar DJ. Aí o Edo inventou uma agência junto com o Sandro Horta, a DJ Go, e saíram pelo mundo correndo atrás de DJs gringos que quisessem – e pudessem – tocar no Brasil. A gente passou dois anos, 2007 e 2008 [assim]. Foi aí que a gente ficou uma referência mundial de DJs.
EDO KRAUSE: o mundo inteiro conhecia a Liqüe.
FRED GALIOTTO: e a Liqüe, nesse começo, tinha DJs que o pessoal não conhecia.
LEANDRO JABUR: com tempo, a própria agenda dos DJs tinha espaço para a gente. Assim a gente ia entrando no cenário mundial.
TV: E o nome Liqüe veio da onde?
LJ: a obra já tinha começado…
EK: e eu lembro que a gente ficou com o nome “Quatro”.
FG: mas aí foi pensado na entrada com água.
EK: eu tinha recém ido para Las Vegas e tinha visto umas produções de água. O teto (do então restaurante na casa do Paulo) era para ser cheio de água em cima.
PF: a ideia se duplica quando a gente abre a Liqüe com aquários iluminados com bolhas dentro.
TV: Para alcançar o pioneirismo, a Liqüe passou por alguns perrengues…
EK: deu um perrengue técnico que quatro dias antes de abrir a Liqüe a gente foi fazer um teste de som e deixar o som em alto volume.
PF: a vibração do som começou a bater nas janelas e estourou um dos aquários. Depois de um mês, eu já tinha cinco aquários reservas. A gente já tinha instalado uma calha dentro da boate e, cada vez que o aquário estourava, vinha a manutenção e trocava o aquário.
EK: a gente comprava motorzinho de bolha de aquário para fazer. Nós que inventamos. Não tinha uma tecnologia. Depois evoluiu e a gente conseguiu fazer aquários lindos que não falhavam, nem estouravam.
PF: em 2008, a gente automatizou. Foi a primeira boate que virou tudo LED, tudo automatizado de acordo com a batida do som.
EK: E a gente era meio chato com esse negócio, porque influencia demais na pista. A gente às vezes via um luminoso de um patrocinador branco e a gente queria morrer com aquilo. Então a gente puxava da tomada no meio da noite. A gente odiava aquela luz que
não interagia.
TV: Como foi lidar com o sucesso?
EK: A gente não esperava. Tivemos uma dificuldade muito grande no começo porque tinha um concorrente que comprava DJ […] e a gente não podia comprar. A gente foi indo, mas nunca com a pretensão de trazer tantos.
PF: e depois valorizar a cena local, os melhores DJs, as melhores pessoas daqui e de Santa Catarina. […]. E era outra época. Em 2006 não tinha informação de rede social tão grande. Era diferente. As pessoas se conheciam mais, o universo que atingia era menor. Tinha um glamour na porta.
EK: uma das coisas que foi o diferencial da Liqüe foi uma cultura que o Leandro implementou quando ele tinha o Dot. Ele e o irmão dele ficavam na porta e falavam ‘você entra, você não entra’. Eu mesmo fui barrado. Isso fazia com que quem tivesse dentro se sentisse especial. Ele tinha coragem de barrar e na Liqüe continuou fazendo isso por um tempo. Tinha uma magia, meio marra.
TV: Qual lembrança a Liqüe deixou?
EK: eu acho que, de DJ, a gente não pode deixar de mencionar a Bacardi. Ela tinha um projeto chamado Bacardi Beer Live que tinha verbas bem significativas para trazer DJs. Na época a gente conseguiu trazer o Sharam quando o Deep Dish era o máximo. Foi uma conquista, um divisor de águas.
PF: e [David] Guetta, que veio 6 vezes.
EK: Guetta foi um cara gigante que veio aqui quando ele já não tinha nível de tocar em festa pequena e ele tocava aqui. Kaskade foi um cara que desde o começo tocou com a gente e foi crescendo.
LJ: [As festas] do Estação. A gente chegou a quase quatro mil pessoas bem no meio do surto de gripe.
EK: Fat Boy Slim também.
PF: Todos são DJs de festival que tocaram em um clube para 400 pessoas. Era um privilégio para o nosso cliente.
TV: E o que o público pode esperar da festa deste ano?
PF: o que eu sinto este ano é a gente tentar dar uma cara um pouco mais de Liqüe na festa, estamos ressuscitando a revistinha da Liqüe, estamos colocando um pouco mais da nossa alma dentro da festa. Ela vai ter melhorias de layout. A gente vai ter um palco que é quase a sala da casa do tio Edo, onde ele vai receber uma série de DJs e fazer esse trabalho de anfitrião da festa.
EK: O som vai ser bem de antigamente acho. O Ron Carroll que vai tocar é a cara da Liqüe de antigamente. Pic [Schmitz] e eu vamos fazer um set de antigamente.
Quer se sentir parte desta história? Não dá para perder a Lique Annual Party. Nos vemos lá!
Serviço
Liqüe Annual Party
Sábado, 26 de outubro de 2019
Ópera Concept Hall – R. Via Veneto, 505 – Santa Felicidade
Garanta aqui seu ingresso.