O Versania Seniors Club inaugurou na noite da última quinta-feira (22) uma nova ala de apartamentos já com quase 100% de ocupação. Do total de 102 suítes, apenas nove estão disponíveis. O evento também oficializou a incorporação do residencial pela Versania, empresa do Grupo Keralty.

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Segundo Ernesto Lagomarsino, fundador e diretor do Versania Seniors Club, a incorporação não muda em nada o modelo de cuidado criado em 2020 por ele e sua esposa, a Dra. Carla Schaefer Lagomarsino. “Do ponto de vista do atendimento humanizado e personalizado, nada muda. Eu e a minha esposa continuamos atendendo os hóspedes como donos do residencial. A Versania se apoia e potencializa ainda mais o caminho que já trilhamos para atuar nessa área” destacou.

Já para a expansão do modelo de cuidado com a pessoa idosa, a incorporação só traz vantagens e aceleração. “Com a Versania, podemos começar o sonho de crescer e levar esse modelo para todo o Brasil e América Latina. A Versania nos trouxe respaldo internacional e capacidade de crescimento e expansão”, comenta Lagomarsino.

O processo de incorporação foi iniciado no ano passado, quando a Versania apareceu em Curitiba e analisou as similaridades existentes na missão, visão e valores das duas empresas. “A partir daí, o processo foi super-rápido. Em menos de nove meses foi feita a due dilligence e os contratos redigidos e assinados. O Versania Seniors Club tem os objetivos do Grupo Keralty, que tem como principal meta crescer no Brasil prestando serviços e cuidando da população mais frágil. Além de pessoas idosas, crianças com autismo, adolescentes com problemas psicosociais, pessoas em cuidados paliativos ou continuados, também fazem parte no curto prazo, do foco da Versania em Curitiba e no Brasil, assim como a empresa já o faz em boa parte da América Latina”, conta o fundador.

Confira os principais trechos da entrevista com o diretor do Versania Seniors Club.

Como surgiu o projeto de um residencial para idosos em Curitiba?

Criamos o Seniors Club por causa de três experiências de vida que tive. Nasci em uma família humilde do Uruguai, morávamos em uma casa muito simples e pequena, tanto que o meu quarto ficava num corredor da casa. Sou filho único e meus pais eram filhos únicos também. Quando a minha avó paterna ficou doente, não tinha lugar na nossa casa e ela foi colocada em um asilo. Eu era pequeno quando ia visita-la e até hoje sinto uma coisa ruim quando lembro daquele lugar. Lembro do mal cheiro, das camas entulhadas e da falta de luz e ventilação.

Mais tarde, em 1992, vim para o Brasil comandar uma empresa de emergências médicas. Já tinha melhores condições financeiras quando meu pai ficou bem doente, em 2000. Em razão da experiência ruim que tive com a minha avô, contratei um exército de cuidadoras para ajudar a minha mãe a cuidar do meu pai em casa. Isso quase acabou com a vida da minha mãe. Eu achei que estava resolvendo um problema para eles, mas a gestão dessas cuidadoras consumiu minha mãe.

Paralelo a isso, minha esposa, que é médica, atendia diariamente vários idosos em Curitiba e comentava que os residenciais existentes na cidade eram muito ruins, ou em lugares muito afastados, longe das famílias, ou muito caros, inacessíveis para a maioria.

A partir dessa constatação, comecei a pesquisar os mercados de Curitiba, São Paulo, Montevidéu e nos Estados Unidos. Conheci muitos residenciais e comecei a desenhar o projeto.

E quais as principais características e diferenciais do Versania Seniors Club?

Primeiro, é numa área nobre de Curitiba. Existem estudos que mostram que uma família não gosta e não costuma deixar o seu familiar num lugar no qual ele leve mais de 30 a 40 minutos de carro para chegar. Isso, para facilitar a visitação e não gerar no idoso um vazio familiar.

Segundo, foi um prédio projetado e construído especialmente para ser um residencial com toda a funcionalidade e o conforto necessários para oferecer qualidade de vida e de moradia para os idosos. São 6 mil m² de área construída, 20 áreas comuns de convivência, incluindo seis salas de atividades, ático para tomar sol, piscina aquecida, restaurante e salão de beleza, entre outras, além de 1 mil m² de bosque natural.

Terceiro, temos uma equipe multidisciplinar, de quase 100 colaboradores, que recebe treinamento padrão Disney, para ter sempre atitudes carinhosas e gentis e oferecer atenção, conforto e bem-estar aos nossos hóspedes. Todos aqui, independente da função, conhecem a história pessoal de cada hóspede. Conhecendo o passado, respeita-se o presente. Nesse contexto, a rotina e a socialização melhoram o futuro de cada um. Todos aqui gostam de trabalhar com pessoas e são comandados pela Dra. Carla Schaefer Lagomarsino, especializada em emergência médica e Gerontologia, que é a Responsável Técnica e Gerente Assistencial do residencial.

Qual o perfil do hóspede do Versania Seniors Club?

Os hóspedes se dividem, primeiro, em cognitivos e não-cognitivos. Mas utilizamos o Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional (IVCF), que é uma avaliação do hóspede feita pelos seus familiares sobre percepção de saúde, atividades físicas diárias, cognição, humor, mobilidade, comunicação e comorbidades múltiplas. Esse índice indica o grau de fragilidade e dependência do idoso. São 20 questões que totalizam 40 pontos. Existe uma correlação entre o score e o grau de dependência do hóspede. Isso nos ajuda a traçar o plano de cuidados de cada um conforme as suas necessidades.

Mais de 90% das pessoas que vêm morar com a gente, depois de 30 dias já está com o seu IVCF menor, o que indica uma melhoria geral. Isso porque eles passam a ter uma rotina, têm uma sessão diária de atividade física, socializam e resgatam a autoestima – o salão de beleza é uma das áreas comuns mais utilizadas pelos nossos hóspedes –. Essas coisas não acontecem quando o idoso está em casa. Temos histórias de hóspedes que mal tomavam banho em casa e que hoje são outras pessoas aqui.

O que leva uma família a optar por uma hospedagem permanente para seu idoso?

As famílias ou idosos que nos procuram se dividem em seis realidades distintas. O primeiro grupo é das pessoas que procuram para si mesmas, são pessoas que não querem dar trabalho para a família e não querem se preocupar com a gestão de cuidadores, manutenção da casa e IPTU. Esse grupo procura mordomias e um lugar bacana, com cama feita, quarto limpo, roupa lavada, comida boa, atividades físicas, novas amizades e quando quiserem sair, saem. São, no geral, pessoas sozinhas, viúvas ou solteiras, sendo 2/3 mulheres e 1/3 homens.

O segundo grupo é de filhos, netos ou sobrinhos que percebem que o idoso da família já não tem condições plenas de morar sozinho, seja porque deixou uma porta aberta ou um fogão aceso, porque esquece de tomar medicação na hora certa ou porque sofreu uma queda em casa e demorou a ser socorrido, entre outros incidentes.

O terceiro grupo é formado por pessoas que estão hospitalizadas e que no momento da alta não tem condições de ir para casa, pois ainda precisam de mais tempo e cuidados para retornar à autonomia.

O quarto grupo é de pessoas que estão morando com seus idosos e começam a perceber que a alternativa de viver com eles já não está dando certo, pois isso altera toda a rotina do grupo familiar.

O quinta grupo é de pessoas que estão em outros residenciais e não estão satisfeitos.

O sexto e último grupo são de pessoas que estão morando com cuidadoras e a família percebeu que o custo é o mesmo, senão superior, e que a vida do idoso se limita a dormir e assistir TV, sem rotinas e sem socialização, e a gestão das cuidadoras é todo um problema.

Os casos mais frequentes são dos grupos dois e seis, os que não podem mais morar sozinhos ou daqueles cujas famílias não querem mais manter os cuidados domiciliares e a manutenção de suas casas.