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Eu ou um robô?

A digitalização trouxe muitas mudanças para o mercado de trabalho – inclusive a substituição de trabalho humano por máquinas o que esperar do futuro?

Você já pensou que, em 10 anos, a sua profissão pode ter chegado ao fim? Isso pode ser um pouco assustador, mas tem acontecido com frequência. As ocupações mudam ao longo do tempo para acompanhar as mudanças no mercado de trabalho. Conforme a tecnologia segue avançando em alta velocidade, as profissões vão se modificando e se adequando às novas condições do mercado.

E essa mudança não é exclusiva dos dias atuais. “Um exemplo disso é a Primeira Revolução Industrial, caracterizada pelo grande desenvolvimento tecnológico iniciado na Europa que, posteriormente, espalhou-se pelo mundo e provocou inúmeras e profundas transformações econômicas e sociais”, afirma Luciana Mariano, especialista em gestão estratégica de pessoas e coordenadora do PUC Carreiras, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Um dos grandes momentos históricos que marcou essa mudança foi quando Henry Ford criou e desenvolveu um sistema de linha de montagem para poder atingir grandes volumes de produção com baixos custos, no início do século XX. “Os trabalhadores tinham cargos para execução de tarefas bem definidas e repetitivas. Agora, há algoritmos prevendo o quanto se deve produzir e robôs que executam tarefas mais repetitivas”, explica Luciana.

Segundo a especialista, essas alterações continuam a acontecer, mas com uma frequência maior, por conta da chegada da Indústria 4.0. “Hoje, nós temos a automação industrial e a integração de diferentes tecnologias, como a inteligência artificial e a robótica, com o objetivo de melhorar os processos e aumentar a produtividade”, destaca Luciana.

Essas mudanças no mercado de trabalho atingiram diversos profissionais. Para Joaquim Miguel Barrachina, diretor da Vale Fértil, o que não faltaram foram modificações em sua profissão nos últimos 32 anos de empresa. 

Formado em Ciências Econômicas, o espanhol de 65 anos – que se considera mais brasileiro do que espanhol, já que veio para o país com três anos de idade – entrou na companhia aos 33 anos. À época, ele havia saído da área pública e começou a atuar no setor privado, em um frigorífico. “Tive que aprender algo totalmente novo e assumi o projeto de fundar a Vale Fértil”, conta.

Como a empresa sempre trabalhou muito com comércio exterior, o profissional diz que precisou aprender a lidar com as mudanças, já que, há três décadas, tudo era feito por meio de uma máquina de datilografia e, obviamente, sem a ajuda da internet.

Quando esta chegou, seu trabalho mudou totalmente e, por mais que sua profissão não tenha chegado ao fim, ele teve que aceitar as mudanças e reaprender muitos processos. “Eu sempre fui uma pessoa que aceita aprender, nunca estou satisfeito com o que eu tenho. Acho que em qualquer conversa você vai aprender algo com alguém, independentemente da idade. Por isso, tem de estar preparado e aceitar as mudanças”, justifica.

Ainda assim, o diretor afirma que esses avanços abriram portas para outras funções no seu dia a dia. “Eu aprendi a arrumar tempo para ser mais estratégico. Era muito difícil comandar uma equipe e fazer o trabalho manual. Havia computador na época, mas era raro. Nossos pedidos eram confirmados por telégrafo. Então, essas mudanças foram melhores até para o meu relacionamento dentro da empresa”, diz.

Por fim, Joaquim fala sobre o futuro na sua área: “Não sabemos o que será, mas sei que teremos ainda mais novidades nos próximos anos. Por isso, temos de estar preparados e sermos mais receptivos”, conclui.

Crianças x Novas profissões

Conhecida como nativa digital, a nova geração possui uma relação íntima com os gadgets, afinal, eles já nasceram e cresceram na era da internet. “São crianças que passam boa parte do dia jogando videogames, que acompanham de perto as inovações tecnológicas e gostam de consumi-las, quando possível. Com certeza, são pessoas que não vão se assustar se um dia houver uma entrevista de emprego no metaverso ou em algum lugar similar”, pontua Luciana.

A especialista sugere que elas não terão dificuldades com as profissões do futuro, já que estão acostumadas com a rápida atualização dos processos e atividades. “Essas crianças são muito curiosas, espertas e ligadas em tudo à sua volta. Provavelmente, vão ter um nível educacional maior do que o de todas as gerações anteriores. Começarão a estudar mais cedo, serão as primeiras a experimentar um novo sistema escolar – online e offline – e vão deter o maior conhecimento tecnológico da história”, analisa ela.

Principais skills para 2025

• Aprendizagem ativa e estratégias de aprendizado
• Pensamento analítico e inovação
• Criatividade, originalidade e iniciativa
• Liderança
• Inteligência Emocional
• Pensamento crítico
• Resolução de problemas complexos
• Resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade
• Programação
• Ser orientado aos serviços para o cliente
• Raciocínio lógico
• Experiência do usuário
• Uso, monitoramento e controle de tecnologias
• Análise e avaliação de sistemas
• Persuasão e negociação

Fonte: Fórum econômico Mundial

*Matéria originalmente publicada na edição #269 da revista TOPVIEW.

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