PODER PERSONALIDADES

Chaouiche: sempre um passo à frente

Quem é a dupla que colocou Curitiba como referência na moda nacional – e mira o mercado internacional

Confiança e lealdade definem a Chaouiche, mas também seus fundadores. Talvez, por isso, a marca de moda criada em Curitiba há três anos já seja um destaque nacional, presente em quatro estados brasileiros e com entrada em Miami. A trajetória profissional de Rafael Chaouiche e Moisés Zugman, porém, foi marcada por alguns sufocos: sobretudo o medo de as roupas, marcantes pelas cores e formas, não venderem, o desafio de produzir sem um ateliê fi xo e a dificuldade de achar costureiras que comprassem o desafio de uma moda feita de minúcias. Mas, o que começou com uma dupla, hoje é um septeto: Moisés é o “cabeça”, à frente do financeiro e do planejamento, e Rafael é a mente criativa e as mãos, auxiliado por quatro costureiras e uma modelista. O DNA da marca, que garante um fio condutor às coleções, é “o fashion e o criativo ao máximo” ou “a união entre o belo e o novo”, segundo o estilista, Rafael. Ou seja, é composto por peças inusitadas, que chamam a atenção, e, ao mesmo tempo, são esteticamente bonitas.

Moisés Zugman

Uma mulher que veste Chaouiche marca presença e revela personalidade. Esse estilo, que é tudo, menos simplista, e hoje é visto como trunfo, já pesou negativamente do ponto de vista empresarial. “Em um primeiro momento, não são todas que vão querer vestir a marca”, explica Moisés, que tem formação em Direito pela UFPR. “Todo mundo acha lindo, mas dizem: ‘Ah, é muito chamativo para mim.’” No entanto, agora, produzindo a quinta coleção, a marca já possui compradores fiéis. Essa estabilidade ajuda Rafael a perceber o gosto das consumidoras e qual a melhor forma de trabalhá-lo: trata-se de uma mulher viajada, com maior conhecimento de tecidos e referências arquitetônicas e artísticas. Para corresponder a esse padrão alto de exigência, durante a produção das roupas, os mínimos detalhes são observados: da escolha do tecido às cores, passando pelo processo de costura. O sucesso da marca, avalia Rafael, “deve-se exclusivamente à roupa”: “Não somos nós, mas todo o processo até ela existir fisicamente”. Aí talvez haja um excesso de modéstia do estilista, pois o processo criativo conta bastante. A falta de inspiração raramente se mostra um empecilho e a pressão para finalizar as roupas serve até como incentivo, a exemplo da coleção de inverno 2018. “A verdade é que estou sempre pensando em alguma coisa”, conta Rafael, que usa suas próprias coleções como ponto de pesquisa, avaliando o que funcionou ou não.

Rafael Chaouiche. Além da loja em Miami, a Chaouiche está presente em São Paulo, no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul e em Goiás. Também é possível adquiri-la pelo e-commerce Gallerist.

Não poderia ser de outra forma: o estilista, que também é figurinista e produtor de moda, deixou a cidade natal de Calógeras, no interior do Paraná, aos 17 anos, a fim de estudar moda em Curitiba – uma paixão ancestral, algo intrínseco à sua personalidade. Spoiler: próximos passos Embora sempre tenha visualizado mulheres nas suas criações, Rafael admite a possibilidade de trabalhar com peças masculinas no futuro. Melhorar a infraestrutura e as vendas são os próximos passos, segundo Moisés, para então alçar voos mais altos: fortalecer a presença no exterior, em outras cidades dos Estados Unidos e em países como Japão e Emirados Árabes, que possuem o perfil da marca. Aliás, esse perfil é um processo em descoberta. Foi com a coleção de inverno 2018 que a dupla percebeu que mulheres mais maduras, acima de cinquenta anos, também se interessavam pelas roupas.

Imagem da coleção verão 2017, a primeira da marca Chaouiche

Na próxima coleção, as peças não agradarão somente a menina jovem e sexy, mas também a senhora de personalidade forte. Atualmente, eles produzem a coleção de verão, que já vendeu 300 peças no showroom em São Paulo no início do ano – número que representa o dobro em relação ao ano anterior. E o que se pode esperar da nova coleção? Leveza e harmonia. Depois do conceito de mulher fatal, que a coleção de inverno 2018 ilustrou em tons dourados, agora é cedido espaço para a esperança e a positividade do ano novo e a alegria do verão. Tudo refletido nas estampas, nas cores e na modelagem. Mas eles estão mesmo é de olho no próximo inverno – sempre um passo à frente. 

*Matéria publicada originalmente na edição 213 da revista TOPVIEW

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