O fundão da vergonha
A falta de vergonha da classe política supera até as expectativas dos brasileiros, já bastante acostumados à desfaçatez dessa gente. Dois bilhões de reais de dinheiro público para gastar em campanhas. Tentaram até dobrar a aposta, fazendo o valor chegar a R$ 3,8 bilhões. Diante da repercussão, fingiram preocupação com o povo e ficaram com o valor inicial. Os rostos não ficaram sequer rosados ao defender a patifaria. Dizem que é o preço da democracia. Também tentaram inventar argumentos jurídicos. Bolsonaro disse que poderia cometer crime de responsabilidade se vetar a medida. Basta ler o artigo 66, parágrafo 1º, da Constituição, que prevê como atribuição presidencial vetar projeto “contrário ao interesse público”. Só em Curitiba, até agora, cerca de 40 pré-candidatos se apresentaram para disputar a prefeitura, todos de olho em um naco do fundo bilionário. É a festa da democracia, mas, para nós, como diria Cazuza, restou ficar “na porta estacionando os carros”.
FRASE DO MÊS
“Quantas pessoas o Supremo condenou até agora na Lava Jato, quase seis anos depois?”
– Deltan Dallagnol, procurador-chefe da Lava Jato de Curitiba, respondendo às críticas do ministro do Supremo, Ricardo Lewandowski, que disse que as “operações [de combate à corrupção] foram extremamente seletivas”.
PARA ACOMPANHAR
PIMENTEL PRESTES A BATER ASAS
O vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, é o nome mais cortejado pelas legendas para as eleições de outubro. Ratinho Júnior lhe indicou o PSC, Álvaro Dias o convidou para o Podemos, Francischini o quer no PSL. O tucano já decidiu deixar o ninho, mas ainda conversa com todos para escolher seu destino.
TESTEMUNHAS PARANAENSES
Dois paranaenses podem criar uma reviravolta nas investigações sobre a morte do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel. Um fazendeiro de Ponta Grossa, Valter Sâmara, revelou uma fita com gravações comprometedoras. Segundo ele, na conversa, aparecem o ex-ministro nascido em Londrina, Gilberto Carvalho, e a ex-mulher do prefeito, Miriam Belchior.
PEDÁGIO FECHADO
Três concessionárias estão impedidas de firmar novos contratos com o Estado. A resolução da Controladoria-geral do Paraná suspende a Rodonorte, A Ecovia e a Ecocataratas de participar de novas licitações. Todas admitiram pagar propina a políticos para aumentar os lucros.
*Matéria originalmente publicada na edição #232 da revista TOPVIEW.