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Fazendo a diferença

Há um ano no mercado, foodtech Diferente investe no mercado saudável do futuro

Já que a edição deste mês tem como tema “Construção e Negócios”, a minha coluna será diferente. Diferente não só no formato, mas diferente porque este é o nome da empresa de que meu filho, Eduardo Petrelli, é CEO e fundador. Ele é meu convidado para falar um pouco sobre a sua jornada como empreendedor e também sobre sua nova aposta.

A Diferente é uma foodtech de assinatura de alimentos orgânicos que trabalha diretamente com agricultores para resgatar frutas, verduras, temperos e legumes orgânicos que poderiam ser desperdiçados após serem considerados fora do padrão de beleza pelos grandes mercados varejistas, o que possibilita que mais pessoas tenham acesso a esses alimentos com preços até 40% mais baratos. Confira!

Como surgiu a vontade de empreender?

Na verdade, isso vem desde a infância, eu gostava muito de montar coisas, construir algo. Era apaixonado por Lego, até por isso que eu fui para Engenharia. Sempre fui muito analítico, mas sempre com a ideia de construir. Sempre foi algo que me moveu – e sempre em uma linha de produzir. Então, desde muito jovem, eu comecei a ganhar o meu dinheiro, com a minha primeira empresa aos 15 anos, sempre atrelando coisas que eu amava, mas tentando construir isso e transformar em um negócio. Já estou na minha 4a empresa, com 31 anos, e o meu foco sempre foi impactar o maior número de pessoas com uma solução. É isso o que me move – e que tem muita correlação com empreender.

Quais desafios você enfrenta/enfrentou como um empreendedor?

Dor é o dia a dia do empreendedor, né? Eu brinco que é uma montanha-russa: em vários momentos, você curte, mas, em outros, tem medo, está de ponta cabeça, até que, segundos depois, aquilo fica divertido de novo. Acho que a palavra já exemplifica bastante, “empreendeDOR”, é com dor, não adianta. Se não está com dor é porque você não tá crescendo o suficiente, não está utilizando todas as oportunidades – e empreender é isso. É você construir algo de uma maneira diferente ou uma solução que revolucione algo. Então, se você está em uma linha de algo diferente, seja um preço, um modelo, uma localização, automaticamente vem dificuldades nesse mesmo momento. Com as dificuldades, é normal passar por altos e baixos, afinal, um dos maiores valores do empreendedor é ser resiliente, é continuar nessas baixas acreditando, investindo mais tempo, mais capital, se necessário, mas ser resiliente porque momentos difíceis vão acontecer e, se esse valor não existir, com certeza você vai deixar algumas oportunidades boas passarem. Já passei por vários problemas, desde deixar empresa, ter que vender para [uma pessoa de perfil mais] estratégico, que não era o que a gente mais gostaria, achar que a empresa ia quebrar e ter que passar por cima disso, até momentos de pandemia, de muito crescimento, que também carregam outras dificuldades.

Como surgiu a ideia da Diferente?

A Diferente veio de alguns pontos. Primeiramente, de uma vontade pessoal, de alimentação saudável, que é normalmente muito cara, difícil de encontrar… a experiência, na minha opinião, de você aplicar um mercado tradicional no online, não é a melhor do mundo, afinal, 5 mil itens para você escolher por meio do celular não é fácil. Então, veio de uma dor pessoal, de receber itens saudáveis, frescos, acessíveis, em uma recorrência que eu não precisasse pensar. Esse foi o começo. Óbvio que também tem muita correlação com a experiência anterior, o James [Delivery], que também estava nesse setor do supermercado online; então, eu vi vários gargalos, várias ineficiências do mercado – e isso tudo me deu “insumo”. Junto com mais dois sócios, o Paulo e o
Saulo, que, em áreas diferentes, foram meus mentores na jornada de começar a Diferente. Então, a nossa missão é dar acesso à alimentação saudável para todos enquanto a gente combate o desperdício de alimentos.

Qual é a importância de promover a conscientização e evitar o desperdício?

É o primeiro passo para começarmos a combater um dos maiores problemas da nossa sociedade hoje, que é o desperdício alimentar. Ao mesmo tempo que muitas pessoas na nossa sociedade possuem segurança alimentar, então consomem menos do que é o estipulado ou o que é necessário, a gente desperdiça 30% de tudo o que é produzido. Esse é um dado da OMS, que mostra que 1/3 de tudo o que é produzido é desperdiçado por diversos motivos – e a conscientização vem entendendo os motivos, que é o primeiro dos passos. E é aí o que a gente dá um zoom maior: os itens fora de um padrão estético são os mais desperdiçados, representando quase 70% desse desperdício. Acho que o primeiro passo para começar a combater, além de, óbvio, encontrar soluções para compra, é a gente comunicar, conscientizar mais a população sobre os problemas que esse desperdício causa. Então, de um lado, uma causa grande de menos produtividade no campo, de outro altos preços para o consumidor e em um terceiro, o desperdício e o impacto que isso gera no mundo. Quantidade de poluição desnecessária, quantidade do volume de água usado de maneira desnecessária… então, solucionar ou, na verdade, combater esses problemas são atos que propiciariam maiores ganhos para a sociedade. Com consentimento e mais players como grupos de mídia batendo nessa tecla, acho que é o primeiro passo para a gente conseguir combater um grande problema da sociedade.

Tem alguma característica da minha forma de administrar a que você aderiu para o seu negócio?

Tem muitas. A visão financeira do negócio, planejamentos futuros com claridade no presente… mas, sem dúvida, a maior característica foi gestão de pessoas. Eu me lembro de, ainda muito pequeno, indo aos eventos da RIC de final de ano – e sempre foi uma missão da RIC juntar as famílias nesses momentos, comemorar não apenas com os funcionários como, também, com seus familiares. Essa parte de gestão de pessoas e compartilhamento de um sonho, de uma visão com esse time, é a maior característica que você trouxe. Além de óbvio, os pontos mais tradicionais de gestão de negócio.

*Matéria originalmente publicada na edição #274 da revista TOPVIEW.

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