O sucesso que veio do sono
Tente pesquisá-lo no Google. As chances de você encontrar qualquer resultado real sobre Sidney Gonçalves da Silva são mínimas. Mesmo no WhatsApp, a foto do fundador e dono da Maxflex – a empresa curitibana de colchões que completa 30 anos de existência em 2016 – despista. Ao invés dele, estão os netos. Ele não é de aparecer muito. Raramente dá entrevistas. Mas recebeu a Top View para um café na megastore da rede, localizada no bairro Santa Quitéria – segundo Sidney, a maior loja de colchões do mundo.
São três mil m² repletos de colchões de todos os tipos e valores. Sem muito esforço é possível encontrar modelos de R$ 12 mil e R$ 30 mil. A precisão com que é criado cada “equipamento de dormir”, como Sidney gosta de definir, rendeu à marca um prestígio que poucas têm e que foi reconhecido em 2015, quando a empresa venceu o prêmio Ímpar – uma pesquisa realizada em parceria com o Ibope Inteligência que mede o Índice das Marcas de Preferência e Afinidade Regional – como o nome mais lembrado quando o assunto é loja de colchões.
Amante da filosofia “dormir cedo para acordar cedo” – reuniões às 7h30 da manhã na loja do Santa Quitéria são comuns –, o fundador da marca explica que tudo é produzido pela própria Maxflex, na fábrica da Cidade Industrial (CIC). No total, 70 funcionários trabalham com ele na CIC e nas cinco lojas em Curitiba – para 2017, há previsão de uma nova fábrica maior e ainda mais moderna. Juntas, as unidades garantem um faturamento anual que gira em torno de R$ 50 milhões.
Colchão como artigo de luxo
E pensar que tudo começou com uma loja de móveis em 1986, na Avenida República Argentina, sob o nome de Cidowal. Dois anos depois, foi inaugurada a primeira loja especializada em colchões, sob a alcunha de Ponto dos Colchões, rede que chegou a ter 13 unidades em Curitiba.
Foi a partir de 1994, quando Sidney e a esposa, a psicóloga Rosilene Paludeto Cury, adquiriram uma antiga fábrica de colchões que passaram a produzir seus próprios produtos e, no ano seguinte, registraram a marca Maxflex. “Ninguém no Brasil tem essa qualidade. O que existe é balela”, dispara o proprietário. Enquanto ele viaja, participa de feiras, vai atrás de referências e matérias-primas de qualidade, Rosilene é a responsável por pesquisar e estudar sobre a cultura do sono.
O trabalho do casal, agora somado ao do filho mais velho, Michel Pereira Gonçalves da Silva, traz uma expertise que garante à Maxflex um índice de aprovação mensal de 98% entre os clientes. Ao mesmo tempo, a empresa buscou, desde o início, oferecer uma qualidade de vida longa ao produto. Um dos mais novos lançamentos, o colchão de látex 100% natural, feito com matéria-prima orgânica e sustentável – o látex é fabricado a partir da seiva extraída dos seringais do Sri Lanka –, pode durar facilmente mais de 100 anos.
Exclusividade é outro fator que faz da Maxflex um sucesso nesses 30 anos. A empresa, inclusive, oferece o serviço de customização e já criou colchões para barcos de muitas pessoas. Sidney lembra um caso específico, de um cliente que queria um colchão de 2,60 m x 2 m para ele, a esposa e os três filhos dormirem juntos. E mesmo com esse jeito à la Dalton Trevisan, longe das câmeras e do mundo online, Sidney está sempre antenado e, de alguma forma, no lar de grande parte dos curitibanos.
*Matéria publicada originalmente na edição 193 da revista TOPVIEW.