Embaixadora de boas ações: Luciana Almeida, agosto de 2018
Pelo menos uma vez por semana, a casa da engenheira Luciana Almeida tem seus corredores e suas salas invadidos por um delicioso cheiro de comida. Mas o aroma da sopa ou do risoto nada tem a ver com as refeições da família que mora ali – eles serão a principal refeição, talvez a única do dia, de pessoas em situação de rua que ficam próximas à região da Praça 19 de Dezembro. Há um ano e meio, Luciana faz parte do projeto Aquecendo Corações, que prepara e serve refeições para a população carente da cidade.
Há três anos, o Aquecendo Corações já fazia a entrega de alimentos na Praça Tiradentes. Hoje, o projeto conta com a ajuda da FAS (Fundação de Ação Social de Curitiba), que disponibilizou um ônibus adaptado, no qual as refeições são consumidas. Luciana sempre teve vontade de trabalhar como voluntária, mas acabava adiando a ideia. “Até que um dia conheci a coordenadora do Aquecendo Corações”, lembra. “No dia seguinte, estava na praça ajudando o grupo e me apaixonei pelo projeto.” A seguir, ela conta, em entrevista à TOPVIEW, mais sobre essa história, sobre voluntariado e sobre empreendedorismo social.
Muitas pessoas associam o trabalho voluntário à doação de dinheiro. O que você pensa sobre isso?
Voluntariado, para mim, está ligado à doação de atenção, carinho e tempo para fazer o bem a outra pessoa. As pessoas necessitadas são carentes de tudo, mas, principalmente, de atenção. Para manter o nosso trabalho, temos a ajuda de doações que vêm principalmente de amigos e familiares. E temos a parceria de outros projetos voluntários, como o Brasil Sem Frestas, o Mini Gentilezas e o Dê Uma Chance.
Como é o convívio com as pessoas que você auxilia?
Criamos vínculo com algumas pessoas que servimos: sabemos suas histórias, dificuldades e alegrias.
“Voluntariado, para mim, está ligado à doação de atenção, carinho e tempo para fazer o bem a outra pessoa.”
O que diria para as pessoas que querem fazer trabalho voluntário, mas não sabem por onde começar?
Minha vida mudou muito, o envolvimento é diário. A entrega de sopa é feita duas vezes na semana, atendendo aproximadamente 400 pessoas. Fora isso, temos o planejamento do cardápio e a correria atrás de doações. Fornecemos sopa ou risoto, suco, pães e sobremesa.
O que essa experiência mudou na sua vida e na da sua família?
Minha família abraçou a causa junto comigo e cada um ajuda à sua maneira.
Quais foram as maiores dificuldades que você encontrou?
Minha maior dificuldade foi a resistência do meu marido, no que se refere ao perigo. Hoje, ele é a pessoa que mais me incentiva.
O que a motiva a não desistir?
Depois de encontrar o projeto certo, é difícil desistir. Temos um compromisso com as pessoas que nos esperam toda semana.
*Coluna publicada originalmente na edição 214 da revista TOPVIEW