Alta do dólar: qual influência a moeda norte americana tem sobre meus investimentos?
Os Estados Unidos são um país de influência no mundo todo, independentemente do setor em pauta. Por esse motivo, a variação do dólar impacta em diversos aspectos da economia mundial, entre eles, os investimentos.
Assim, é preciso saber exatamente a hora certa de comprar ou vender essa moeda para ter um rendimento melhor, de acordo com a volatilidade do curto prazo.
Para você entender como se posicionar no mercado diante dos acontecimentos atuais, Rodolfo Baggio, um dos sócios da Allez Invest, explica o cenário e sugere dicas para o sucesso dos investimentos.
Os investimentos impactados pela variação do dólar
- Fundos cambiais
De acordo com o especialista, esse tipo de investimento, geralmente, tem rendimento pré-fixado somado à variação cambial. “Isso significa que quando o dólar cai, o fundo tende a perder rentabilidade e vice-versa”, explica.
- Renda fixa
Esse investimento não é impactado diretamente, mas, na prática, quando o dólar está mais baixo, por exemplo, a inflação tende a ficar mais controlada. Dessa forma, a expectativa de juros cai e afeta negativamente a rentabilidade das aplicações como o Tesouro Direto, Tesouro IPCA, entre outros. De modo geral, Rodolfo afirma que essa variação “reflete na rentabilidade, não diretamente quando o dólar cai, mas em uma data futura, tende que o investimento seja menor.”
- Bolsa de valores
“Quando o dólar cai, a economia brasileira ganha força”, explica o sócio da Allez. Diante disso, existe uma certa tendência de que os papéis das empresas nacionais apresentem um melhor desempenho. Porém, de outro lado, temos as empresas importadoras e exportadoras: enquanto as importadoras se beneficiam da queda do dólar e sofrem com as altas, as companhias exportadoras seguem esta linha no sentido contrário.
- Fundos multimercados
Esses fundos possuem uma grande variedade de ações, títulos públicos, moedas e commodities. Então, geralmente, quando o dólar está em tendência de alta, como está agora, Rodolfo certifica que muitos desses fundos fazem uma locação atrelada ao dólar para se beneficiar e ter uma performance dentro do portfólio.
A desvalorização do real frente ao dólar
Muitas pessoas têm conhecimento sobre a desvalorização da moeda brasileira frente à moeda norte americana, mas, muitas vezes, não sabem o porquê isso acontece. São diversos fatores, entretanto, os processos que, geralmente, influenciam nessa desvalorização são as taxas de juros.
Quando elas sobem na economia brasileira, de acordo com Rodolfo, o investidor opta por investir aqui ao invés de aplicar nos Estados Unidos, tendo que o dinheiro vai rentabilizar melhor, já que os juros estariam menores no outro país. Com isso, cresce a presença de dólares no Brasil. “O investidor estrangeiro tira o seu dinheiro que está atrelado a uma renda fixa lá no exterior e injeta no nosso país”, explica. Isso faz com que derrube as cotações da moeda.
A balança comercial também é um ponto importante: como um todo, é a relação entre o total de importações e exportações. Para o especialista, quanto mais positivo for o saldo da balança comercial, ou seja, quando tem mais exportação do que importação, mais dólares terão entrado no país e menor o seu preço. Por falar em importação e exportação, o preço das commodities também é afetado pela variação da moeda norte americana e impacta no câmbio.
Neste período, também estamos passando por outros dois pontos relevantes, o risco país e a intervenção do Banco Central. O risco país representa o grau de estabilidade de uma nação, então, no nosso caso, quanto mais baixo o índice Brasil, mais investidores são atraídos e, consequentemente, mais circulação de dólares no mercado.
No caso do Banco Central, Rodolfo explica que, em uma tentativa de controlar a inflação, as taxas de juros e a variação cambial, ele pode injetar dólares no mercado ou retirar. Quando injeta, o valor da moeda tende a cair.
“A regra geral que o investidor tem que estar atento é a conhecida oferta e demanda. Quando há muito dólar disponível em determinado país, a moeda fica desvalorizada, por outro lado, a oferta baixa se valoriza”, reitera.
Quem ganha e quem perde com a alta do dólar?
De forma objetiva, o sócio afirma que quem ganha com o aumento do dólar são: empresas exportadoras (seus custos são em reais, mas as receitas em moeda norte americana), como empreendimentos de papel e celulose e as organizações do setor agrícola; empresas voltadas ao mercado interno também saem ganhando (ocorre o encarecimento de produtos importados e as mercadorias nacionais ficam com valores mais atrativos) e o turismo doméstico (a elevação do dólar permite que empresas brasileiras atreladas ao segmento turístico tenham resultados melhores, devido a preferência de tirar férias aqui do que em outros países).
Quem perde com a alta é quem está na última ponta: o consumidor final. “O aumento de custos dos produtos e serviços são repassados para nós, consumidores finais, então, na prática, faz com que o poder de compra diminua e ele vai adquirir menos com a mesma quantidade”, esclarece. Empresas importadoras saem prejudicadas, pois dependem da compra e venda de matérias-primas; produtos importados (indústrias químicas e farmacêuticas, por exemplo); empresas com dívidas em dólar e consumidores que gastam com cartão de crédito no exterior.
Para aumentar a segurança e tornar uma estratégia antifrágil da carteira, reduzir o risco e sempre diversificar o portfólio é a estratégia essencial para os investidores. De acordo com Rodolfo Baggio, investir somente no Brasil não é sinal de segurança. “Com o coronavírus, as pessoas estão percebendo que se elas separarem um percentual do portfólio para comprar uma bolsa americana, um índice, fundo cambial ou comprar até um fundo de renda fixa que tem ativos globais, ele pode se beneficiar ou fazer o hedge na carteira”, finaliza.
Este conteúdo é produzido por TVBC