PODER DE ESCOLHA: O luxo da vida saudável
A lembrança de mulheres caminhando sob o sol da tarde com suas sombrinhas coloridas, em uma dança frenética pelas ruas, protegendo-se do sol forte, em um tempo em que não se pensava em filtros solares para evitar os danos produzidos pela exposição à radiação solar. A imagem viva do meu avô em seu terno de alfaiataria bem cortado, acompanhado por um belo chapéu no tom das cores do seu costume bem escolhido para aquela ocasião, caminhando a passos largos com seus sapatos de cromo alemão, brilhando e produzindo um som de estalo do couro a cada passo.
Essas imagens, guardadas nos recônditos da memória, trazem ainda mais inspiração para reconhecer o belo e despertar no olhar o apreço pelo que é de bom gosto e se traduz em algo de elevada estima. Essa informação subliminar, que é transmitida de forma inconsciente no coletivo da humanidade, surgiu desde os primórdios da civilização humana, quando o homem, por meio do processo criativo, passou a utilizar suas mãos a fim de modelar a natureza, colocando com amor e persistência traços da sua autoria em objetos e serviços que transcendem o comum, o trivial do dia a dia. Esse, talvez, tenha sido o despertar do luxo na história humana.
Desde as obras monumentais da arquitetura e até os delicados objetos para vestir autoridades e celebrar momentos importantes à utilização de elementos que possuam significado, façam distinção e comprovem o esforço de ter destaque sobre o tradicional, tudo isso passou a ser algo revelador do desejo de superar limites e traduzir de forma material o significado de poder e valor sobre objetos e crenças das diversas civilizações que se tornaram ícones de luxo e poder.
O verdadeiro luxo nessa área encontra-se no poder da escolha, em que, de forma consciente e madura, buscamos uma adequação entre a beleza exterior e interior (…)
Quando observamos esses verdadeiros tesouros de estilo e produção de artistas, artesãos, enfim, dos profissionais que se dedicam a traduzir sua autoimagem em beleza e bom gosto dentro de parâmetros universalmente aceitos, podemos identificar algo considerado luxuoso, elegante e poderoso. Quando levamos esse conceito para a ciência médica, deparamo-nos com os desafios da natureza relacionados à biologia humana: ao contrário dos objetos inanimados, o corpo apresenta características que, sendo respeitadas, também permitem ser trabalhadas, no sentido de traduzir uma mudança estética que revele uma obra-prima com aspectos luxuosos.
No universo da cirurgia plástica, vivemos um “estado da arte”, em que podemos utilizar as técnicas cirúrgicas e as modernidades tecnológicas para transmitir o belo e os traços de juventude no contorno facial e corporal. Acredito que, além dessa questão direta em representar o luxo por meio dos procedimentos médicos exclusivamente com uma visão de melhora estética, podemos ir além e perceber a mudança produzida no âmbito emocional e, até mesmo, espiritual daqueles que atingem um reencontro com o seu “eu” interior, obtendo paz e alegria de viver e despertando para contemplar o belo e levar uma vida plena e de realizações.
O verdadeiro luxo nessa área encontra-se no poder da escolha, em que, de forma consciente e madura, buscamos uma adequação entre a beleza exterior e interior com foco em atingir um estado de beleza integral, em que os resultados transcendem aquilo que apenas os olhos podem reconhecer: o luxo de ser completo e livre para viver uma vida saudável.
*Matéria originalmente publicada na edição 228 da revista TOPVIEW.