FASHION

Nova comunicação de moda

Em meio ao caos, o editorial de moda remoto torna-se uma alternativa. No entanto, será que ele é capaz de substituir o trabalho presencial?

Aprendemos por meio das experiências que vivenciamos. Isso acontece para todos. O que tenho aprendido nessa pandemia? Bom, inúmeras coisas. Mas, em termos de moda, vive-se uma constante mudança. E, quando se fala de styling, precisamos sempre estar à frente do que acontece para poder prever os modelos de consumo
e traduzir isso em imagem.

Com a Covid-19, o mundo editorial parou porque apenas conhecíamos a fotografia de moda presencial, com toda a equipe reunida, funcionando como uma sinfonia incrível em que cada um sabia como orquestrar seu trabalho e que o todo funcionava. Contudo, como não podemos mais nos encontrar nem estar em grupo ou sair de casa, foi preciso fotografar por FaceTime.

Não sei dizer ao certo quem teve essa ideia – porém, ainda bem que teve –, mas vários fotógrafos ao redor do mundo deram seus cliques experimentais e, com isso, pudemos, também, ver uma solução. Dessa forma, fizemos um editorial remoto para a edição passada da TOPVIEW. Ele foi extremamente pensado e traduzido para que tivesse um mood de casa.

“O consumo nunca vai deixar de existir, mas ele será modificado e, com isso, as marcas também vão precisar se reinventar (…)”

Por isso, pensamos em looks que pudessem ser usados nas situações que temos vivido, sempre visando ao conforto: reunião online, jantar em casa com família, pijama, roupão de banho e pantufas. Como a vida está sendo dessa maneira, não tínhamos como trazer uma realidade que não fosse a nossa para ilustrar. Não cabia, nesse momento, ter glamour que não fosse real, já que o mundo pede por naturalidade.

Outro elemento que achei muito importante trazermos foi o mix de peças da própria modelo para compor o styling, porque, sim, vamos pensar o consumo de outra maneira e olhar para o nosso closet vai fazer parte do dia a dia das pessoas ainda mais do que já fazia antes. As pessoas vão se perguntar se precisam de fato de mais uma peça. O consumo nunca vai deixar de existir, mas ele será modificado e, com isso, as marcas também vão
precisar se reinventar, assim como os stylists.

Não acho que fotos feitas a distância serão recorrentes, porque, por mais que o processo tenha sido muito interessante e divertido – além de desafiador –, o resultado é bem diferente do que temos com uma equipe com todos os profissionais reunidos no mesmo espaço físico. Acredito que seja uma alternativa que não substitui o
tradicional. Também penso que não exista melhor ou pior e, sim, o que pode funcionar para cada estilo de foto.

Evoluir é não parar. É estar atento para perceber sinais de comportamento e criar soluções para vivermos cada vez melhor como coletivo.

*Coluna originalmente publicada na edição #237 da revista TOPVIEW.

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